Tribunal europeu estende proteção a lobos a áreas habitadas
12 de junho de 2020
Em julgamento referente a caso da Romênia, mais alta instância jurídica do bloco proíbe captura desses animais em povoados próximos a reservas. População de lobos vêm crescendo com criação de áreas de proteção ambiental.
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O Tribunal de Justiça da União Europeia em Luxemburgo decidiu nesta quinta-feira (11/06) que a proteção aos lobos no continente se aplica não apenas às reservas naturais, mas também às áreas povoadas nas proximidades desses locais.
A decisão é referente a um caso ocorrido em 2016 na Romênia. Na época, um lobo que vagava num vilarejo localizado entre duas áreas de proteção foi capturado sem autorização. O animal, porém, acabou fugindo e retornando para a reserva natural.
"A proteção restrita da espécie garantida pela Diretriz de Habitats se estende a espécimes que deixam seu habitat natural e vagam pelos assentamentos humanos", disse o tribunal, em comunicado.
Por ter sido levado adiante "sem autorização prévia", a captura na Romênia gerou uma queixa criminal registrada no país relacionada a "violações associadas à perigosa captura e realocação de um lobo".
Um tribunal romeno que lidava com o caso não conseguiu chegar a uma decisão se a aplicação das Diretrizes de Habitat também vale quando os lobos são capturados nos arredores de uma cidade ou num território sob jurisdição de uma autoridade local, e enviou o caso à instância jurídica mais alta da UE.
Essas diretrizes, adotadas pelo bloco europeu em 1992, protegem mais de 200 tipos de habitat e cobrem mais de mil espécies. Segundo a definição da própria União Europeia, ela "assegura a conservação de uma ampla variedade de plantas e animais raros, ameaçados ou endêmicos".
A decisão desta quinta-feira se volta para a interpretação do status dos lobos "em seu alcance natural" ou "no ambiente selvagem", onde a captura destes animais é proibida sob as normas da UE.
Foi decidido que um lobo que esteja "próximo ou dentro de um assentamento de humanos, atravessando tais áreas ou se alimentando de recursos produzidos por humanos, não pode ser considerado um animal que deixou seu alcance natural". Dessa forma, a proteção ainda é válida também nestas regiões.
A população de lobos na UE ainda se mantém em baixa, com um leve aumento impulsionado por medidas de proteção. O bloco prevê compensações aos produtores rurais em caso de perda de animais de rebanho.
Menina ingênua? Só depois dos Irmãos Grimm. Antes, era cheia de charme e se deixava seduzir pelo vilão. A mostra "Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau" traz várias facetas dessa popular figura de conto de fadas.
Foto: Bilderbuchmuseum Burg Wissem/DW/L. Albrecht
Adulta e vulgar
Segundo a mostra "Rotkäppchen und der Böse Wolf" (Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau), no Museu do Livro Ilustrado Burg Wissem, essa figura nem sempre foi uma loura menina inocente. Ela é muito mais antiga do que os colecionadores de contos Irmãos Grimm, e até mesmo o final feliz foi uma invenção alemã. Na verdade, a história de Chapeuzinho Vermelho se iniciou na França.
Foto: Bilderbuchmuseum Burg Wissem/DW/L. Albrecht
Lobo não era bobo
"Venha dormir comigo", assim Chapeuzinho Vermelho foi convidada para a cama do lobo mau. Uma clara insinuação sexual. Em 1697, Charles Perrault transcreveu pela primeira vez a narrativa do "Petit Chaperon Rouge". Aqui, o lobo mau é um sedutor e Chapeuzinho, uma charmosa jovem. Na época, a história era contada às jovens da corte francesa como uma advertência contra a sedução masculina.
Foto: Bilderbuchmuseum Burg Wissem/DW/L. Albrecht
Comida com capinha e tudo
Da França, a charmosa Chapeuzinho Vermelho passou para o inglês em 1729. Aqui também não havia final feliz e tanto ela quanto a sua vovó eram devoradas pelo lobo mau. E é isso, não havia caçador nem salvação. E foi na versão inglesa que "Little Red Hiding Rood" passou a vestir não somente um gorrinho, mas também uma capinha de montaria vermelha.
Foto: Bilderbuchmuseum Burg Wissem/DW/L. Albrecht
Com final feliz e inocência
A primeira Chapeuzinho Vermelho alemã não foi dos Irmãos Grimm, mas de Ludwig Tieck. O fim trágico da versão francesa não agradava ao escritor romântico, que introduziu o Caçador como salvador da garota. Somente em 1812 os Irmãos Grimm atribuíam um caráter inocente à personagem, que ficou mais jovem e menor, evitando qualquer insinuação sexual.
Foto: Bilderbuchmuseum der Burg Wissem in Troisdorf
Chapeuzinho faz carreira
Logo o conto de fadas se tornou um sucesso de vendas. A história era enviada em cartões-postais ou imitada em jogos de mesa. Até hoje, a menina com o gorro vermelho estampa anúncios publicitários e, como Petit Chaperon Rouge ou Rotkäppchen, dá seu nome para marcas de espumante, queijo e chocolate.
Foto: Bilderbuchmuseum Burg Wissem/DW/L. Albrecht
Autodeterminação e resistência
O tema Chapeuzinho Vermelho não sai de moda, sendo regularmente reinterpretado. O ilustrador francês Geoffroy de Pennart fez dela uma garota rebelde, que ataca até mesmo o Lobo Mau. E assim promove uma nova imagem infantil: as crianças não devem mais ser educadas para a obediência, mas sim para ter vontade própria e resistência.
Foto: Bilderbuchmuseum der Burg Wissem in Troisdorf
Lição sem violência
Na década de 1980, no entanto, a educação sem violência estava em alta. Desse modo, o Lobo Mau não devorava mais Chapeuzinho de forma sanguinolenta, mas simplesmente assumia o controle sobre ela, amarrando-a. Isso fica evidenciado num livro de Bruno de la Salleda e da ilustradora Laurence Batigne.
Foto: Bilderbuchmuseum Burg Wissem/DW/L. Albrecht
Novamente sexualizada
Na drástica fantasia "Keine Gnade!" (Sem piedade), da autora alemã Bettina Bayerl, de 1993, o Lobo Mau ostenta mais do que orelhas grandes, e Chapeuzinho Vermelho é uma personagem escancarada e obscena. Ou seja, as origens sexualizadas da história francesa nunca se perderam inteiramente.
Foto: Bilderbuchmuseum Burg Wissem/DW/L. Albrecht
Hitler, Chapeuzinho e o Lobo Mau
No livro de Burgi Kühnemann, a menina se torna agressora, simplesmente atropelando o Lobo Mau ameaçado de extinção. Kühnemann é uma ilustradora que também trabalha com fábulas. Em outra versão, ela traça um paralelo entre Chapeuzinho Vermelho e Adolf Hitler, que gostava de ser chamado de "Tio Lobo" e – como nos contos de fadas franceses – de ser adorado em sua masculinidade.
Foto: Bilderbuchmuseum Burg Wissem/DW/L. Albrecht
Conto de fadas abstrato
Sem juízo de valor, a artista Warja Honegger-Lavater resgatou a história em 1965. Por meios abstratos, ela abre espaço para todas as representações possíveis e impossíveis de Chapeuzinho Vermelho, tornando o conto válido para todas as culturas e idades. A mostra pode ser vista até 15 de fevereiro de 2017 no Bilderbuchmuseum (Museu do Livro Ilustrado), em Troisdorf, próximo a Bonn.
Foto: Bilderbuchmuseum der Burg Wissem in Troisdorf