Corte Arbitral do Esporte, porém, proíbe Fifa de estender punição provisória, que expira em 5 de janeiro. Em decisão interna, Comitê de Ética do órgão máximo do futebol busca banir Platini do futebol pelo resto da vida.
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A Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) manteve a suspensão de 90 dias do futebol internacional contra o presidente da Uefa, Michel Platini, pena imposta pelo Comitê de Ética da Fifa. A decisão desta sexta-feira (11/12) é um novo golpe contra os planos do ex-jogador francês de disputar a corrida presidencial da Fifa em fevereiro.
O painel da CAS determinou que "a manutenção da suspensão provisória para o restante dos 90 dias não causa danos irreparáveis a Michel Platini neste momento", afirmou um comunicado do tribunal esportivo.
No entanto, a CAS proibiu a Fifa de prorrogar a suspensão provisória, pois isso "constituiria uma restrição indevida e injustificada do direito de acesso à Justiça de Michel Plantini". Somente sob "condições excepcionais" a entidade máxima do futebol poderá ampliar a punição ao dirigente francês.
A CAS observou também que, mesmo que a suspensão seja levantada, não há garantias de que o Comitê de Ética da Fifa confirmaria Platini como um candidato a sucessão do ainda presidente Joseph Blatter.
"Michel Platini recebe com satisfação a notícia de que a CAS deferiu parcialmente seu pedido ao exigir que a Fifa não estenda seu banimento", disse o advogado de Platini, Thibaud d'Ales. "Em geral, ele está confiante de que seu caso é sólido."
Em investigações contra Blatter, promotores da Suíça descobriram que o mandatário do futebol mundial havia feito um "pagamento desleal" de 2 milhões de francos suíços ao presidente da Uefa. O dinheiro teria sido utilizado para remunerar serviços de consultoria prestados pelo ex-jogador entre 1999 e 2002, mas o pagamento só foi realizado em 2011.
Investigadores do Comitê de Ética da Fifa pedem que Platini seja banido do futebol para o resto da vida. A corte interna da entidade deve dar seu veredicto sobre o caso até o fim deste ano. A decisão pode significar um golpe final na carreira do francês como dirigente de futebol.
A suspensão provisória de Platini expira em 5 de janeiro.
PV/afp/rtr
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.