Trudeau pede perdão por Canadá não ter acolhido judeus
8 de novembro de 2018
Primeiro-ministro se desculpa por país não ter permitido desembarque de mais de 900 judeus alemães que fugiam do nazismo em 1939, pouco antes da Segunda Guerra. Deles, mais de 250 morreram durante o Holocausto.
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O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, se desculpou formalmente, em nome de seu país, pela recusa do Canadá em aceitar centenas de refugiados judeus que fugiam da Alemanha nazista pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial.
"Lamentamos a insensibilidade da resposta do Canadá", disse ele. "Nós nos recusamos a ajudá-los quando podíamos tê-lo feito. Contribuímos para selar os destinos cruéis de muitos deles em lugares como Auschwitz, Treblinka e Belzec", disse ele nesta quarta-feira (08/11), em discurso na Câmara dos Comuns, em Ottawa.
Cuba e os Estados Unidos rejeitaram os 907 judeus alemães que estavam a bordo do navio alemão MS St. Louis, antes de eles tentarem desembarcar no Canadá em 1939. O navio foi obrigado a retornar à Europa, e 254 passageiros da embarcação foram mortos pelos nazistas durante o Holocausto.
"Lamentamos por não nos termos pedido desculpas antes", afirmou o premiê, acrescentando que os políticos canadenses da época recusaram o desembarque porque eram antissemitas.
Pouco antes de fazer o pedido de desculpas, Trudeau havia se encontrado com Ana Maria Gordon, uma das sobreviventes daquela trágica viagem do MS St. Louis e que hoje vive no Canadá.
Falando para jornalistas, Trudeau citou o massacre de 27 de outubro numa sinagoga em Pittsburgh, nos EUA – quando 11 judeus foram mortos por um atirador durante uma cerimônia religiosa –, classificando o incidente de uma "trágica lembrança" da existência do antissemitismo.
"Negadores do Holocausto ainda existem. O antissemitismo ainda é presente demais", frisou o premiê. "Discriminação e violência contra judeus no Canadá e ao redor do mundo continuam em ritmo alarmante."
De acordo com a organização judaica B'nai B'rith, incidentes com motivação antissemita atingiram no Canadá um número recorde de 1.752 em 2017, o dobro do registrado no ano anterior.
MD/afp/ap/rtr
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Em 15 de abril de 1945, tropas britânicas chegaram a Bergen-Belsen. No aniversário dos 73 anos da libertação do campo, exposição lembra as 3.500 crianças que estiveram presas no lugar, incluindo Anne Frank.
O campo nazista de Bergen-Belsen abrigou um número excepcionalmente alto de crianças durante seu funcionamento, entre 1943 e 1945. As experiências traumáticas são descritas na exposição "Crianças no Campo de Concentração de Bergen-Belsen". Algumas nunca conseguiram falar sobre o horror sofrido. Outras relataram por escrito suas experiências para a posteridade.
Foto: Stiftung niedersächsische Gedenkstätten
Cara a cara com o passado
O que os visitantes pensam ao ver o retrato de um sobrevivente? Se eles também aprenderam a fazer contas contando cadáveres? Se também brincavam de adivinhar que era o próximo a morrer no barracão? O que parece macabro era apenas a triste realidade das crianças prisioneiras do lugar.
Lous Steenhuis tinha três anos quando chegou a Bergen-Belsen, vinda do campo de concentração de Westenbork e levando sua boneca, Mies. A garotinha, da cidade de Bussum, na Holanda, estava sozinha, sem pais, família ou conhecidos.
Hoje, Lous Steenhuis-Hoepelman tem 76 anos. E ainda guarda contigo sua antiga companheira de campo de concentração. Ela não acha que Mies seja uma boneca bonita. Mas, sem dúvida, o brinquedo a ajudou a suportar os traumas da época.
Foto: Stiftung niedersächsische Gedenkstätten
A vítima mais famosa
Anne Frank morreu em fevereiro de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen, aos 15 anos de idade. A alemã emigrou para a Holanda, com seus pais judeus. Quando os nazistas invadiram o país, Anne teve que viver em um esconderijo junto com a família. Mas eles foram denunciados. Os textos da menina são um importante documento histórico daquela época.
O número total de prisioneiros que estiveram em Bergen-Belsen é estimado em até 120 mil. Tropas britânicas encontraram cerca de 60 mil presos. Quase um quarto deles morreu depois da libertação. Cerca de 50 mil prisioneiros morreram no lugar, incluindo por volta de 600 crianças. As valas comuns no campo de concentração são testemunhas silenciosas da crueldade do domínio nazista.