Tribunal alemão absolve acusado de ataque neonazista
31 de julho de 2018
Corte afirma que não há provas para condenar ex-soldado por crime que chocou a Alemanha em 2000. Ataque a bomba em Düsseldorf feriu dez pessoas, a maioria judeus. Dificuldade para esclarecer caso é alvo de críticas.
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O único acusado no julgamento de um ataque racista ocorrido em 2000 em Düsseldorf, no oeste da Alemanha, foi absolvido por falta de provas nesta terça-feira (31/07), 18 anos depois do ocorrido, por um tribunal da cidade alemã.
O acusado é o ex-soldado alemão Ralf S., de 52 anos, uma figura conhecida da cena neonazista de Düsseldorf. Ele era julgado pela tentativa de assassinato de 12 pessoas, com motivação xenófoba e antissemita, e podia ser condenado à prisão perpétua. Ele negava qualquer envolvimento no crime.
Segundo o tribunal, os depoimentos das testemunhas foram contraditórios e pouco credíveis. A acusação afirmou que vai recorrer da decisão.
O atentado, ocorrido na estação de trem Wehrhahn, em 27 de julho de 2000, deixou dez pessoas feridas, incluindo uma mulher que estava grávida de cinco meses e perdeu o bebê porque estilhaços atingiram sua barriga.
As vítimas faziam parte de um grupo de 12 cidadãos da antiga União Soviética, e seis delas eram judias. A mulher grávida era ucraniana.
Ralf S. estava em liberdade desde maio, quando o tribunal de Düsseldorf considerou que as provas contra ele eram insuficientes.
Ele havia sido preso em fevereiro de 2017 porque a polícia recolhera um testemunho de um antigo companheiro de prisão. Em 2014, quando cumpria pena por um outro caso, não relacionado, Ralf S. teria se vangloriado na cadeia de ter provocado uma explosão e matado um grupo de pessoas, afirmou a testemunha.
Como consequência, as investigações, que estavam paradas, foram retomadas. Diversas testemunhas, incluindo uma ex-namorada, depuseram contra Ralf S. Também outras testemunhas disseram que o acusado teria confessado o crime a elas. Em dezembro de 2017, ele foi acusado pela promotoria. A defesa argumentava que Ralf S. era apenas um falastrão.
Tanto a acusação como a corte concordaram que o autor do atentado é um homem que foi vista nas imediações, sentado sobre uma caixa de luz, e que teria detonado a bomba por controle remoto. A acusação argumentou que a semelhança dessa pessoa com Ralf S. é grande.
O presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, disse ser preocupante que, 18 anos depois, o autor do atentado ainda não tenha sido punido. Ele defendeu que as investigações continuem.
Antes do veredicto, promotores disseram que um absolvição seria "o mais sério erro legal" na história de Düsseldorf.
Há muito tempo a Alemanha já é alvo de atentados e planos de ataques de grupos extremistas. O mais recente aconteceu num mercado de Natal em Berlim, onde um caminhão avançou contra a multidão.
Foto: Reuters/W. Rattay
Dezembro de 2016: Berlim
Um caminhão invadiu a calçada e avançou contra o mercado natalino na praça Breitscheidplatz, em Berlim. Segundo a polícia, ao menos 12 pessoas morreram e 48 ficaram feridas.
Foto: Reuters/F. Bensch
Outubro de 2016: Leipzig
A polícia prendeu o refugiado sírio de 22 anos Jaber al-Bark após descobrir explosivos e equipamentos para fabricação de bombas caseiras no seu apartamento em Chemnitz, próximo a Leipzig, no leste da Alemanha. Ele foi acusado de planejar um ataque ao aeroporto de Berlim. Depois de dois dias na prisão, al-Bark se enforcou.
Foto: Polizei Sachsen
Julho de 2016: Ansbach
Em julho, o "Estado Islâmico" (EI) reivindicou a autoria do ataque executado pelo refugiado sírio Mohammed D., de 27 anos. D., que já havia jurado lealdade ao grupo extremista, detonou explosivos presos ao próprio corpo na entrada de um festival de música. O homem, que tinha problemas psiquiátricos, obteve instruções pelo celular até instantes antes do ataque.
Foto: picture alliance/AP Photo/D. Karmann
Julho de 2016: Würzburg
Um refugiado afegão de 17 anos atacou, com um machado e uma faca, passageiros de um trem regional em Würzburg, na Baviera. Várias pessoas ficaram feridas gravemente, incluindo quatro membros de uma família de Hong Kong. O jovem foi morto pela polícia. Embora o EI tenha reivindicado a autoria do atentado, para as autoridades não está claro se o rapaz mantinha contato com o grupo extremista.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Hildenbrand
Maio de 2016: Düsseldorf
Três suspeitos de integrar o EI foram presos nos estados de Renânia do Norte-Vestfália, Brandemburgo e Baden-Württemberg. Autoridades afirmam que dois dos homens planejavam detonar bombas presas ao próprio corpo, enquanto o terceiro integrante e um quatro jihadista, preso na França, planejavam matar pedestres com armas e explosivos. Os atentados aconteceriam em Düsseldorf, no oeste da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Hitij
Abril de 2016: Essen
A polícia prendeu três pessoas após um ataque a bomba a um templo sikh em Essen, no oeste da Alemanha. O atentado aconteceu durante uma celebração de casamento. Três pessoas ficaram gravemente feridas. As autoridades identificaram os suspeitos a partir de imagens de câmeras de segurança. Entre os detidos está um jovem de 16 anos, que teria contato com o movimento salafista no país.
Foto: picture alliance/dpa/M. Kusch
Fevereiro de 2016: Hannover
A jovem Safia S., de 16 anos, alemã de ascendência marroquina, esfaqueou um policial na estação central de Hannover, cidade no norte da Alemanha. O agente foi gravemente ferido e precisou ser submetido a uma cirurgia. Segundo as autoridades, S. planejava se juntar ao EI na Síria.
Foto: Polizei
Fevereiro de 2016: Berlim
Numa operação simultânea em três estados, a polícia alemã desmantelou uma célula do grupo extremista EI. Os quatro suspeitos, da Argélia, planejavam um ataque na capital do país. Segundo a polícia, o plano ainda estava no início.
Foto: Reuters/F. Bensch
Abril de 2015: Oberursel
A polícia prendeu em Oberursel, no oeste alemão, um casal acusado de planejar um ataque durante uma corrida de ciclismo. Os dois, que seriam salafistas, mantinham no porão de casa uma bomba caseira. Por falta de provas de vínculo terrorista, o homem foi condenado a dois anos de prisão por falsidade ideológica e posse de arma e explosivos ilegais. As investigações contra a esposa foram arquivadas.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Dezembro de 2012: Bonn
Uma mala com explosivos foi encontrada na estação central de Bonn, oeste do país. Para as autoridades, tratava-se de uma tentativa de ataque terrorista com motivações islamistas. Em 2013, quatro suspeitos de planejar um ataque contra o líder do grupo extremista de direita "Pro NRW" foram presos. Um deles teria colocado a bomba em Bonn. O processo contra o suspeito corre desde 2014, em Düsseldorf.
Foto: picture-alliance/dpa/Meike Böschemeyer
Abril de 2011: Düsseldorf
Três supostos membros do grupo terrorista Al Qaeda foram detidos em Düsseldorf, acusados de planejar um ataque a bomba no país. Em dezembro de 2011, um quarto suspeito foi preso. No final de 2014, os quatro homens foram condenados a vários anos de prisão.
Foto: picture-alliance/dpa
Março de 2011: Frankfurt am Main
As autoridades conseguiram impedir um atentado islamista no aeroporto de Frankfurt. Um albanês de Kosovo matou a tiros dois soldados americanos e deixou outros dois feridos. O homem foi condenado à prisão perpétua.
Foto: AP
Setembro de 2007: Oberschledorn
Em setembro de 2007, a organização islamista Grupo Sauerland foi desmantelada no oeste da Alemanha. Em 2010, seus quatro integrantes foram condenados por planejarem ataques em discotecas, aeroportos e instituições no país. As penas chegaram a 12 anos de prisão.
Foto: AP
Julho de 2006: Colônia
Na estação central de Colônia, no oeste do país, dois homens colocaram malas com explosivos em trens regionais que iam para Hamm e Koblenz, mas as bombas não detonaram. Em dezembro de 2008, um deles foi condenado à prisão perpétua.