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Trabalho e filhos: um ou outro?

Monika Lohmüller (ns)21 de agosto de 2003

Se na Alemanha continuar aumentando o número de mulheres que trabalham, a natalidade diminuirá mais ainda. Na Escandinávia, porém, a situação é diferente.

Combinar trabalho e filhos é difícil na Alemanha e em vários paísesFoto: Bilderbox

As mulheres alemãs gozam de uma boa escolaridade e formação profissional. Por esse lado, não haveria motivo para afastar-se do mercado de trabalho. No entanto, continua sendo difícil combinar emprego e família. E isso está relacionado com a dramática queda da natalidade na Alemanha. O constante aumento do trabalho feminino vem acompanhado de um menor número de nascimentos no país, constatou um estudo do Instituto da Economia Alemã (IW).

Desde 1974, aumentou em 25% o número de mulheres no mercado de trabalho. A porcentagem saltou de 47% da população feminina economicamente ativa para 59%. A mulher de hoje quer exercer uma profissão e fazer carreira, e não apenas ter filhos.

Mas de acordo com o estudo, as que hoje estão na faixa dos setenta anos criaram em média 2,2 filhos. Deste grupo, menos da metade chegou a trabalhar quando tinha de 30 a 40 anos. Três décadas depois, a situação mudou bastante. Agora que cerca de 60% trabalham, a média de filhos é de 1,4.

Compatibilidade problemática

A compatibilidade de profissão e família continua sendo problemática na Alemanha, mas em outros países a situação não é muito diferente. Na Grécia, por exemplo, a média de crianças por mulher é ainda menor: 1,3.

O estudo explica isso da seguinte maneira: como em outros países do sul da Europa, na Grécia cabe tradicionalmente ao homem manter a família. Mas, diante da renda bastante baixa, as mulheres vêem-se obrigadas, em número cada vez maior, a buscar uma ocupação para complementar o orçamento. E há poucas creches e jardins-de-infância. Maior trabalho feminino, portanto, não é sinal de emancipação.

E, na França, é provável que muitas mulheres só prefiram dedicar-se integralmente à família porque ganhariam muito menos do que os homens.

Escandinávia – um modelo?

Na Suécia, Dinamarca, Finlândia ou na Austrália, a situação é bem diferente. Na Escandinávia, por exemplo, de cada grupo de cinco mulheres nascidas em 1945, quatro tiveram trabalho na faixa dos 30 aos 40 anos. E as últimas gerações mantiveram essa tendência.

Estudos da OCDE (Organização de Cooperação e Segurança na Europa) confirmam que o Estado e as empresas procuram facilitar a vida das funcionárias com filhos, de modo a evitar que a mulher tenha que escolher ou uma coisa ou outra.

Destaca-se, entre outros aspectos, um sistema muito bom de atendimento infantil, que "traz uma série de conseqüências positivas", constata Susanne Seyda, a autora do estudo do instituto com sede em Colônia. "Quando aumenta o índice de mulheres que trabalham na Escandinávia, então a taxa de natalidade não cai tão acentuadamente como aconteceria na Alemanha."

A tradição e igualdade de direitos

Foto: Bilderbox

No entanto, não é apenas por falta de creches e jardins que nascem menos crianças na Alemanha. Tanto na Alemanha como em outros países da Europa Ocidental, por tradição as mulheres continuam se encarregando principalmente da casa e da educação dos filhos, enquanto os homens ganham o sustento da família.

"Isso já mudou nos países escandinavos", expõe Susanne Seyda. "Ali, a igualdade de direitos entre os sexos já é bem mais pronunciada, mesmo que as mulheres continuem fazendo a maior parte do trabalho doméstico."

O temor de contar com menos dinheiro para viver e de uma interrupção na carreira desempenha um papel fundamental na decisão das mulheres que optaram por não ter filhos. Esse é o caso de 40% das catedráticas e professoras no ensino superior. O pequeno número de empregos de meio expediente também constitui mais um senão.

Sociedade precisará do trabalho feminino

Diante do envelhecimento da população alemã, essa tendência é preocupante. Afinal, a mão-de-obra feminina é imprescindível para o mercado de trabalho na Alemanha, diz Susanne Seyda, ressaltando que sua importância tornar-se-á cada vez maior.

"Nos próximos 20 a 50 anos, não só diminuirá o número de habitantes, como o potencial dos que constituem a população economicamente ativa. A sociedade, por isso, precisará mais do que nunca do trabalho feminino, de mão-de-obra qualificada para manter a produção e a prestação de serviços na Alemanha."

Mas por causa das dificuldades em combinar profissão e família, o índice de natalidade deve continuar em queda. A conseqüência é que, a médio prazo, o envelhecimento da sociedade será mais acentuada ainda.

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