Tropas sírias retomam Palmira do "Estado Islâmico"
27 de março de 2016
Exército reconquista completamente a cidade histórica, diz TV estatal síria, e Unesco vai enviar comissão para avaliar danos no Patrimônio da Humanidade. Assad afirma que retomada mostra sucesso de sua estratégia.
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O Exército sírio e seus aliados retomaram o controle completo sobre a cidade-oásis de Palmira, famosa por seus antigos sítios arqueológicos, anunciou neste domingo (27/03) a televisão estatal síria.
Também o Observatório Sírio de Direitos Humanos relatou que o principal contingente do grupo jihadista "Estado Islâmico" (EI) se retirou da cidade em direção ao leste.
O presidente do país, Bashar al-Assad, afirmou que a reconquista de Palmira por seu governo comprova o sucesso da sua estratégia de combate ao terrorismo.
"A libertação é uma conquista importante e outra indicação do sucesso da estratégia perseguida pelo Exército sírio e seus aliados na guerra contra o terrorismo", afirmou Assad à televisão estatal síria.
Já o presidente russo, Vladimir Putin, congratulou o presidente sírio por recuperar a cidade, afirmou o porta-voz do Kremlin Dmiry Peskov, de acordo com a agência de notícias TASS.
"Assad valorizou muito a ajuda que as forças aéreas russas têm fornecido e sublinhou que sucessos como a retomada de Palmira teriam sido impossíveis sem o apoio russo", disse Peskov.
Sucesso militar importante
Tanto os sítios arqueológicos quando as áreas residenciais adjacentes estão novamente sob o controle do Exército, afirmou uma autoridade militar, acrescentando que os combatentes do EI teriam se retirado para os seus bastiões Sukhnah, Raqqa e Deir al-Zor, no leste e norte da Síria.
Ele disse ainda que especialistas militares estariam desativando dezenas de explosivos e minas na cidade histórica. Para o Exército, a tomada de Palmira é um importante sucesso militar, acrescentou.
O grupo radical islâmico havia conquistado Palmira em maio do ano passado e chocou o mundo nos meses seguintes com execuções brutais e a destruição de diversos templos antigos, tumbas e esculturas, consideradas Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
Em 7 de março último, o Exército sírio iniciou uma ofensiva com o apoio da Força Aérea russa para a reconquista da cidade localizada a nordeste de Damasco. A perda de Palmira é um dos maiores revezes sofridos pelo EI desde que proclamou um califado em 2014 em regiões da Síria e do Iraque.
Possível restauração de monumentos
A Unesco vai enviar, o mais rapidamente possível, uma comissão para avaliar os danos de guerra na cidade histórica. A representante russa no órgão da ONU, Eleonora Mitrofanova, disse que organização vai deliberar no dia 4 de abril sobre uma visita à Palmira de uma comissão, que também irá debater sobre a possível reconstrução dos monumentos.
"Primeiro, precisamos de uma visão completa. Os terroristas destruíram o famoso arco do triunfo, templos antigos e estátuas, e também minaram parte do sítio arqueológico", afirmou Mitrofanova.
CA/FC/afp/rtr/dpa/dw
Os tesouros arqueológicos de Palmira
Ruínas dessa antiga cidade são testemunhas de tempos de glória e uma importante herança cultural. Elas estão ameaçadas pela guerra civil na Síria e pela presença do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Ruínas de um passado glorioso
No meio do deserto da Síria ficam as ruínas da antiga cidade de Palmira, que em tempos passados floresceu graças ao comércio. Por centenas de anos, caravanas de comerciantes passaram pela cidade, seguindo a chamada Rota da Seda, que ia até a China. Quando os tempos áureos viraram história, as areias do deserto acabaram tomando conta a cidade.
Foto: Fotolia/bbbar
Templo de Bel
Esta construção foi erguida para um grande deus mesopotâmio. No primeiro século depois de Cristo, os habitantes de Palmira construíram um tempo em estilo romano para a divindade Bel. O custo da obra teria sido arcado pelos romanos, em agradecimento pela adesão da cidade ao Império Romano. As paredes do templo carregam marcas de balas, resultado da guerra civil na Síria.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Neukirchen
Caminho das preciosidades
Esta avenida marcada por colunas tem quase um quilômetro de extensão e foi construída no século 2. Na entrada está o Arco de Adriano, erguido em homenagem ao imperador romano. O estilo greco-romano estava na moda na época, com alguns arabescos orientais. Pela estrada eram transportados temperos, perfumes, pedras preciosas e outros tesouros.
Foto: Louai Beshara/AFP/Getty Images
Monumento em estilo romano
Este tetrápilo fica num cruzamento de ruas. São quatro nichos cobertos, cada um deles formado por quatro colunas de granito rosa, extraído das pedreiras da cidade egípcia de Assuã. Antigamente, os nichos abrigavam estátuas. Quase todas as colunas foram reconstituídas. Apenas uma é original.
Foto: Fotolia/waj
Deus do vento
O deus do vento se chamava Baal-Shamin. De fato, o templo dele foi menos deteriorado pelas tempestades de areia do que os templos fúnebres localizados no outro extremo da avenida das colunas. Acredita-se que o templo tenha sido construído pelos fenícios, que posteriormente ocuparam a região. Não se sabe ao certo, porém, quando exatamente ele foi construído.
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Dramas orientais
Palmira tinha muitas características de uma cidade greco-romana: as colunas, as termas e também o anfiteatro. No palco dele, que era a fachada de um palácio, eram encenados dramas orientais. As peças, escritas em aramaico, se perderam. O teatro também era usado como palco de lutas de gladiadores e de animais.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Marczok
Fórum da classe alta
Estas colunas da ágora, o espaço público central da cidade, ostentavam 200 estátuas que homenageavam as figuras mais poderosas da elite de Palmira. Na parte sudoeste da ágora estão as ruínas de uma construção que possivelmente serviu para as reuniões do conselho da cidade. Dele faziam parte as mais influentes famílias de comerciantes, aquelas que definiam os rumos de Palmira.
Foto: picture-alliance/Robert Harding World Imagery/C. Rennie
Túmulos luxuosos
Do lado de fora da cidade há vários mausoléus. Famílias importantes construíam torres altas, com espaço para os mortos de várias gerações. As últimas moradas de alguns representantes dessas famílias são sarcófagos ricamente ornamentados. Há ainda diversos sepulcros subterrâneos, adornados com afrescos. As sepulturas são um testemunho do cotidiano e das riquezas dos tempos áureos.
Foto: Imago/A. Schmidhuber
Ameaçada pela guerra
No século 3, Palmira se tornou uma base militar. A queda da rainha Zenóbia deu origem a uma reviravolta no poder. Os tempos áureos ficaram para trás, o brilho da cidade começou a ser apagado pela areia. Desde 2001, as ruínas sofrem as consequências da guerra civil na Síria. A nova ameaça são os jihadistas do "Estado Islâmico".