Trem nazista cheio de ouro teria sido achado na Polônia
20 de agosto de 2015
Veículo lendário teria sido localizado nas montanhas da região de Wałbrzych, no sudoeste do país. Alemão e polonês exigem 10% do valor do tesouro para revelar localização exata às autoridades.
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Um polonês e um alemão alegam ter encontrado, na cidade de Wałbrzych, na Polônia, um trem do exército nazista carregado de ouro, obras de arte e armas de guerra. Uma lenda local dava conta do sumiço do veículo, que teria desaparecido, no final da Segunda Guerra Mundial, numa montanha no sudoeste polonês, enquanto os alemães fugiam do avanço soviético. Agora, os dois homens exigem 10% do valor do tesouro para revelar o paradeiro exato do trem, que teria de 120 a 150 metros de extensão.
O advogado dos dois homens, Jaroslav Chmielewski, declarou ao portal onet.pl que ambos são "pessoas sérias". O advogado afirmou que os indícios entregues pelos seus clientes são "muito fidedignos". "Eles ainda estão um pouco céticos quanto ao fato de se tratar do famoso trem cheio de ouro dos nazistas", acrescentou, sem deixar de mencionar que essa possibilidade não está descartada.
Historiadores dizem que a existência do trem nunca foi provada. Porém, autoridades locais têm aproveitado todas as chances de recuperar tesouros que vêm sendo procurados há 70 anos por moradores e oficiais. "Acreditamos que o trem foi encontrando e estamos tratando essa informação com seriedade", disse Marika Tokarska, funcionária do município de Wałbrzych à agência de notícias AP nesta quinta-feira (20/08).
Ela contou que, no último mês, recebeu duas cartas de uma empresa de advocacia que representa os dois homens, que se mantêm anônimos, com algumas informações sobre o conteúdo e o tamanho do trem, além da exigência da percentagem sobre o valor. As autoridades locais declararam estar dispostas a pagar o que foi pedido, caso a localização se confirme.
Porém, a primeira carta incluía algumas referências à topografia da área que indicariam que os clientes de Chmielewski não conhecem bem a região de Wałbrzych. Joanna Lamparska, uma autora que já escreveu sobre o trem e a história local, acredita que a alegação é uma farsa. "Tivemos várias histórias como essas nos últimos anos, com pessoas dizendo ter encontrado o trem", disse a autora à AP. "Mas nunca acharam nada."
Mesmo assim, o prefeito de Wałbrzych já convocou uma reunião com bombeiros, policiais, militares e outras autoridades locais para discutir uma forma de lidar com o trem, caso for realmente encontrado. Além da possibilidade de o veículo estar carregado com explosivos, o gás metano existente no subsolo poderia aumentar o risco de explosões.
Mistério nazista
Lamparska descreve a região como um emaranhado de campos e montes onde os nazistas possuíam uma malha ferroviária secreta e túneis com aberturas camufladas que seguiam por dentro das montanhas.
A história teve início com um minerador polonês, que afirmava ter escutado, logo após o fim da guerra, o relato de colegas alemães que diziam ter visto o trem ser empurrado para dentro das montanhas. De acordo com Lamparska, o minerador passou o resto da vida tentando encontrar o tesouro.
Segundo a lenda, um trem alemão saiu da cidade de Breslau (hoje, Wroclaw, na Polônia) em abril de 1945, seguindo para o oeste em direção a Wałbrzych. Em algum ponto da viagem dos 60 quilômetros da viagem, o veículo desapareceu.
Durante a Guerra, Adolf Hitler iniciou a construção de um sistema secreto com vários túneis subterrâneos por baixo das montanhas da região, que na época ainda pertencia ao território alemão. Especula-se que a construção abrigaria um quartel militar, porém, até hoje o projeto continua envolto em mistério.
Agora, o mistério gira em torno da identidade dos dois homens que afirmam ter encontrado o trem. "Pode ser uma história totalmente inventada ou, também, que eles tenham recebido informações diretamente dos alemães", afirmou o bombeiro Krzysztof Szpalkowski, de Wałbrzych, à emissora polonesa TVN24. "Talvez alguns desses homens seja descendente de alguém que participou do caso."
FCA/afp/ap
Ruínas da Segunda Guerra – memoriais da paz
Em vários locais da Alemanha são mantidas partes de edificações destroçadas pela violência bélica. Elas recordam o poder devastador das armas e quanto a paz é preciosa.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Wolf
Testemunhas eloquentes
Difícil acreditar: em 1945, numerosas cidades alemãs estavam tão destruídas como, hoje, partes do Iraque ou da Síria. Destroçadas por bombardeios e nunca mais reconstruídas, ruínas em meio às metrópoles do país ainda prestam testemunho eloquente dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Em sua maioria, trata-se de edificações sacras, como a Igreja Memorial do Imperador Guilherme, em Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Hiekel
Novo e antigo
Inaugurada em 1895, no estilo neo-romântico, a Igreja Memorial do Imperador Guilherme (Kaiser Wilhelm Gedächtniskirche) sucumbiu a um ataque aéreo dos Aliados em 23 de novembro de 1943. Apenas a ruína da torre principal, com 71 metros de altura, foi preservada como memorial. Os quatro prédios que a rodeiam ficaram prontos em 1961, e hoje todo o complexo arquitetônico é tombado.
Foto: picture alliance/akg-images
Do culto à cultura
A história da Igreja do Convento Franciscano no bairro berlinense de Mitte remonta ao ano 1250. Em consequência da Reforma Luterana, em 1539 o convento foi fechado. E, em 3 de abril de 1945, o fogo choveu do céu. As ruínas da igreja foram protegidas, como único prédio da época a sobreviver à Segunda Guerra. Restaurada, desde 2004 ela abriga exposições, apresentações teatrais e concertos.
Foto: gemeinfrei/imago/F. Berger
Memorial no Reno
Destruída e jamais recuperada, a Igreja de Santo Albano fica na parte histórica da cidade renana de Colônia. Na foto veem-se os restos do coro. A antiga nave, hoje descoberta, serve de memorial para os mortos da guerra. Em seu centro, uma escultura evocativa apela pela paz: "Pai e mãe de luto", de Ernst Barlach, com base num desenho de Käthe Kollwitz.
Foto: CC BY-SA 3.0/Raimond Spekking
Sobrevivente solitária
A pouca distância de Santo Albano está Santa Colomba, uma das mais antigas igrejas paroquiais de Colônia. Sua pedra fundamental foi lançada em 980. Após a destruição quase total em 1943, além de uns poucos resquícios dos muros externos, datando do fim da Idade Média, restou apenas uma figura de Nossa Senhora, em meio aos escombros.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Gambarini
Destaque no museu
Para abrigar essa estátua da Virgem construiu-se no mesmo local, já em 1947-50, uma capela octogonal. Desde então ela é, para os colonianos, a "Madona dos Escombros". Em 1956-57, a capela marista foi ampliada em capela sacramental quadrilateral. Em 2007, a Igreja de Santa Colomba foi totalmente integrada ao edifício do novo Museu Episcopal Diocesano.
Foto: CC BY-SA 3.0/Elke Wetzig
Esplendor barroco perdido
Datando do século 12, o Palácio Zerbst, na Saxônia-Anhalt, era residência dos príncipes de Anhalt-Zerbst. Reformas no século 17 lhe deram uma estrutura em três alas, e passou a constar entre as principais edificações barrocas da Alemanha central. Em criança, a princesa Sofia Augusta Frederica de Anhalt-Zerbst ia visitar lá os seus parentes. Ela seria coroada em 1762 Catarina 2ª, czarina da Rússia.
Foto: picture-alliance/AKG
Ainda há esperança
Em abril de 1945, o Palácio Zerbst foi atingido por bombas aliadas e totalmente consumido no incêndio subsequente. Sua preciosa decoração interna se perdeu. A reconstrução teria sido possível, mas foi rejeitada por motivos políticos. Somente a ruína da ala leste escapou à demolição, e uma associação de amigos cuida para que seja mantida. Sua meta é a restauração fiel da parte exterior da ala.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Wolf
De "bunker" a igreja
Apesar de não ser uma ruína, este "hochbunker" (abrigo de superfície) em Düsseldorf é mantido como memorial. Para fins de proteção, no início dos anos 1940 ele fora camuflado como igreja. A partir de 1949, foi então transformado de fato em casa de culto. O prédio tombado, que também funciona como local de exposições, é arquitetonicamente ímpar, sendo considerado a igreja mais segura do mundo.
Foto: CC BY-SA 3.0/Ilion
Usina memorial
Este antigo abrigo de superfície em Hamburgo-Wilhelmsburg é igualmente único no mundo. Enquanto, após o fim da guerra, grande parte dessas edificações sucumbiram ao tempo, ele foi amplamente saneado e transformado num "Energiebunker". Equipado com painéis fotovoltaicos e uma usina regeneradora dotada de armazenador de calor, o colosso de concreto fornece eletricidade e calefação à população.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Marks
Altura fatídica
As origens da Igreja de São Nicolau de Hamburgo remontam a 1195. Após um incêndio em 1842, foi consagrada no local, 32 anos mais tarde, uma casa de culto totalmente nova, em estilo neogótico. Por um tempo, sua torre de 147 metros foi a construção mais elevada do mundo. Porém, em 23 de julho de 1943, sua altura provou-se fatídica, ao servir de ponto de orientação para os bombardeiros dos Aliados.
Foto: gemeinfrei
Hamburgo-Gomorra
Somente a torre e os porões abobadados resistiram. Ao fim da Segunda Guerra, o Senado hamburguês decidiu não reerguer a Igreja de São Nicolau. Suas ruínas permanecem até hoje como ferida aberta, dedicadas "às vítimas da guerra e da ditadura entre 1933 e 1945". Nos porões criou-se um centro de documentação, com a mostra permanente "Gomorra 1943 – A destruição de Hamburgo na guerra aérea".
Foto: picture-alliance/dpa
Sobrevivência por um triz
Em 1945 jazia em destroços, em Dresden, a famosa Frauenkirche, a igreja protestante de Nossa Senhora. Após sobreviver aos devastadores ataques aéreos de 13 e 14 de fevereiro, no dia seguinte a cúpula de pedra dessa chamada "pérola do Barroco" desmoronou. A Alemanha Oriental não tinha verbas para reerguê-la, e por muitos anos as ruínas jazeram como memorial contra a guerra e a destruição.
Foto: Hulton Archive/AFP/Getty Images
Esperança contra a devastação
Com a Reunificação, iniciou-se em 1996 a reconstrução da Frauenkirche, concluída em 2005. O financiamento do projeto de 180 milhões de euros envolveu 16 associações de amigos no país e no exterior, assim como doações de todo o mundo. As pedras da edificação original foram integradas nos novos muros. A igreja reerguida tornou-se, assim, um símbolo de esperança e do entendimento entre os povos.
Foto: DW/Holm Weber
Recomeço a partir dos escombros
Já em 1947, a Igreja da Ressurreição de Pforzheim, sul da Alemanha, foi a primeira construída no país, no pós-Guerra. Como material de construção, 30 mil tijolos das casas circundantes foram desenterrados, coletados e meticulosamente limpos. Além de sinalizar um recomeço, ela serviu de modelo para 46 "igrejas de emergência" nas cidades alemãs destruídas na Segunda Guerra.