Tribunal manda governo holandês suspender toque de recolher
16 de fevereiro de 2021
Corte argumenta que medida restritiva carece de base legal e restringe a liberdade de movimento dos cidadãos. Governo apela da decisão e pede que as pessoas sigam limitando os contatos sociais.
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Um tribunal holandês ordenou nesta terça-feira (16/02) que o governo encerrasse o toque de recolher imposto no mês passado para conter a disseminação do coronavírus. A corte argumentou que a medida restritiva carece de base legal e que o governo holandês não esclareceu por que era necessário usar poderes de emergência no atual estágio do surto de covid-19 no país.
O governo sob o comando do primeiro-ministro Mark Rutte apelou imediatamente e pediu ao tribunal que suspendesse a ordem que proibia o toque de recolher. Uma sessão sobre o pedido de suspensão da ordem foi interrompida após poucos minutos, quando um membro dos representantes que pretendia reverter o toque de recolher acusou de parcialidade o juiz que presidia a audiência.
Rutte pediu aos cidadãos do país que sigam respeitando o toque de recolher noturno e afirmou que ele ainda é necessário para combater a pandemia do coronavírus. "É realmente muito importante que limitemos nossos contatos sociais o máximo possível por causa do risco de transmissão do vírus", disse. "Então, por favor, façam isso. Façam por vocês mesmos, mas também uns pelos outros."
Em uma declaração por escrito, o Tribunal Distrital de Haia classificou o toque de recolher das 21 horas até às 4h30 da manhã como uma "violação de longo alcance do direito à liberdade de movimento e privacidade" e afirmou que a medida também restringe indiretamente os direitos de liberdade de reunião e manifestação.
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Primeiro toque de recolher desde a Segunda Guerra
Na semana passada, o governo estendeu o toque de recolher noturno até pelo menos 3 de março. Para tal, usou uma legislação que permite contornar o processo legislativo usual em emergências. Quando o toque de recolher foi introduzido e quando foi estendido, o governo buscou e ganhou o apoio da maioria dos legisladores durante dois debates na câmara baixa do Parlamento holandês, mas não submeteu a questão para votação formal.
Um grupo chamado Viruuswaarheid ("Verdade sobre o vírus"), que é profundamente cético em relação à abordagem do governo para retardar a propagação da covid-19, pediu ao tribunal para proibir o toque de recolher, o primeiro imposto no país desde a Segunda Guerra. A medida provocou tumultos nos primeiros dias de sua imposição, mas vem sendo amplamente seguido pela grande maioria do país.
Em entrevista em vídeo postada no Twitter, o líder do Viruuswaarheid, Willem Engel, agradeceu ao juiz que emitiu a decisão desta terça-feira. "Estou feliz que ainda exista algo como jurisprudência."
As infecções confirmadas por covid-19 vêm diminuindo lentamente há semanas na Holanda. A média contínua de sete dias de novos casos diários diminuiu nas últimas duas semanas de 24,27 novos contágios por 100 mil habitantes em 1º de fevereiro para 20,36 novos casos por 100 mil habitantes em 15 de fevereiro.
O instituto holandês de saúde RIVM disse que todas as medidas contra o coronavírus, incluindo o toque de recolher, ajudaram a limitar a disseminação da doença, apesar da chegada da variante mais contagiosa descoberta no Reino Unido. Mais de dois terços dos novos casos na Holanda são da variante britânica, segundo o RIVM.
A Holanda já registrou pouco mais de 15 mil mortes relacionadas ao novo coronavírus.
pv/lf (AFP, AP, Reuters)
A chegada de 2021 sob a sombra da pandemia
Medidas de restrição social por causa do coronavírus limitam as festividades de Ano Novo. As imagens do adeus a 2020 ao redor do planeta.
Foto: Brook Mitchell/Getty Images
Festa na Nova Zelândia
Momentos depois dos habitantes de Kiribati e Samoa, nações insulares do Pacífico Sul, foi a vez dos moradores da Nova Zelândia de dar as boas-vindas a 2021. O país, elogiado pela gestão exemplar da pandemia, teve comemorações animadas, como neste parque em Mount Manganui, apesar de ainda estar fechado para a entrada de estrangeiros.
Foto: George Novak/NZ Herald/AP/picture alliance
Taxa de infecção zero
O governo da Nova Zelândia permitiu festas com multidões e fogos de artifício após o país exibir por meses taxas zero de infecção, que possibilitaram um retorno a uma relativa normalidade.
Foto: Fiona Goodall/Getty Images
Show de fogos em Auckland
Com uma melhores gestões da pandemia do coronavírus do planeta, a Nova Zelândia não abriu mão de sua tradicional queima de fogos de artifício na cidade de Auckland para celebrar o Ano Novo.
Foto: Michael Craig/NZ Herald/AP/picture alliance
Fogos sem público em Sydney
A Austrália manteve os famosos fogos de artifício de Sydney, um dos shows que tradicionalmente abrem as comemorações do Ano Novo do planeta, mas sem a presença do grande público, devido às restrições impostas pela covid-19.
Foto: Loren Elliott/REUTERS
Ruas vazias em Berlim
A área do Portão de Brandemburgo, no centro de Berlim, permaneceu vazia desta vez, onde normalmente multidões comemoram o Ano Novo na capital alemã. Devido a um segundo lockdown rigoroso que vigora desde meados de dezembro, as aglomerações em locais públicos foram proibidas. Mesmo assim, foi organizado no lugar um show com bandas e cantores, sem presença de público, com transmissão pela TV.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Ano Novo de silêncio na Coreia do Sul
Os habitantes de Seul, capital sul-coreana, tiveram de abrir mão neste ano das festas na rua durante o réveillon. A tradicional cerimônia das 33 badaladas de sino, com que a cidade saúda o Ano Novo, ocorreu sem presença de público e foi transmitida na TV e nas mídias sociais.
Foto: Jung Yeon-je/AFP/Getty Images
Animação em Wuhan
Na cidade chinesa de Wuhan, onde a pandemia foi originada há um ano, milhares se reuniram em determinados lugares do centro da cidade para a contagem regressiva até 2021. Alguns disseram que estavam cautelosos, mas não particularmente preocupados.
Foto: Tingshu Wang/REUTERS
Comemoração sem maiores restrições
A data é festejada sem grandes restrições na China, após o governo ter declarado o controle sobre a disseminação do coronavírus. No entanto, o dia não constitui um feriado particularmente importante para os chineses, já que, de acordo com seu calendário lunar tradicional, o Ano Novo começa só em fevereiro próximo.
Foto: Noel Celis/AFP/Getty Images
Fogos em Berlim
Na Alemanha, neste ano, fogos de artifício estavam proibidos de ser vendidos ao público. O espetáculo de luzes foi exclusividade das autoridades, como em Berlim, no Portão de Brandemburgo, tradicional ponto de comemoração da virada na Alemanha. Os fogos, porém, foram disparados em quantidade significativamente menor que no ano anterior e com restrições de acesso ao público.
Foto: Michael Sohn/AP Photo/picture alliance
Festa virtual em Nova York
A tradicional "Bola da Times Square" foi posicionada momentos antes da virada em Nova York. Quando o relógio chegou a 23h59, ela começou a descer, numa festa acompanhada de chuva de confetes, mas sem público.