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EsporteAlemanha

Treinador alemão de ciclismo deixa Tóquio após fala racista

29 de julho de 2021

Patrick Moster é enviado de volta para a Alemanha depois de fazer comentário racista contra atletas africanos durante prova masculina. Ele pediu desculpas após episódio gerar onda de indignação.

Patrick Moster
Patrick Moster fez comentários racistas durante a prova masculina de ciclismo de estradaFoto: Sebastian Gollnow/dpa/picture alliance

A Federação Olímpica da Alemanha (DOSB, na sigla em alemão) enviou o diretor de ciclismo esportivo Patrick Moster de volta para casa após ele fazer comentários racistas durante a prova masculina de ciclismo de estrada nos Jogos Olímpicos de Tóquio, na quarta-feira (28/07).

Moster, 54 anos, foi registrado pelas câmeras gritando comentários racistas quando o alemão Nikias Arndt estava tentando alcançar dois ciclistas africanos durante a prova.

O treinador de ciclismo depois pediu desculpas pelos comentários, dizendo que havia sido pego "no calor do momento".

A DOSB disse que, embora o pedido de desculpas de Moster fosse sincero, ele "violou os valores olímpicos" com o comentário. "Fair play, respeito e tolerância não são negociáveis para a equipe da Alemanha", disse a federação em comunicado.

O que disse Moster?

Enquanto Arndt tentava se aproximar de seus oponentes durante a prova masculina, Moster proferia palavras de encorajamento. No entanto, seu encorajamento tornou-se repugnante quando ele gritou várias vezes: "Alcance os condutores de camelo! Alcance os condutores de camelo! Vamos!"

Arndt estava tentando alcançar os ciclistas Azzedine Lagab, da Argélia, e Amanuel Ghebreigzabhier, da Eritreia.

A imagem e o áudio foram transmitidos na televisão ao vivo, e deixaram o comentarista da emissora alemã ARD Florian Nass chocado enquanto reagia: "Se eu realmente entendi o que ele estava gritando, isso foi totalmente errado."

"Faltam palavras para mim", acrescentou Nass. "Algo assim não tem lugar no esporte."

Arndt terminou a prova na 19ª colocaçãoFoto: Roth/picture alliance

O pedido de desculpas

Moster, que é diretor esportivo da Federação Alemã de Ciclismo (BDR, na sigla em alemão), tem sido instado a pedir desculpas desde o episódio.

"No calor do momento e com a pressão que enfrentamos aqui no momento, minha escolha de palavras não foi apropriada", disse ele à agência de notícias alemã DPA.

"Lamento muito e só posso oferecer minhas sinceras desculpas. Eu não queria ofender ninguém."

Forte reação

O ciclista Lagab, da Argélia, postou uma mensagem no Twitter sobre o ocorrido: "Bem, não há corrida de camelos nos Jogos Olímpicos. Esse é o motivo de eu ter vindo competir no ciclismo. Pelos menos eu estava lá em #Tóquio2020."

O presidente da alemã BDR, Rudolf Scharping, disse que os comentários eram "inaceitáveis", e o presidente da DOSB, Alfons Hörmann, afirmou que a organização defende o "respeito, o fair play e a tolerância".

Hörmann também vem enfrentando críticas como chefe da delegação alemã em Tóquio, acusado de ignorar uma cultura de trabalho tóxica na organização. Um painel recentemente recomendou eleições para escolher um novo presidente para a DOSB, e em seguida Hörmann disse que não irá concorrer a um novo mandato.

Arndt, que terminou em 19º lugar, distanciou-se dos comentários de Moster por meio de uma mensagem no Twitter, dizendo que estava "horrorizado" com o incidente.

"Tais palavras não são aceitáveis", escreveu o atleta. "As Olimpíadas e o ciclismo significam tolerância, respeito e justiça. Eu represento 100% esses valores e tiro meu chapéu para todos os grandes atletas que vieram de todo o mundo para Tóquio."

bl/ek (AP, Reuters, ots)