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Berlinale

Soraia Vilela16 de fevereiro de 2008

Festival de Berlim concede Urso de Ouro a "Tropa de Elite". José Padilha agradece o prêmio em várias línguas e lembra que o cinema é sempre um "trabalho coletivo".

Produtor Marcos Prado e diretor José Padilha: Urso de Ouro na mãoFoto: AP

A 58ª edição do Festival de Cinema de Berlim concedeu o Urso de Ouro ao longa brasileiro Tropa de Elite. Bem recebido pela imprensa alemã, o filme volta para a casa com o prêmio máximo do festival. O produtor Marcos Prado salientou durante a cerimônia de entrega do Urso que Padilha fez um filme "extremamente corajoso". A escolha de Tropa surpreendeu parte da crítica, que não via no longa brasileiro o favorito para o prêmio.

O Urso de Prata pela melhor atuação foi para o iraniano Reza Reza Najie em Avaze Gonjeshk-ha e para a britânica Sally Hawkins em Happy-Go-Lucky. Wang Xiaoshuai levou o Urso de Prata de melhor roteiro por In Love We Trust e Paul Thomas Anderson de melhor direção por There Will Be Blood.

O filme de Anderson, que estava sendo cogitado para a premiação máxima do festival, recebeu também o prêmio de melhor contribuição artística pela trilha sonora, composta por Jonny Greenwood. O Grande Prêmio do Júri foi para o documentário Standard Operating Procedure, de Errol Morris. Foi a primeira vez que um documentário participou da mostra competitiva em Berlim.

Brasileiros premiados em mostras paralelas

'Café com Leite', de Daniel RibeiroFoto: Berlinale

Entre os dez filmes de diretores brasileiros presentes nas diversas seções, Café com Leite, de Daniel Ribeiro, recebeu o Urso de Cristal como melhor curta da mostra Generation 14Plus. O filme trata do de um casal de homossexuais, que passa a abrigar o irmão mais novo de um deles, devido à morte dos pais. Café com Leite "impressionou os jurados", segundo a organização do festival, por retratar uma nova forma de constituição de uma família, na qual os três simpáticos personagens, apesar das visíveis dificuldades, "não perdem a ternura".

Já o curta-metragem , do carioca Felipe Sholl, saiu do festival com o prêmio Teddy, destinado a filmes "que se situam num contexto relacionado a gays, lésbicas ou transidentidades". O júri justificou a escolha de para receber o prêmio no valor de 3 mil euros, apontando o filme de Sholl como "um olhar perspicaz e bem-humorado sobre um encontro fortuito entre dois garotos".

O catálogo do festival elogia o curta de apenas cinco minutos (que participou da mostra Panorama) pelo roteiro que "se distancia dos clichês a partir dos quais a história poderia ter se desenvolvido". tem produção de Jonathan Nossiter e de Karim Aïnouz. O diretor da mostra Panorama, Wieland Speck, contou, antes da exibição do filme no festival, que conheceu o diretor através de Nossiter e Aïnouz, quando de uma visita ao Rio de Janeiro.

'Mutum': menção honrosaFoto: Berlinale

O júri da seção Generation Kplus concedeu uma menção honrosa a Mutum, de Sandra Kogut. Os jurados descreveram o filme de Kogut como "uma viagem poética pela vida de um menino, na qual há tanto amor quanto rejeição, desordem e dor. Através de uma mistura surpreendente de situações soltas que remetem ao sonho, este filme retrata de forma realista, porém poética, os confins do Brasil".

História alemã em revista

Entre os filmes alemães que se destacaram nesta versão do festival de Berlim estão Sag mir, wo die schönen sind… (As beldades de Leipzig) e Football Under Cover. Enquanto o primeiro destrincha, através de destinos pessoais, as mudanças que a queda do Muro representou na vida dos moradores da antiga Alemanha de regime comunista, o segundo acompanha de forma bem-humorada uma equipe feminina de futebol de Berlim em visita ao Irã.

Embora montado de forma relativamente convencional, o documentário As beldades de Leipzig, dirigido por Günter Scholz, convence pela sutileza do contato com as personagens. O filme vai atrás das candidatas ao título de Miss Leipzig do ano de 1989, concurso realizado pouco antes da queda do Muro. Na época, o fotógrafo Gerhard Gäbler, ainda estudante, havia retratado as candidatas e gravado, em fitas cassete, depoimentos das mesmas a respeito de seus planos e sonhos.

Quase 20 anos mais tarde, Gäbler e o cineasta Scholz vão em busca das "beldades de então". O documentário expõe o destino de nove delas, cujas biografias não poderiam ser mais distintas: uma decoradora que vive em Zurique, uma camareira em Leipzig, uma funcionária dos correios no Oeste alemão e uma empresária em Dubai, entre outras.

Uma está grávida, a outra tem filhos adultos, uma vive só, a outra acaba de encerrar uma relação de 18 anos, etc, etc. Mais do que um portrait de cada uma delas, o documentário é uma espécie de ensaio sobre a forma como os destinos políticos do país definiram de forma radical a vida das jovens de então.

Em nome do futebol

'Football Under Cover': interseção Berlim-IrãFoto: Berlinale

Já o longa Football Under Cover, dirigido pelo iraniano Ayat Najafi e pelo alemão David Assmann, acompanha uma equipe feminina de futebol de Kreuzberg, bairro berlinense habitado por muitos estrangeiros, numa viagem ao Irã. Sob o pretexto de documentar uma partida entre o time da capital alemã e uma equipe iraniana, o filme mostra com bom humor as dificuldades enfrentadas pelas mulheres iranianas, o cerceamento da liberdade e a arbitrariedade do governo no país.

De quebra, não deixa de ser interessante ver uma das protagonistas, a jovem Marlene Assmann, no início do filme, andar de bicicleta pelas ruas de Berlim e contar em off que já interrompeu duas graduações e tem dificuldades de terminar o que inicia. Marlene, bem como sua irmã Corinna – também personagem do documentário – e o diretor David são filhos de dois dos maiores intelectuais vivos da Alemanha: Jan e Aleida Assmann. O que faz com que esse comentário inicial sobre a inconstância nos estudos seja, no mínimo, curioso.

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