Três são condenados à prisão por roubo de moeda gigante
20 de fevereiro de 2020
Dois dos condenados são membros de um clã de origem libanesa. Quarto acusado foi absolvido por falta de provas. Roubo de objeto de 100 quilos de ouro do Museu Bode chamou atenção do mundo.
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Três dos quatro acusados pelo roubo espetacular de uma moeda de ouro de 100 quilos do Museu Bode, de Berlim, foram condenados à prisão nesta quinta-feira (20/02).
O tribunal distrital de Berlim impôs uma pena de quatro anos e seis meses a dois dos réus e três anos e quatro meses de prisão a um terceiro, de 21 anos, que trabalhava como segurança do museu e que forneceu informações sobre os sistemas de alarme do lugar. O quarto réu foi absolvido.
A juíza Dorothee Prüfer condenou os primos Wissam R., de 23 anos, e Ahmed R., de 21 anos, por envolvimento direto no roubo, ocorrido em 27 de março de 2017. Os dois homens também foram condenados a pagar 3,3 milhões de euros, que seria o valor do ouro da peça roubada, segundo o tribunal.
Parte dos jovens são membros de um clã de origem libanesa que mora em Berlim e que já foi alvo da polícia em outras ocasiões.
Os promotores reivindicaram sentenças de prisão entre cinco e sete anos para os quatro homens. No entanto, Wayci R., irmão de Ahmed, foi absolvido por falta de provas. Dessa forma, permanece uma incógnita a identidade do terceiro indivíduo envolvido diretamente no roubo.
A denúncia apontou que o trio entrou de madrugada no museu, através da janela de um vestiário, onde sabiam não haver alarme. Em seguida, os ladrões se dirigiram até uma sala em que eram guardadas coleções de moedas. No local, quebraram um mostrador e pegaram a enorme moeda de ouro com a imagem da rainha Elizabeth 2°, conhecida como "Big Maple Leaf". Ela foi colocada sobre um skate e levada para o vestiário, cuja janela tinha saída para os trilhos de uma linha de trem metropolitano.
A ação foi filmada pelas câmeras de segurança do museu – que gravaram três homens mascarados entrando no prédio. Depois, os ladrões levaram a pesada moeda num carrinho de mão e a embarcaram num automóvel.
Partículas de ouro foram encontradas em carros, apartamentos e roupas da família, o que, segundo investigadores, seria um indício de que a moeda foi quebrada. A peça continua desaparecida.
O valor estimado do objeto era de 3,75 milhões de euros (cerca de R$ 16 milhões). A moeda entrou no Livro Guinness dos Recordes por sua inigualável pureza de 999,99/1000 de ouro. A polícia suspeita que a moeda, de 53 centímetros de diâmetro e três centímetros de espessura, tenha sido partida em pedaços, derretida e depois vendida no mercado negro, na sequência do roubo bem-sucedido. Também é possível que partes ainda se encontrem escondidas.
Além disso, foi descoberto DNA dos ladrões em vários objetos no museu. "A família R. não é totalmente inexperiente na prática de crimes", acrescentou a juíza, observando que o clã de origem libanesa continua atraindo atenção por atuar no universo do crime organizado.
A "Big Maple Leaf" era uma peça comemorativa cunhada pela Royal Canadian Mint. A casa da moeda canadense produziu seis peças do modelo em 2007; uma delas estava desde 2010 no gabinete de moedas do Bode Museum, como empréstimo de um colecionador privado.
Apesar do final deste julgamento, o roubo da moeda de ouro continuará ocupando o judiciário de Berlim: na sexta-feira, começa uma disputa judicial entre o proprietário e a companhia de seguros, que, segundo o tribunal regional, até agora pagou apenas uma compensação parcial.
Os mais espetaculares roubos de obras de arte da história
Armados, disfarçados de policiais ou de turistas, ladrões entraram para a história ao roubar valiosas pinturas e objetos de museus – da "Mona Lisa" a uma moeda de ouro de 100 quilos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Van Weel
Quando o sorriso de Mona Lisa desapareceu
Em 1911, o retrato feminino mais famoso do mundo – "Mona Lisa", de Leonardo da Vinci – foi roubado. Um jovem italiano, Vincenzo Peruggia, furtou a imagem do Louvre depois de se vestir como um empregado do museu parisiense e esconder a obra debaixo do casaco. A pintura reapareceu em 1913, após um comerciante de arte denunciar Peruggia à polícia.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
A pintura mais roubada
O retrato de "Jacques 3º de Gheyn", de Rembrandt, foi roubado quatro vezes da Dulwich Picture Gallery, no Reino Unido, em 1966, 1973, 1981 e 1986. Por isso, a pintura também é conhecida como "o Rembrandt para viagem". Também após o último roubo, a obra de arte felizmente foi recuperada.
Foto: picture-alliance/akg-images
Misterioso roubo em Boston
Em 1990, o roubo de 13 pinturas do Museu Isabella Steward Gardner, em Boston, nos EUA, atraiu a atenção internacional. Dois homens disfarçados de policiais invadiram o prédio e roubaram, entre outras obras de arte, "Chez Tortoni", de Édouard Manet, e "O Concerto" (foto), de Jan Vermeer. Até hoje, as molduras, sem os quadros, permanecem penduradas no local.
Foto: Gemeinfrei
O roubo espetacular de pinturas de Van Gogh
Em 1991, sem ser notado, um homem se fechou num banheiro do Museu Van Gogh, em Amsterdã, e roubou 20 pinturas com a ajuda de um supervisor. Entre elas, estavam o "Autorretrato diante do cavalete" (foto). No entanto, a polícia conseguiu recuperar as obras roubadas apenas uma hora depois, no veículo usado na fuga. Depois de alguns meses, os ladrões foram presos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Van Weel
"Virgem do fuso" desaparecida
A pintura de Leonardo da Vinci, avaliada em até 70 milhões de euros, foi roubada em 2003 de um castelo na Escócia. Dois ladrões, que entraram na exposição como turistas, dominaram o guarda do Castelo de Drumlanrig e fugiram com a obra. A imagem ficou desaparecida por quatro anos. Somente em 2007 ela foi recuperada após uma batida policial realizada em Glasgow.
Foto: picture-alliance/dpa
Roubo armado no Museu Munch
Em 2004, "O grito" e "Madonna", do expressionista Edvard Munch, foram roubadas em Oslo. Dois criminosos armados invadiram o Museu Munch e furtaram as obras diante de várias testemunhas. Durante uma busca, a polícia recuperou as duas pinturas. Porém, o estado de "O grito" era tão ruim que o quadro não pôde ser totalmente restaurado.
Foto: picture-alliance/dpa/Munch Museum Oslo
Roubo milionário na Suíça
Em 2008, ladrões armados roubaram quatro pinturas no valor de 180 milhões de francos suíços do museu privado Fundação Coleção Emil G. Bührle, em Zurique: "Rapaz de colete vermelho", de Paul Cézanne; "Conde Lepic e suas filhas", de Edgar Degas; "Amendoeira em flor", de Vincent Van Gogh; e "Campo de papoulas perto de Vétheuil" (foto), de Claude Monet. Todos foram recuperados.
Foto: picture-alliance/akg-images
Moeda de ouro de 100 quilos em Berlim
Em março de 2017, uma moeda de ouro de 100 quilos, com valor nominal de 1 milhão de dólares, foi roubada do Museu Bode, em Berlim. Os ladrões provavelmente usaram uma escada para entrar no edifício. A moeda, chamada de "Big Maple Leaf", é originária do Canadá, tem 53 centímetros de diâmetro e três centímetros de espessura. Na parte frontal, ela traz o retrato da rainha Elizabeth 2ª.
Foto: picture-alliance/dpa/F.May
2019: Roubo na Abóbada Verde em Dresden
Três conjuntos de joias foram roubados no museu Grünes Gewölbe (Abóbada Verde), no Palácio Real em Dresden, em 25 de novembro de 2019. Investigações iniciais apuraram que os ladrões entraram por uma janela e quebraram as vitrines, como mostra um vídeo.