Presidente volta a atacar imprensa e afirma que ela deu pouca atenção a ataques como o de Paris e Nice, ambos largamente noticiados. Casa Branca compila lista de 78 atentados para embasar acusação.
Anúncio
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a atacar a mídia nesta segunda-feira (06/02), acusando-a de dar pouca atenção a alguns ataques perpetrados por "terroristas islâmicos radicais".
"O 'Estado Islâmico' (EI) está envolvido numa campanha de genocídio, cometendo atrocidades mundo afora. Terroristas islâmicos radicais estão determinados a atacar nosso país", disse Trump, em visita ao Comando Central dos EUA em Tampa, na Flórida.
"Vocês viram o que aconteceu em Paris e Nice. Está acontecendo em toda a Europa. Chegou a um ponto que nem mesmo é noticiado", afirmou o magnata, sem fornecer provas. "Em muitos casos, a imprensa muito, muito desonesta não quer abordar o assunto. Eles têm as suas razões."
Após as declarações do presidente, a Casa Branca divulgou uma lista de 78 ataques terroristas supostamente subnoticiados. O documento, ao qual veículos como Washington Post e The Guardian tiveram acesso, inclui a cidade, o mês, o ano, o alvo e o autor dos ataques, perpetrados entre setembro de 2014 e dezembro de 2016.
Além do ataque executado com um caminhão numa feira natalina em Berlim, em dezembro de 2016, a lista inclui o atentado com um caminhão em Nice, na França, em julho passado; o ataque a uma boate gay em Orlando, em junho; e os ataques de novembro de 2015 em Paris, entre outros atentados que foram largamente noticiados pela mídia internacional.
Segundo o Washington Post, na sequência das afirmações de Trump, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que o presidente acredita que os atentados são "subnoticiados", e não ignorados completamente pela mídia.
LPF/afp/dpa/lusa
Qual o poder do presidente dos EUA?
Chefe de governo e de Estado da maior potência econômica e militar do planeta é frequentemente considerado a pessoa mais poderosa do mundo, mas nem por isso seu poder é ilimitado.
Foto: Klaus Aßmann
Assim diz a Constituição
O presidente é eleito por quatro anos e pode ser reeleito apenas uma vez. Ele é chefe de Estado e de governo. É tarefa dele fazer com que as leis aprovadas pelo Congresso sejam executadas. Cerca de 4 milhões de pessoas trabalham para o Poder Executivo. O presidente pode, como principal diplomata, receber embaixadores e, assim, reconhecer Estados.
Foto: Klaus Aßmann
Balanço entre os poderes
Cada um dos três poderes pode intervir no outro, o que limita de poder de todos. O presidente pode indultar pessoas e nomear juízes federais, mas apenas com a concordância do Senado. O presidente nomeia também, entre outros, seus ministros e embaixadores – se os senadores derem o aval. Esse é um dos meios que o Legislativo tem para controlar o Executivo.
Foto: Klaus Aßmann
Discurso sobre o Estado da União
O presidente tem que informar o Congresso sobre o destino do país, e ele faz isso em seu "discurso sobre o Estado da União". Apesar de não ter o poder de apresentar propostas de leis ao Congresso, ele pode expor suas prioridades no seu discurso. Assim, pode fazer pressão sobre o Congresso. Mas não mais do que isso.
Foto: Klaus Aßmann
Ele pode simplesmente dizer "não"
Se o presidente enviar de volta ao Congresso um projeto de lei sem sua assinatura, significa que ele usou seu poder de veto. E esse veto somente poderá ser revogado por uma maioria de dois terços nas duas câmaras. De acordo com o Senado, dos cerca de 1.500 vetos na história dos EUA, somente 111 foram derrubados.
Foto: Klaus Aßmann
Zona nebulosa na definição de poder
A Constituição e decisões da Suprema Corte não deixam bem claro quanto poder o presidente tem de fato. Uma brecha permite um segundo tipo de veto, o chamado "pocket veto". Sob certas circunstâncias, o presidente pode colocar uma proposta legislativa "no seu bolso", ou seja, ela não vale. O Congresso não pode derrubar esse veto. Essa manobra foi usada mais de mil vezes.
Foto: Klaus Aßmann
Decretos que são válidos como leis
O presidente pode determinar como os funcionários do governo cumprirão seus deveres. Esses decretos presidenciais têm força de lei e não necessitam de aprovação parlamentar. Ainda assim, o presidente não pode fazer o que bem entender. A Justiça pode declarar um decreto inválido, ou o Congresso pode aprovar uma lei contrária. E, ainda, o próximo presidente pode simplesmente revogar um decreto.
Foto: Klaus Aßmann
Contornar o Congresso
O presidente pode negociar acordos com outros governos, mas o Senado deve aprová-los com uma maioria de dois terços. Para contornar isso, em vez de tratados, os presidentes podem fazer uso de "acordos executivos", que não precisam ser aprovados pelo Congresso. Eles são válidos enquanto o Congresso não vetá-los ou aprovar legislação que torne o acordo inválido.
Foto: Klaus Aßmann
Comandante em chefe
O presidente é o comandante em chefe das tropas, mas é o Congresso que tem o poder de declarar guerra. Não está claro, porém, se um presidente pode enviar tropas para uma região em conflito. Na Guerra do Vietnã, o Congresso entendeu que um limite havia sido ultrapassado e interveio por lei. Ou seja, o presidente só pode assumir competências enquanto o Congresso não agir.
Foto: Klaus Aßmann
Impeachment
Se um presidente abusar do poder do cargo ou cometer um crime, a Câmara dos Representantes pode iniciar um processo de impeachment. Mas há um instrumento muito mais poderoso para parar qualquer iniciativa presidencial: o Congresso tem a competência de aprovar o orçamento e pode simplesmente fechar a torneira de dinheiro do presidente.