Jornalista que protestou em TV russa é condenada à revelia
4 de outubro de 2023
Marina Ovsyannikova, atualmente no exílio, foi sentenciada a oito anos e meio de prisão. Em março, ficou conhecida por portar um cartaz contra a guerra na Ucrânia numa transmissão ao vivo.
A jornalista de 45 anos foi acusada de divulgar informações falsas sobre o Exército russo. O crime está previsto numa lei adotada logo após o início da guerra, que o Kremlin insiste em chamar de "operação militar especial".
Jornalista sentenciada por realizar protesto em Moscou
A condenação se refere a um protesto realizado pela jornalista em julho de 2022, quando ela portou cartazes na capital russa afirmando que o presidente russo, Vladimir Putin, "é um assassino, seus soldados são fascistas, 352 crianças foram mortas [na Ucrânia]".
Ovsyannikova foi detida e colocada em prisão domiciliar, mas conseguiu fugir para a França com a filha de 11 anos. Inserida numa lista de procurados, ela foi então processada julgada à revelia.
De acordo como a decisão do tribunal, Ovsyannikova deve cumprir sentença "numa colônia penal de regime geral". A jornalista também ficou proibida de "participar em atividades relacionadas com a administração de portais de internet ou redes de informação e de telecomunicações".
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Acusações "absurdas e politicamente motivadas"
Numa declaração publicada na terça-feira, Ovsyannikova chamou as acusações contra ela de "absurdas e politicamente motivadas": "Eles decidiram me punir por não ter medo e por chamar as coisas pelo nome. É claro que não admito minha culpa. E não nego nenhuma de minhas palavras. Fiz uma escolha muito difícil, mas a única escolha moral correta em minha vida, e já paguei um preço alto o suficiente por isso."
O advogado de Ovsyannikova, Dmitry Zakhvatov, disse à AFP que levar o julgamento adiante "não tinha sentido", mas que sua cliente ainda apelaria da sentença: "Não há nenhuma chance de sucesso. Até onde sabemos, não há absolvições na Rússia, especialmente quando o caso envolve política."
Em 14 de março, Ovsyannikova já havia provocado o Kremlin ao interromper uma transmissão ao vivo do Canal 1 de Moscou. Na ocasião, apareceu atrás da âncora do noticiário segurando um cartaz que dizia: "Parem a guerra, não acreditem na propaganda, eles estão mentindo para vocês aqui".
Ovsyannikova deixou seu emprego no canal e foi multada em 30 mil rublos (270 dólares na época) por organizar um ato público sem autorização.
ip/av (AP, AFP, Reuters, Lusa)
A invasão russa da Ucrânia em imagens
Em 24 de fevereiro de 2022, Moscou invadiu o território ucraniano por terra, ar e mar, lançou foguetes e destruiu instalações militares em diferentes partes do país vizinho. Em pânico, cidadãos tentaram fugir.
Foto: Kunihiko Miura/AP/picture alliance
Ucranianos em pânico
Uma manhã dramática na Ucrânia. Depois que a Rússia iniciou um ataque ao país vizinho. e se ouviram as primeiras explosões – inclusive na capital, Kiev –, muitos fugiram. Veículos militares circulavam pelas ruas da cidade, enquanto residentes faziam as malas e tentavam deixar o local.
Foto: Sputnik/dpa/picture alliance
Filas de carros em Kiev
O desespero dos civis ucranianos gerou um enorme congestionamento na principal avenida em direção ao oeste de Kiev. O ataque foi anunciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, num pronunciamento, alegando ter iniciado uma operação militar contra a Ucrânia para de "desmilitarizar" o país e eliminar supostas "ameaças" contra Moscou.
Foto: Chris McGrath/Getty Images
Ataques aéreos
Explosões foram ouvidas alguns minutos depois do fim do pronunciamento de Putin. Nesta foto, vê-se um outdoor aparentemente destruído por um míssel, em Kiev. O governo ucraniano falou de uma "invasão em grande escala" de seu território, assegurando que o país "se defenderá e vencerá".
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Tropas ucranianas se mobilizam
Tanques ucranianos se deslocam para a cidade portuária de Mariupol, no sudeste do país. As Forças Armadas ucranianas são as segundas maiores da região, porém a Rússia as supera em todas as áreas, exceto no número de soldados na ativa.
Foto: Carlos Barria/REUTERS
Explosões em várias partes do país
Soldados examinam os restos de um foguete numa praça da capital ucraniana. Além de Kiev, explosões atingiram várias cidades próximas à fronteira com a Rússia. O mesmo ocorreu nas regiões costeiras, bem como na cidade portuária de Odessa, próxima à Península da Crimeia, ocupada por Moscou.
Foto: Valentyn Ogirenko/REUTERS
Rússia destrói instalações militares
Algumas partes da Ucrânia ficaram cobertas por fumaça preta após as explosões. A coluna de fumaça nesta foto parte de um aeroporto militar que teria sido atingido por bombardeios, perto da cidade de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Aris Messinis/AFP/Getty Images
Ameaça à população
O Ministério da Defesa russo afirma que não visa cidades e "não há ameaça à população civil". A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia descreveu o espaço aéreo ucraniano como "zona de conflito ativo". Os metrôs de Kiev foram liberados ao público e muitos civis se abrigaram nas estações, como mostra esta foto.
Foto: AFP via Getty Images
Explosões em áreas residenciais
Apesar do que diz o governo russo, há relatos de explosões em áreas residenciais. Bombeiros tentam conter um incêndio num bloco de apartamentos após um suposto ataque aéreo na localidade de Chuhuiv, perto de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Wolfgang Schwan/AA/picture alliance
Invasão por terra
A invasão russa à Ucrânia ocorre também por mar e terra. Esta foto capturada por uma câmera de vigilância e publicada pelas autoridades fronteiriças da Ucrânia mostraria veículos militares russos cruzando a fronteira na Crimeia, em direção à Ucrânia. Essa península foi anexada pela Rússia em março de 2014.
Foto: State Border Guard Service Of Uk/picture alliance/dpa/PA Media
Alguns fogem, outros se preparam
Os efeitos dos ataques podem ser observados em todo o país. Na cidade de Lviv, de 700 mil habitantes, no extremo oeste da Ucrânia, longas filas se formaram em caixas eletrônicos O mesmo ocorreu em supermercados e lojas, na esperança de estocar alimentos e água. Enquanto alguns tentavam fugir, outros pareciam se preparar para se isolar.