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Caso Demjanjuk

7 de dezembro de 2010

John Demjanjuk é acusado de ter colaborado com o assassinato de mais de 27 mil judeus no campo de concentração nazista de Sobibór. Como não há provas até o momento, talvez ele nem venha a ser condenado.

Demjanjuk acompanha o julgamento durante uma sessão no tribunal de MuniqueFoto: Picture-Alliance/dpa

Há um ano o Tribunal Regional de Munique 2 se ocupa do caso de John Demjanjuk, de 90 anos, acusado de ter participado ativamente do genocídio de judeus durante o regime nazista da Alemanha. Nesta terça-feira (07/12), o processo será retomado.

Na condição de guarda do campo de concentração de Sobibór, Demjanjuk é acusado de ter colaborado com o assassinato de 27.900 prisioneiros, sobretudo judeus, em câmaras de gás. O tribunal previu novas sessões até 2 de março de 2011 para analisar o caso, mas não é certo que até lá haja um veredicto.

Jornalistas, parentes das vítimas e sobreviventes do Holocausto provindos de todo o mundo compareceram à sessão inaugural do caso, em 30 de novembro de 2009. "Não estou em busca de vingança; quero que ele diga a verdade", disse na época Thomas Blatt, de 83 anos, sobrevivente de Sobibór que perdeu os pais e um irmão no Holocausto e hoje vive nos Estados Unidos.

A condenação de Demjanjuk não é certa, já que não há testemunhas que possam confirmar a participação dele em crimes coletivos nem provas de ações individuais. Demjanjuk nasceu na atual Ucrânia e obteve mais tarde a cidadania americana, que acabou perdendo devido às suspeitas de envolvimento com o nazismo.

Treinamento com os nazistas

Demjanjuk foi preso pelas tropas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial na condição de soldado do Exército Vermelho. Após ter feito um treinamento no campo de trabalhos forçados de Trawniki, ele passou a servir como guarda em campos de concentração, entre os quais Sobibór, na Polônia.

Demjanjuk chega ao tribunal, acompanhado por guardasFoto: AP

Segundo a argumentação da acusação, quem trabalhou em Sobibór – cerca de 25 homens da SS e cem voluntários, em sua maioria ucranianos – tinha apenas uma tarefa: participar do assassinato de mulheres, crianças e homens lá detidos. Ou seja: a simples presença de Demjanjuk em Sobibór – para a qual há provas – seria suficiente para sua condenação.

Nos anos 1960, a Justiça alemã não compartilhava dessa opinião. Na época, durante o chamado Processo de Sobibór, alguns dos homens da SS e oficiais de Trawniki foram até mesmo absolvidos, com a justificativa de que apenas teriam obedecido ordens.

A defesa, por sua vez, argumenta que os guardas oriundos da antiga União Soviética e detidos pelos nazistas não tinham outra opção a não ser colaborar com eles. De contrário, também seriam assassinados. Não há provas da culpa de Demjanjuk, afirma a defesa, e os crimes já estariam prescritos.

Condenado e absolvido em Israel

Demjanjuk já ocupou durante vários anos o banco de réus em Israel, num processo que se iniciou em 1987. Foi condenado à morte em 1988, recorreu e foi absolvido em 1993, porque os juízes disseram não ter certeza de que ele era o guarda conhecido como Ivan, o Terrível, do campo de concentração de Treblinka.

Demjanjuk ainda não se pronunciou sobre as acusações feitas em Munique. Ele sofre de fortes dores na coluna e de uma doença sanguínea. Os olhos permanecem protegidos por óculos escuros ou boné.

Devido às condições de saúde do réu, as sessões duram no máximo três horas por dia, com um intervalo. Não há certeza sobre a gravidade do estado de saúde de Demjanjuk. Um médico que o examinou disse que a expectativa de vida dele não é inferior à de pessoas na mesma idade.

AS/dpa/rtr
Revisão: Simone Lopes

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