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Juiz concede liberdade a sete jornalistas do "Cumhuriyet"

28 de julho de 2017

Juiz decide, porém, manter em prisão preventiva até ao final do julgamento quatro dos acusados. Funcionários do diário, uma das principais vozes críticas ao presidente Erdogan, são acusados de apoiar terrorismo.

Em frente ao tribunal em Istambul, manifestantes pedem liberdade de jornalistas do "Cumhuriyet"
Em frente ao tribunal em Istambul, manifestantes pedem liberdade de jornalistas do "Cumhuriyet"Foto: picture-alliance/dpa/Depo Photos via ZUMA Wire/C. Erok

No processo contra jornalistas e diretores do jornal turco Cumhuriyet, crítico ao presidente Recep Tayyip Erdogan, um tribunal de Istambul concedeu nesta sexta-feira (28/07) liberdade provisória a sete colaboradores do periódico.

O juiz, no entanto, decidiu manter em prisão preventiva até ao final do julgamento quatro dos acusados: o cronista francófono Kadri Gürsel, o repórter investigativo Ahmet Sik, o chefe de redação do jornal, Murat Sabuncu, e o proprietário do Cumhuriyet, Akin Atalay.

Ao todo, 17 jornalistas, diretores e funcionários do tradicional jornal turco são acusados pelo governo de apoiar o banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), o grupo extremista de esquerda DHKP-C e o movimento do clérigo Fethullah Gülen, que Erdogan diz estar por trás do golpe de Estado fracassado de 2016.

Os acusados podem ser condenados a até 43 anos de prisão. Entre eles estão alguns dos nomes mais conhecidos do jornalismo turco, como Gürsel, Sik e Sabuncu, além do caricaturista Musa Kart.

Cinco dos acusados já estavam em liberdade condicional, dez estavam há mais de oito meses na prisão, e Sik está detido há mais de 200 dias. O ex-diretor de redação Can Dündar está sendo julgado à revelia, pois está exilado na Alemanha.

Cumhuriyet (República), fundado em 1924, é um dos jornais mais antigos do país e obteve notoriedade pelas suas notícias e reportagens críticas ao poder. Os acusados afirmam que se trata de um processo político, destinado a silenciar um dos últimos periódicos independentes do país.

O julgamento começou na segunda-feira. Os réus negam as acusações. Os advogados de defesa ressaltaram a contradição que representa acusar de "gülenismo" jornalistas que durante anos foram críticos do movimento ligado a Gülen.

Uma das advogadas apontou que não há motivo para que nenhum dos acusados permaneça em prisão preventiva e pediu a liberdade condicional imediata de todos. "A acusação não tem nada a ver com a lei. Nem sequer menciona a data dos crimes alegados", declarou.

Depois de cinco dias de audiência, o julgamento foi interrompido. O processo contra os jornalistas deve ser retomado no dia 11 de setembro.

Processo controverso

Numa declaração conjunta, diversas organizações de defesa de liberdade de imprensa e de expressão, incluindo o Repórteres sem Fronteiras (RSF) e o International Press Institut (IPI), que enviaram representantes a Istambul para acompanhar o julgamento, questionaram a condução do processo.

"Diante os acontecimentos na Turquia nos últimos anos, é difícil contrariar os argumentos de que este caso constitui outro passo politicamente motivado para criminalizar o jornalismo. Estamos alarmados pelo fato de se basear numa teoria que equipara o jornalismo com o extremismo violento", diz o texto.

Segundo o site P24, especializado em liberdade de imprensa, 167 jornalistas estão detidos na Turquia, a maioria no âmbito do estado de emergência decretado após a tentativa de golpe. A Turquia ocupa o 115º lugar, de 180, na lista de 2017 da Repórteres sem Fronteiras sobre liberdade de imprensa.

CN/efe/lusa/ap/afp

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