Tropas sírias repelem "Estado Islâmico" em Palmira
17 de maio de 2015
Ofensiva do EI na cidade, considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, ameaça sítios históricos de mais de mil anos de existência. Tropas sírias conseguem conter os avanços dos jihadistas.
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Militantes do grupo jihadista "Estado Islâmico" (EI) na Síria realizaram nos últimos dias uma ofensiva sobre a cidade de Palmira, gerando temores sobre uma possível destruição do rico patrimônio histórico do local. Neste domingo (17/05), porém, o diretor de antiguidades do país, Mamon Abdulkarim, informou que as forças sírias conseguiram repelir os avanços do EI na região.
"Temos boas notícias hoje", informou Abdulkarim. "Não houve danos às ruínas, mas isso não significa que não devemos seguir temerosos." O EI, que já destruiu diversos sítios históricos no Iraque, chegou a cerca de um quilômetro do local, considerado pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.
As autoridades expressaram preocupação sobre potenciais danos aos monumentos históricos, colunas e túmulos localizados no sudoeste da cidade. Entretanto, o governador da região, Talal Barazi, afirmou que a ofensiva do EI foi rechaçada na noite deste sábado.
"Nós os removemos da parte norte e nordeste", informou, acrescentando que o Exército sírio rastreava as ruas em busca de explosivos, mas que "a situação na cidade e nos arredores é positiva".
O Observatório dos Direitos Humanos na Síria informou que quase trezentas pessoas morreram durante a ofensiva dos jihadistas. Entre os mortos estão 123 soldados e milicianos fiéis ao regime sírio, 115 combatentes do EI e 57 civis. O diretor da organização, Rami Abdel Rahman, relatou que combates ainda ocorrem em alguns pontos dos arredores de Palmira.
Abdulkarim lamentou a omissão da comunidade internacional, perguntando se os países aguardam para "chorar e se desesperar" como fizeram quando os extremistas destruíram patrimônios históricos no norte do Iraque.
Palmira, fundada no século 1º, poderia sofrer o mesmo destino de Nimrud e Nineveh no Iraque, onde túmulos, estátuas e sepulcros foram destruídos pelos jihadistas, nas cidades de mais de mil anos de existência.
RC/ap/rtr/afp
Síria: patrimônio histórico destruído na guerra civil
Cerca de 300 locais de interesse histórico já foram danificados, saqueados ou totalmente destruídos na guerra civil da Síria. Uma excursão aos patrimônios culturais ameaçados do país.
Foto: Fotolia/Facundo
Destruição
Em quase quatro anos, a guerra civil síria contabilizou centenas de milhares de mortos e o deslocamento de cerca de dez milhões de pessoas. Análises do Instituto das Nações Unidas para a Formação e Pesquisa (Unitar, em inglês) feitas por satélites mostram a destruição de patrimônios culturais no país. Nesta foto, o centro histórico de Damasco.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Tödt
Mesquita dos Omíadas
A análise revelou que 290 sítios culturais foram fortemente atingidos. Do ano 708, a Mesquita dos Omíadas, em Damasco, teve o mosaico de sua fachada destruído por tiros.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/Neukirchen
Imagem de destruição
Especialmente atingida foi a metrópole de Aleppo, que, com 7 mil anos de história de assentamentos, faz parte das cidades mais antigas do mundo. A imagem de satélite à direita mostra a destruição na região próxima à cidadela.
Foto: US Department of State, Humanitarian Information Unit, NextView License (DigitalGlobe)
Antes dos tiros
A Mesquita dos Omíadas, em Aleppo, também foi fortemente danificada. A mesquita, do ano 715, foi reconstruída diversas vezes nos séculos seguintes à sua construção. Especialmente o minarete, do ano de 1092, é considerado uma obra-prima arquitetônica. Aqui, uma foto da mesquita antes de ser destruída.
Foto: picture alliance/Bibliographisches Institut/Prof. Dr. H. Wilhelmy
Troca de acusações
O minarete da Mesquita dos Omíadas foi destruído durante uma batalha, em 2013. Hoje sobrou somente o escombro, já que grande parte da edificação foi gravemente danificada. O governo e os rebeldes acusam-se mutuamente.
Foto: J. Al-Halabi/AFP/Getty Images
Luta implacável
A batalha entre o governo e rebeldes por Aleppo ocorre desde 2012 e faz com que os danos sejam proporcionais ao tempo do confronto. O hotel Carlton, de 150 anos, em frente à cidadela de Aleppo, era famoso, entre outros motivos, por seu interior histórico e bem conservado.
Foto: CC-SA-BY-Preacher lad
Totalmente destruído
Hoje não sobrou nada do hotel. Em maio de 2014 foram acionados explosivos em um túnel localizado embaixo da construção. De 210 prédios históricos analisados pela Unitar em Aleppo, a metade foi danificada e um quinto foi totalmente destruído.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Mercado de "conto de fadas"
Visitantes do mercado de Aleppo se sentiam num conto de fadas das mil e uma noites. O bazar, que permaneceu inalterado desde o século 16, consistia de uma longa rede de vielas totalizando sete quilômetros.
Foto: AP
Perdido para sempre
Em 2012, um incêndio causou danos irreversíveis ao mercado. De acordo com números oficiais, 1.500 das 1.600 lojas no bazar foram danificadas ou destruídas.
Foto: AP
Inconquistável, mas…
Numa fortaleza curda, foi construído durante os séculos 12 e 13 o chamado Forte dos Cavaleiros, um castelo para cavaleiros das Cruzadas. A edificação era conhecida por nunca ter sido conquistada por meio de guerra ou de cerco.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
… não indestrutível
O castelo, que se localiza ao leste de Homs e próximo à fronteira com o Líbano, foi submetido novamente à artilharia de fogo e ataques aéreos. A luta deixou o teto e muros destruídos, como também partes da edificação desmoronadas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
Impossível de se reconhecer
Dura Europos foi fundada no ano 300 a.C. como uma colônia militar. Aqui não somente as batalhas, mas também os constantes saques foram responsáveis para que muitas edificações da chamada "Pompeia síria" não sejam mais reconhecíveis.
Foto: picture-alliance/akg-images/Leo G. Linder
Templo destruído
A cidade de Palmira é considerada um dos centros culturais da antiguidade. Lutas, saques e o roubo de pedras afetaram consideravelmente as atrações históricas. De 2 mil anos, o templo de Baal – na foto, antes da guerra civil – perdeu uma de suas colunas.