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Tropas de Kiev sofrem maior revés desde início do combate a separatistas

22 de maio de 2014

Ao menos 14 soldados são mortos por forças pró-Rússia no leste da Ucrânia, que pede à ONU que ajude a garantir eleição de domingo contra "sabotagem" de Moscou. Otan vê com cautela saída de militares russos da fronteira.

Foto: Viktor Drachev/AFP/Getty Images

O Exército da Ucrânia sofreu nesta quinta-feira (22/05) as mais sérias perdas desde o início de sua operação militar contra os separatistas pró-Rússia, há cerca de cinco semanas. Segundo dados oficiais, pelo menos 14 soldados foram mortos em duas ofensivas no leste do país.

As tropas do governo conseguiram, segundo Kiev, repelir separatistas que tentavam entrar em seu território pela Rússia. O primeiro-ministro Arseni Yatsenyuk pediu uma reunião de crise com o Conselho de Segurança da ONU, alegando que a Rússia "acirra o conflito" para sabotar as eleições presidenciais programadas para este domingo.

Após vários dias de relativa calma, na madrugada os milicianos realizaram ataques direcionados às forças armadas, com o fim de defender as cidadelas separatistas. Somente na cidade de Volnovakha, na província de Donetsk, 13 homens morreram num ataque com granadas e morteiros, declarou o presidente interino, Olexandr Turtchinov, à agência de notícias Interfax.

Segundo o Ministério ucraniano da Defesa, outro soldado foi vítima de uma emboscada dos rebeldes contra um comboio militar nas cercanias de Rubijne, na região de Lugansk. Nas duas ofensivas, no total cerca de 20 militares ficaram feridos.

Também em Lugansk, pela primeira vez os pró-russos ocuparam quatro minas de carvão. Eles teriam exigido que lhes fossem entregues explosivos empregados na mineração, informou o Ministério da Energia em Kiev.

Presença grande na fronteira

Com vista ao pleito presidencial de domingo, o governo interino da Ucrânia tenta retomar dos separatistas o controle sobre tantos territórios quanto possível. Para assegurar a realização do escrutínio, Kiev mobilizará no domingo 55 mil soldados e 20 mil voluntários.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) registrou "atividade restrita de tropas russas" na fronteira com a Ucrânia, interpretando as manobras como possível indicação da retirada de algumas unidades.

"Espero que este seja o início de uma retirada completa e efetiva", comentou o secretário-geral da Aliança Atlântica, Anders Fogh Rasmussen. Também o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, falou de "uma primeira indicação" de um recuo das tropas do Kremlin, mas prefere aguardar provas concretas.

O comandante das tropas da Otan, o general americano Philip Breedlove, porém, afirmou que a presença do Exército russo na região fronteiriça ainda é "muito grande e em posição ameaçadora". Segundo cálculos da organização, cerca de 40 mil militares russos estariam estacionados na área.

Milícias pró-russas na cidade de Slaviansk, Ucrânia OrientalFoto: Reuters

Eleições-chave

De acordo com dados do Ministério da Defesa russos, quatro trens e mais de uma dezena de aviões já teriam retirado material e pessoal da fronteira russo-ucraniana. O Kremlin alegou que sua intenção seria criar "condições favoráveis" para as eleições presidenciais na Ucrânia.

O premiê Yatsenyuk classificou a declaração como "puro blefe", já que, mesmo após uma retirada militar, "terroristas armados" seguiriam desestabilizando a Ucrânia.

A votação deste domingo é considerada a mais importante da Ucrânia desde o fim do comunismo no país, em 1991. Se nenhum candidato obtiver mais de 50% dos votos, se realizará um segundo turno em 15 de junho. Observadores contam com um comparecimento de pelo menos 70% dos eleitores, apesar da perda da península da Crimeia para a Rússia e dos tumultos no leste do país.

Moscou questiona a legitimidade do pleito no país vizinho, assim como do vencedor ainda não eleito. Segundo declarou nesta quinta-feira um porta-voz do Ministério russo do Exterior, a Ucrânia ainda teria em Viktor Yanukovytch um "chefe de Estado vivo e legítimo". O ex-presidente, simpatizante do Kremlin, foi destituído em 22 de fevereiro deste ano pela oposição pró-ocidental, e seu paradeiro é desconhecido.

AV/afp/rtr/dpa

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