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Indignação por ida de terrorista grego para prisão de luxo

6 de agosto de 2018

Ex-líder de grupo de extrema esquerda que assassinou 23 pessoas sai de presídio de segurança máxima e vai para prisão agrícola com menos restrições. Washington, Ancara e familiares de vítimas condenam decisão de Atenas.

Dimitris Koufontinas
Dimitris Koufontinas cumpre 11 sentenças de prisão perpétuaFoto: Reuters/C. Baltas

A transferência de um terrorista grego de extrema esquerda, condenado à prisão perpétua por uma série de assassinatos, para uma prisão de segurança mínima considerada de luxo gerou indignação de familiares de suas vítimas e foi condenada pelos governos turco e americano.

Aos 61 anos, Dimitris Koufodinas, que foi líder do dissolvido grupo terrorista de esquerda 17 de Novembro, foi transferido do presídio de segurança máxima Korydallos, próximo a Atenas, para uma prisão agrícola perto de Volos, na região central da Grécia.

Centros de detenção do tipo são considerados "prisões abertas", com presidiários gozando de maior liberdade de movimento na propriedade, que inclui campos de cultivo e unidades de criação de gado onde eles trabalham.

O governo de esquerda do país defendeu a transferência – autorizada em resposta a um pedido de Koufodinas, de 61 anos – afirmando que não se trata de tratamento privilegiado.

"Ele vai continuar a cumprir sua pena normalmente", disse o Ministério da Justiça em comunicado. "Um grande número de presidiários cumprindo sentenças de prisão perpétua é mantido em prisões agrícolas, e isso não criou problemas até agora."

Heather Nauert, porta-voz do Departamento de Estado americano, lamentou a decisão do governo grego no Twitter, temendo que, assim, a figura mítica de Koufodinas possa inspirar uma nova geração de terroristas no país, que tem histórico de violência política.

"Tomamos conhecimento de que o terrorista grego Dimitris Koufodinas foi transferido para uma prisão agrícola com restrições mais leves. Ele assassinou 11 pessoas, incluindo funcionários do governo americano e está inspirando a próxima geração de terroristas. Condenamos nos mais fortes termos licenças ou qualquer alívio de seu tempo de prisão", escreveu.

Em junho, a embaixada dos Estados Unidos em Atenas emitiu um comunicado condenando uma liberdade temporária de 48 horas concedida a Koufodinas após ele fazer uma greve de fome de duas semanas em protesto contra a recusa inicial de seu pedido de transferência.

O governo turco, por sua vez, afirmou que a transferência de Koufodinas mais uma vez fortaleceu as dúvidas de Ancara quando ao sistema judicial na Grécia. A recente recusa de Atenas em extraditar oito militares turcos acusados de terrorismo gerou tensões entre ambos os países.

"Conceder tolerância a um terrorista é um desrespeito à memória de nossos diplomatas que foram martirizados e de suas famílias", disse Ancara.

Koufodinas, que é apicultor, reivindicou "responsabilidade política" pelo 17 de Novembro, o grupo terrorista que mais deixou mortos na Grécia. Entre 1975 e 2000, a organização assassinou 23 diplomatas ocidentais e cidadãos gregos, entre eles empresários e políticos. Koufodinas foi preso em 2002 e recebeu, então, 11 sentenças de prisão perpétua.

No presídio de segurança máxima de Korydallos, onde se encontrava até agora junto com outros membros do 17 de Novembro, o líder terrorista era mantido numa ala subterrânea especial, com acesso a poucos prisioneiros.

O governo grego argumenta que pretende transformar Korydallos numa prisão para suspeitos que aguardam julgamento e transferir o maior número de presos possível para presídios agrícolas.

Koufodinas terá o direito de solicitar liberdade em 2021, quando terá cumprido 19 anos de prisão. Ao se entregar, o terrorista confessou os crimes cometidos, mas sem mostrar remorso.

LPF/ap/ots

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