Trump é processado por suposto conflito de interesses
12 de junho de 2017
Procuradores de Maryland e Colúmbia acusam presidente de violar Constituição ao aceitar, em negócios de seu conglomerado, pagamentos e benefícios de governos estrangeiros. Casa Branca alega motivação partidária na ação.
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Os procuradores-gerais do Distrito de Colúmbia e do estado de Maryland, nos Estados Unidos, entraram com uma ação na Justiça contra o presidente Donald Trump nesta segunda-feira (12/06). Eles acusam o republicano de ter violado as leis anticorrupção do país ao aceitar pagamentos e benefícios de governos estrangeiros em negócios de suas empresas, mesmo durante o mandato.
Brian Frosh, procurador-geral de Maryland, afirmou em coletiva de imprensa que "os conflitos de interesse de Trump ameaçam a democracia" do país. "Não podemos tratar as contínuas violações da Constituição por parte do presidente e seu desrespeito pelos direitos do povo americano como o novo e aceitável status quo", acrescentou o oficial.
De acordo com o processo, instaurado no tribunal distrital de Maryland, as propriedades imobiliárias e comerciais de Trump violam uma cláusula sobre retribuições pouco conhecida da Constituição americana. Essas normas impedem que o presidente aceite benefícios ou pagamentos vindos do exterior sem a aprovação do Congresso. O mesmo vale para outros funcionários do governo.
Frosh classificou o império de Trump como uma série de "emaranhados comerciais". Para ele, é imprescindível que a sociedade americana "questione dia após dia se medidas estão sendo tomadas para beneficiar os Estados Unidos ou se para beneficiar Donald Trump".
"Quando o presidente está sujeito a influência estrangeira, temos que ficar preocupados se as ações que ele coloca em prática – tanto em casa como no exterior – são resultado de pagamentos que ele recebe no Trump Hotel, pagamentos que recebe em Mar-a-Lago, pagamentos que recebe na Trump Tower ou em qualquer outra de suas empresas", disse Frosh, em entrevista à agência de notícias AP.
Antes de assumir a Casa Branca, o magnata transferiu o controle de seu conglomerado para os filhos Donald Jr. e Eric, para evitar possíveis conflitos de interesse enquanto ocupar a presidência.
Mesmo assim, os procuradores-gerais, ambos democratas, consideram que Trump "quebrou suas promessas de manter as responsabilidades públicas separadas de seus interesses empresariais privados", incluindo ao receber atualizações regulares sobre a saúde financeira das companhias.
Frosh afirmou que Trump recebe regularmente diplomatas estrangeiros em seu hotel e faz constantes aparições públicas em estabelecimentos de sua família, "usando seu papel como presidente para levantar seu perfil público". O procurador de Maryland disse ainda que o republicano continuou recebendo dinheiro de governos estrangeiros mesmo depois de ter assumido a Casa Branca.
Segundo explicaram os procuradores ao jornal The Washington Post, se um juiz federal permitir que o caso proceda, um dos primeiros passos seria exigir cópias das declarações fiscais de Trump – que ele vem se negado a tornar públicas – para saber até onde vão seus negócios no exterior.
Em defesa do mandatário,o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, afirmou nesta segunda-feira que as ações de Trump não violam a Constituição e que o processo judicial foi conduzido por motivações claramente partidárias, já que ambos procuradores são democratas.
EK/ap/afp/dpa/efe/lusa/rtr/ots
As construções mais polêmicas de Donald Trump
As megapropriedades não só trouxeram riqueza para Donald Trump, mas também dores de cabeça. Veja alguns empreendimentos do multimilionário pelo mundo.
Foto: Getty Images/S. Olson
Hillary na sombra de Trump
O primeiro debate entre Hillary Clinton e Bernie Sanders, então ainda pré-candidatos do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, em outubro de 2015, aconteceu, literalmente, à sombra de Trump. Isso porque o Trump International Hotel and Tower em Las Vegas estende sua sombra sobre o Wynn Resort, onde estavam os democratas.
Foto: Getty Images/J.Raedle
Questão de gosto
A indignação em Chicago foi enorme quando se soube que Trump iria colocar seu nome em um novo prédio. O prefeito Rahm Emanuel chegou a chamar a construção de "brega e de mau gosto". Mas depois de cinco anos de processos judiciais, Trump conseguiu colocar seu nome no 16º andar em letras gigantescas.
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Jogo de sorte ou de azar?
O Taj Mahal em Atlantic City, no estado de Nova Jersey, custou 1 bilhão de dólares. Só que, depois de 25 anos, em 2014 o complexo de hotel e cassino de Trump quase teve de declarar falência. Uma empresa de investimentos salvou o empreendimento, mas o nome Trump foi mantido. Já o hotel Trump Plaza em Atlantic City não teve a mesma sorte.
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A sede em Nova York
Donald Trump se orgulha do seu centro de poder em Nova York. A Trump Tower, na Quinta Avenida, não é apenas a sede de sua campanha eleitoral: é onde o bilionário mora com a família. No prédio, também têm apartamentos o craque Cristiano Ronaldo, o ator Bruce Willis e o compositor Andrew Lloyd-Webber.
Foto: picture-alliance/AA
Símbolo controverso
Só o átrio já ocupa quase seis andares e é decorado com mármore e ornamentos de ouro. Alguns consideram a Trump Tower, no número 725 da Quinta Avenida, de mau gosto. Para outros, o projeto dos arquitetos Edward Larrabee Barnes e Der Scutt é elegante e atemporal. A torre tornou-se um ímã para os aficionados de arquitetura contemporânea e apoiadores de Trump.
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Riqueza em bairro pobre
O Trump Ocean Club, na Cidade do Panamá, tem um hotel de 400 quartos e 700 apartamentos, em parte ainda vazios. O edifício mais alto da América Latina até 2012 é conhecido pela sua silhueta única. A torre fica perto de um bairro pobre, o que reduziu sua atratividade.
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Resistência escocesa
Trump pretende construir na Escócia o "melhor campo de golfe do mundo". Só que o empreendimento está ameaçado porque Michael Forbes, um simples dono de terras, se nega a vender sua propriedade, que faz fronteira com o complexo. Durante uma visita ao local em junho, Trump elogiou o resultado do Brexit, embora a Escócia queira ficar na União Europeia.
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Trump no Oriente europeu
As Trump Towers em Istambul ficam no bairro Sisli, a parte europeia da Turquia, por isso são consideradas os primeiros arranha-céus de Trump na Europa. Só que de Trump tem apenas o nome, já que o proprietário é o bilionário turco Aydin Dogan. As declarações de Trump sobre o islã geraram a rejeição de muitos muçulmanos na Turquia.
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Projetos no Brasil
Além do hotel que foi aberto no Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos, Trump tem outro projeto ambicioso na Cidade Maravilhosa: cinco edifícios de 38 andares da Trump Towers Rio, na zona portuária. O que era para ser o maior complexo de escritórios em um país dos Brics, porém, ainda nem saiu do papel. As obras deveriam ter começado em 2015.