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Tragédia asiática mobiliza solidariedade alemã

gh31 de dezembro de 2004

A catástrofe na Ásia suscitou uma grande onda de solidariedade na Alemanha. As organizações humanitárias já angariaram mais de 10 milhões de euros em donativos privados. Mas os alemães doam também em outros casos.

Embarque de mantimentos para o Sudão no aeroporto de BerlimFoto: AP


A campanha chamada "Aktion Deutschland Hilft" (Ação 'A Alemanha Ajuda') já conseguiu juntar um total de sete milhões de euros. A Cruz Vermelha Alemã, mais de três milhões. Todo esse dinheiro é proveniente de doações privadas, destinadas especificamente a ajudar as vítimas da tragédia no Oceano Índico.

Tal tipo de solidariedade não é nada de novo na Alemanha. Apesar de enfrentarem uma estagnação econômica e terem fama de mão fechada, os alemães têm um coração generoso: doam mais de dois bilhões de euros por ano para atividades filantrópicas.

Pelo menos 40% dos alemães se preocupam com o sofrimento de pessoas necessitadas no país e no exterior. E não ficam apenas filosofando sobre a pobreza ou tragédia alheia. Anualmente, doam mais de dois bilhões de euros, a maior parte para entidades de ajuda humanitária.

O volume das doações particulares corresponde, por exemplo, ao orçamento anual do Ministério alemão das Relações Exteriores. Só no terceiro trimestre de 2004, totalizaram cerca de 400 milhões de euros. Em 2003, foram 2,3 bilhões de euros.

A grande generosidade dos alemães nas últimas férias de verão surpreendeu o presidente do Conselho Alemão de Doações (CAD) em Berlim, Willi Haas. "Normalmente, há um forte aumento nas vésperas do Natal", diz.

Por encomenda do CAD, a Sociedade de Pesquisa de Consumo (GfK) traçou pela primeira vez um perfil dos doadores alemães. Foram entrevistadas 10 mil pessoas acima de dez anos de idade. Doações empresariais e heranças não foram consideradas pela pesquisa.

Quem doa quanto

Com traje de Reis Magos, crianças alemãs fazem coleta para projetos sociais no Terceiro MundoFoto: AP

Os dados revelam que três quartos das doações destinam-se à ajuda humanitária. Os 25% restantes vão para outras atividades filantrópicas, como a proteção ao meio ambiente, aos animais e ao patrimônio histórico. Cerca de 10% do volume coletado vem na forma de mantimentos, o restante em dinheiro.

Estatisticamente, cada doador desenbolsou 66,00 euros no ano passado para obras de caridade. A agência GfK constatou um desnível Norte-Sul da generosidade alemã. Mais de 40% do volume total veio dos Estados da Baviera e de Baden-Württemberg, onde cada habitante doou, em média, 9,35 euros. Nos novos Estados alemães (território da ex-RDA), essa média foi de 3,99 euros por pessoa.

Segundo a GfK, quanto mais idoso o doador, mais generoso ele é. "Pode ser que isso tenha a ver com consciência histórica mais aguçada dos idosos, ou simplesmente porque dispõem de mais bens", diz Bernd Beder, diretor executivo do CAD. As mulheres doam com maior freqüência do que os homens, mas em quantias menores. "Em relação à renda, os pobres doam mais que os ricos", diz Beder

Na divisão do bolo, as igrejas e comunidades religiosas levam a maior fatia (29,5%), seguidas pela organização Kinderhilfe (Ajuda à Infância), com 26,5%, e auxílio de emergência e em situações de catástrofe, com 20,9%. Na Alemanha existem em torno de 500 mil associações e cerca de 12 mil fundações registradas que podem receber doações e conceder recibos para abatimento no imposto de renda.

Amansar o leão

Segundo o Departamento Federal de Estatísticas, desta forma, no ano passado, 7,5 milhões de contribuintes conseguiram reduzir o imposto devido. "Talvez essa seja a explicação porque as doações aumentam na época do Natal. Em geral, nessa época se prepara a papelada para a declaração do imposto de renda e se nota que um recibo de doação faria bem", diz Thomas Hofmann, funcionário da Receita Federal em Colônia.

As organizações de ajuda humanitária reforçam apelos às doações durante o Advento. Um exemplo é a campanha da Adveniat, organização da Conferência Episcopal da Alemanha, que culmina com uma coleta no dia do Natal. O fundo constituído com essas doações é destinado a ajudar a evangelização nos países da América Latina e financia muitos projetos ao longo do ano, também no Brasil.

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