Tropa alemã está desmotivada
19 de abril de 2002Em 5 mil petições que ele recebera no ano passado, os militares mostraram ressentimentos, discórdias e resignação. "O problema está aí e não adiante ocultá-los", advertiu Penner.
Um dos motivos principais, mais de onze anos após a unificação da Alemanha, são os soldados mais baixos na ex-República Democrática Alemã (RDA) do que na região ocidental. Além disso, a tropa está sobrecarregada com missões no exterior, como Afeganistão, Macedônia e Kosovo, bem como diminuição nos soldados e abastecimento. De positivo, o relatório mostra uma leve redução do abuso de drogas e dos casos de delitos de extrema direita na tropa.
O encarregado parlamentar para questões militares avisou que não vai sossegar enquanto persistirem as diferenças de soldos entre alemães ocidentais e orientais. O tratado da unidade alemã prevê uma equiparação progressiva de todos os salários nas duas regiões. Penner exigiu também do governo uma política clara de informação sobre a missão de soldados alemães no exterior e suas metas. A exigência se deve à falta de clareza sobre as tarefas dos alemães no combate ao terrorismo internacional, sobretudo no Afeganistão.
No debate no Parlamento, que se seguiu à apresentação do relatório, a oposição conservadora culpou a coalizão de governo social-democrata e verde pela moral baixa da tropa. Os militares se sentiriam abandonados pelas lideranças políticas e a Bundeswehr carece de meios financeiros. O líder da bancada democrata-cristã e social-cristã, Friedrich Merz, prometeu que, se o candidato CDU e CSU à chefia de governo, Edmundo Stoiber, for eleito em setembro, o orçamento das Forças Armadas voltará a ser de 25 bilhões de euros. O atual soma 23,6 bilhões de euros e, segundo o líder oposicionista, a Bundeswehr está no limite de sua capacidade e até abaixo disso em alguns setores.