Publicado 11 de abril de 2017Última atualização 30 de março de 2024
Na Alemanha, café da manhã do domingo de Páscoa costuma incluir uma "hefezopf". Com ou sem recheio, pão doce trançado pode ser apreciado com manteiga e geleia e costuma ser decorado com ovos coloridos.
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Na Alemanha, a Páscoa é um acontecimento quase tão grande quanto o Natal. Mais de um mês antes da data, os supermercados se enchem de coelhos, ovos e ovelhas de chocolate, e lojas vendem artigos de decoração com os mesmos motivos. Além da Sexta-feira Santa, há mais um dia de feriado por aqui, a Ostermontag (segunda-feira de Páscoa), o que significa que as famílias têm mais tempo de se reunir e, é claro, sentar à mesa juntas.
A Sexta-feira Santa é dia de comer peixe, assim como no Brasil. No domingo de Páscoa é comum preparar pratos com cordeiro, e muitas famílias fazem um longo café da manhã ou brunch antes de distribuir os ovos de chocolate.
Além da tradição de pintar ovos cozidos – aqui há uma tinta específica para isso – e da Osterlamm (cordeiro pascoal), um bolo em formato de cordeiro, é tradicional servir pela manhã uma hefezopf ou osterzopf – um pão doce em forma de trança.
A receita básica, coberta de açúcar, pode ser comida com manteiga ou geleia. Há variações com cobertura de amêndoas ou recheio de passas, chocolate, marzipã, damasco, entre outros. Por causa do fermento biológico fresco, a massa fica fofa e aerada. Ela é pincelada com ovo antes de ir ao forno, o que lhe dá um belo aspecto dourado.
A hefezopf costuma ser preparada no dia antes da Páscoa, assim como os ovos cozidos e coloridos, que são muitas vezes usados para decorar a trança. O pão doce também é muitas vezes servido no Ano Novo. Aprenda a receita clássica:
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Ingredientes
250 ml de leite
20 g de fermento biológico fresco
75 g de açúcar
1 ovo
1,5 colher (chá) de sal
500 g de farinha de trigo
75 g de manteiga
2 colheres (sopa) de açúcar cristal
Modo de preparo
Aquecer o leite até ficar morno. Despedaçar o fermento numa tigela pequena e misturar bem com um pouco do leite morno e o açúcar. Bater o ovo. Levar 3 colheres de sopa do ovo batido à geladeira num recipiente coberto.
Acrescentar o restante do ovo batido, o restante do leite, o sal e a farinha à mistura de fermento e bater na batedeira em velocidade baixa por cerca de 3 minutos. Aumentar a velocidade e bater por mais cinco minutos. Acrescentar a manteiga em cubos aos poucos e bater por mais cinco minutos até obter uma massa homogênea. Se desejar, acrescentar passas ou gotas de chocolate à massa.
Cobrir a tigela com a massa com um pano de prato úmido e deixar descansar em temperatura ambiente por uma hora.
Trabalhar a massa sobre uma superfície levemente enfarinhada. Dividi-la em três e deixar descansar coberta por mais dez minutos.
Com os três terços de massa formar três rolos de cerca de 40 cm de comprimento cada. Trançá-los sem apertar muito. Colocar a trança sobre uma fôrma coberta com papel-manteiga, cobri-la e deixar descansar por mais 45 minutos.
Pincelar a trança com o ovo resfriado. Polvilhar com o açúcar cristal (e com lascas de amêndoas, se desejar) e assar em forno preaquecido a 200 °C por 25 minutos. Se estiver ficando dourado muito rapidamente, cobrir com papel alumínio nos últimos dez minutos.
A Páscoa na Alemanha
Celebrações unem tradição religiosa a costumes pagãos: há desde procissões até competições com ovos coloridos. A Páscoa também é usada como oportunidade para protestar pelo meio ambiente.
Foto: Imago
Religião e tradição
A Páscoa é, ao lado do Natal, a comemoração mais importante do calendário cristão. Mas os símbolos e costumes mais conhecidos da festa nem sempre possuem um caráter religioso. Ao longo dos anos, ovos, coelhos e cordeirinhos da Páscoa se tornaram populares, e a tradição se mesclou a costumes pagãos. A Páscoa enquanto celebração da ressurreição de Jesus Cristo é cada vez menos conhecida na Alemanha.
Foto: st-fotograf - Fotolia.com
Quinta-feira Santa
Nesse dia, a Igreja católica relembra a última ceia que Jesus celebrou com seus discípulos. Ele partiu o pão e bebeu com todos do mesmo cálice. O ritual da Eucaristia se tornou a cerimônia central das missas e foi também imortalizado na arte e nos hinos religiosos.
Foto: imago stock&people
Sexta-Feira da Paixão
É quando os cristãos relembram a morte de Jesus. Em algumas comunidades religiosas, fiéis realizam procissões que representam a Via Sacra. Na Igreja Católica, a Sexta-Feira Santa é um dia de abstinência. Na Alemanha, algumas comunidades preservam a quietude neste dia, inclusive restringindo horários de baladas. Não é permitido comer carne, pois lembra o sofrimento do corpo de Cristo.
Foto: picture-alliance/dpa
Ovos de páscoa
Para cristãos ou não, não existe Páscoa sem ovos coloridos. No domingo, os pais escondem os ovos para que as crianças os procurem. Para os cristãos, o ovo de Páscoa simboliza a ressurreição de Jesus. Na Idade Média, além da carne, a Igreja proibia aos fiéis comer ovos durante a Quaresma. Para não estragar, eles passaram a ser cozidos e enfeitados e, também, dados como presente.
Foto: Fotolia/anoli
Coelho da Páscoa
Do ponto de vista biológico, não faz sentido que o coelho traga o ovo de Páscoa. Mas ele combina com essa época do ano, já que é considerado um mensageiro da primavera. O animal também é símbolo da fertilidade por se reproduzir de forma numerosa. Séculos atrás, se acreditava que também galos e cegonhas carregassem dádivas.
Foto: picture-alliance/ZB
Cordeiro da Páscoa
O cordeiro da Páscoa tem origem no ritual judaico de sacrifício do animal, que faz uma referência ao êxodo dos judeus do Egito. No cristianismo, o cordeiro é o símbolo do sofrimento de um inocente: Jesus. Na Alemanha, é tradicional este bolo em forma de cordeiro.
Foto: Fotolia/Thomas Geuking
Vela pascal
Originalmente, as velas iluminavam a missa da noite de Páscoa. A luz representa a revelação da ressurreição de Cristo para os fiéis, e a vela simboliza a vitória de Jesus sobre a morte. Com a vela pascal, todas as outras são acesas. É dessa maneira que a simbologia da iluminação cristã é repassada.
Foto: AFP/Getty Images
Fogueira
O costume de acender uma fogueira na Páscoa já era conhecido entre os povos germânicos. Segundo a tradição, as chamas espantavam não apenas as privações do inverno, mas também fantasmas e demônios. O brilho das chamas também poderia trazer sorte. Hoje, a fogueira pascal é acesa sobretudo por famílias e moradores de pequenas vilas, que celebram a data juntos.
Foto: picture-alliance/dpa
Sinos e chocalhos
No domingo, os sinos das igrejas anunciam em alto tom a ressurreição de Cristo. Nas igrejas católicas, eles ficam em silêncio desde a Quinta-feira Santa. Depois, apenas os "Osterratschen" – espécie de chocalho de madeira – podem ser tocados. Por isso, em algumas regiões, crianças saem às ruas tocando o instrumento e batendo palmas para convocar os fiéis à missa e às orações.
Foto: picture-alliance/dpa
Água pascal
Alguns costumes, como o de buscar a água pascal, estão quase extintos. Na noite anterior ao domingo de Páscoa, mulheres jovens colhem água no rio. A água pascal é considerada um símbolo de vida: conserva a juventude e a beleza, e protege a fertilidade, desde que se mantenha silêncio na ida e na volta. Esse costume ainda existe entre as minorias eslavas da Sérvia que vivem no leste da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Competição de ovos
A brincadeira de bater um ovo no outro ocorre em diferentes regiões da Alemanha. Trata-se de um dos jogos populares prediletos no café da manhã de Páscoa, especialmente na Baviera e na região do Reno. Ganha quem permanece mais tempo com o ovo intacto. O costume não tem fundo religioso.
Foto: picture-alliance/dpa
Caminhada
O que hoje os alemães praticam para ajudar na digestão do farto almoço de Páscoa, tem longa tradição. Depois do longo inverno europeu, neste passeio as pessoas saem para contemplar a primavera e o desabrochar das flores. O costume foi imortalizado por Goethe no romance "Fausto". Hoje, igrejas e clubes organizam a tradicional caminhada pascal.
Foto: picture-alliance/dpa
Marchas
A primeira marcha da páscoa alemã ocorreu em 1960. Desde então, se tornou uma grande tradição no país. Inicialmente, os participantes protestavam contra os planos do exército alemão de adquirir armas atômicas durante a Guerra Fria. Hoje em dia, grupos que lutam pela paz e ativistas do meio ambiente participam dos protestos.