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Tragédia na Ucrânia alerta sobre rotas aéreas em zonas de conflito

Jennifer Fraczek (ca)20 de julho de 2014

Questão econômica determina, em primeira linha, rotas aéreas escolhidas pelas companhias de aviação civil. Mas, em caso de perigo, pilotos podem se negar a sobrevoar determinadas regiões.

Foto: Reuters

Air France, British Airways, Singapore Airlines e outras companhias aéreas não sobrevoam, já há bastante tempo, a região de conflito no leste da Ucrânia. Outras empresas, como a alemã Lufthansa, mudaram as suas rotas para a Ásia somente depois da queda do Boeing-777 da Malaysia Airlines, que provavelmente foi abatido, provocando a morte de quase 300 pessoas.

As companhias trocaram suas rotas porque, atualmente, o espaço aéreo no leste da Ucrânia foi oficialmente fechado. É incomum que uma região tão vasta não seja mais sobrevoada por aviões de passageiros. O espaço aéreo mundial está liberado em quase sua totalidade.

Última palavra é do piloto

Mas a questão é se uma região pode ser sobrevoada – mesmo numa zona de conflito – somente porque é permitido. Para as empresas, essa decisão é baseada no discernimento entre segurança e rentabilidade.

O jornalista e especialista em aviação Tim van Beveren acredita que, para economizar, muitas companhias aéreas aceitam correr riscos evitáveis. "Infelizmente, na aviação, tudo sempre gira em torno do fator dinheiro", afirma o especialista em entrevista à Deutsche Welle.

As companhias aéreas estão sempre de olho nos custos, querendo voar pelo caminho mais curto entre A e B. Mas, nesse contexto, segundo Van Beveren, a tripulação tem voz. "Pilotos sempre podem dizer que não aceitam a rota sobre determinada zona de conflito", conta.

Avião que caiu na Ucrânia estava a caminho de Kuala LumpurFoto: Reuters

Ken Thomas, da organização europeia para a segurança do tráfego aéreo, Eurocontrol, confirma que, na escolha da rota, a última palavra é do piloto. Em caso de tempestade ou outra ameaça aguda, uma decisão de mudança não implica, certamente, em nenhum problema.

Mas pilotos precisam ter sempre boas razões para argumentar, perante o empregador, a decisão de não voar sobre determinada região. Segundo o piloto da Lufthansa Jörg Handwerg, nesse caso, é preciso ter bons argumentos, sobretudo quando esse percurso é feito por outros colegas ou outras companhias aéreas.

Espaço aéreo livre

A decisão sobre a segurança de um espaço aéreo cabe, em princípio, ao país a quem pertence essa região. Nesse caso, se o governo ucraniano tivesse constatado perigo, a Ucrânia deveria, portanto, ter fechado a área para aeronaves civis. Na verdade, já antes da queda do MH17, era proibido sobrevoar esse local em uma altura inferior a 10 mil metros. Entretanto, voos em altitude superior eram permitidos.

Devido às lutas em solo, houve advertências de não sobrevoar os aeroportos do leste ucraniano, explicou Handwerg, que também faz parte da diretoria do sindicato de pilotos Cockpit. "No entanto, uma ameaça a um voo acima de 10 mil metros de altura não era reconhecível, até porque aviões de passageiros não são alvos em tais conflitos", reforça.

Handwerg tira a seguinte conclusão da catástrofe: "futuramente, nós pilotos questionaremos, ainda mais, quais espaços aéreos e aeroportos utilizaremos e quais deveremos evitar."

Para Hardwerg, as rotas serão mais questionadas no futuroFoto: Reuters

O sindicato Cockpit rejeita categoricamente que aviões civis sobrevoem regiões de conflito. "Se não for possível evitar, as máquinas devem ser equipadas com tecnologia de defesa, como conhecemos das aeronaves militares", exige o piloto da Lufthansa.

Perigo para aeronaves e regiões

Handwerg também disse estar preocupado com o fato de todos poderem facilmente identificar a localização de qualquer aeronave, além da altitude e da velocidade em que ela está voando. "Os dados do voo são enviados sem nenhum tipo de criptografia para o controle em terra. Assim, estamos entregando, gratuitamente, informações a potenciais terroristas, fazendo-nos vulneráveis", argumenta.

Ainda não foi definitivamente comprovado se o Boeing 777 da Malaysia Airlines foi realmente abatido em seu caminho de Amsterdã para Kuala Lumpur. No entanto, é improvável que isso tenha ocorrido intencionalmente.

O especialista em aviação Van Beveren chama atenção para outro país que pode ser perigoso para aviões de passageiros: Israel. "Ali há um grande volume de tráfego aéreo. E também há combates e sistemas de armamentos em ação que poderiam atingir aeronaves em procedimento de pouso. Facilmente, um avião civil pode ser transformado em alvo", declara o especialista.

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