Sem citar nomes, presidente dos EUA afirma que é investigado por quem recomendou demissão de ex-diretor do FBI James Comey. Alvo da mensagem seria o vice-procurador-geral americano.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (16/06) que está sendo investigado por demitir o ex-diretor do FBI James Comey pela pessoa que o aconselhou a tomar essa decisão, sem especificar a quem se referia.
"Estou sendo investigado por demitir o diretor do FBI pelo homem que me disse para demitir o diretor do FBI! Caça às bruxas", escreveu Trump numa mensagem no Twitter que deixou muitas dúvidas.
O presidente não cita nenhum nome, mas a mensagem foi publicada após ele ter tachado de "falsa" a informação de que o procurador Robert Mueller o estaria investigando por possível obstrução à Justiça. A informação foi dada pelo diário Washington Post, no início da semana.
Não há indicações se o presidente americano se referia a Mueller, que foi nomeado procurador especial da investigação sobre uma suposta interferência russa nas eleições presidências dos EUA depois da saída de Comey.
Aparentemente, a mensagem tinha como alvo o vice-procurador-geral americano, Rod Rosenstein, que elaborou um relatório no qual recomendava a demissão de Comey a Trump e, posteriormente, foi nomeado para o conselho especial que investiga o presidente americano.
Inicialmente, Trump justificou a demissão de Comey apontando para o conselho de Rosenstein e do procurador-geral Jeff Sessions, antes de dizer numa entrevista que tomou a decisão devido a preocupações com o caso envolvendo a Rússia.
Pouco antes da polêmica mensagem, o presidente escreveu outra na qual dizia: "Após sete meses de investigações e audiências em comitê sobre o meu 'complô com os russos', ninguém foi capaz de mostrar nenhuma prova. Triste!".
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, contratou na quinta-feira um advogado para responder a pedidos dos investigadores. O gabinete de Pence confirmou que Richard Cullen, um ex-procurador-geral da Virgínia e com experiência em litigar o Caso Irã-Contras, Watergate e a recontagem de votos na Flórida, em 2000, vai ajudar "a responder ao inquérito" de Mueller.
PV/lusa/efe/rtr/ap
Nove livros para a era Trump
O novo presidente americano não lê muito. Mas, desde que ele chegou ao poder, livros sobre regimes totalitários voltam à lista de best-sellers. Conheça algumas obras que podem ajudar a entender seu estilo de governar.
Foto: Getty Images/S. Platt
"1984"
Em "1984", George Orwell mostra ao leitor o que é viver num Estado totalitário, onde a vigilância é onipresente, e a opinião pública é manipulada pela propaganda. Desde a eleição de Donald Trump, o romance distópico voltou à lista dos mais vendidos. Mas outros clássicos, que descrevem cenários semelhantes, também se encontram cada vez mais sobre as mesas de cabeceira.
Foto: picture-alliance/akg-images
"As origens do totalitarismo"
O ensaio de Hannah Arendt "As origens do totalitarismo" chamou bastante atenção após a sua publicação em 1951. Arendt, que havia fugido da Alemanha nazista, foi uma das primeiras teóricas a analisar a ascensão de regimes totalitários. Há poucas semanas, o livro apareceu por um curto período como esgotado no site de compras Amazon.
Foto: Leo Baeck Institute
"Admirável mundo novo"
O romance distópico de Aldous Huxley "Admirável mundo novo" ainda é leitura obrigatória para escolares e universitários. O livro do escritor britânico, publicado em 1932, descreve a "Gleichschaltung" (uniformização) de uma sociedade por meio da manipulação e condicionamento.
Foto: Chatto & Windus
"O conto da aia"
A distopia feminista de Margaret Atwood também voltou à lista dos best-sellers. O romance publicado em 1985 se passa nos Estados Unidos do futuro, onde as mulheres são reprimidas e privadas de seus direitos por uma teocracia totalitária no poder. Por medo de cenários semelhantes, muitas mulheres se posicionam hoje contra Trump, que continua a provocar discussões com comentários sexistas.
Foto: picture-alliance / Mary Evans Picture Library
"O homem do castelo alto"
Em 1962, Philip K. Dick descreveu em seu romance "O homem do castelo alto" como seria a vida nos Estados Unidos sob a ditadura de vitoriosos nazistas e japoneses após a Segunda Guerra. Em 2015 foi transmitida uma série de TV baseada vagamente no livro do escritor americano. Os cartazes de propaganda do seriado no metrô de Nova York (foto) foram motivo de controvérsia devido à sua simbologia.
Foto: Getty Images/S. Platt
"The United States of Fear"
O livro não ficcional de Tom Engelhardt ainda não publicado no Brasil "The United States of Fear" ("Os Estados Unidos do medo", em tradução livre) foi lançado em 2011. A obra analisa como o fator "medo" favorece investimentos maciços do governo americano nas Forças Armadas, em guerras e na segurança nacional – levando o país, segundo a tese do autor, à beira do abismo.
Foto: Haymarket Books
"Things That Can and Cannot Be Said"
"Things that can and cannot be said" ("As coisas que podem e não podem ser ditas", em tradução livre) é uma coletânea de ensaios e conversas, na qual a autora Arundhati Roy e o ator e roteirista John Cusack refletem sobre o seu encontro com o whistleblower Edward Snowden, em 2014, em Moscou. O livro aborda principalmente a vigilância em massa e o poder estatal.
Foto: picture alliance / Christian Charisius/dpa
"O poder dos sem-poder"
Em seu texto "O poder dos sem-poder" (1978), o escritor e posterior presidente tcheco Vaclav Havel analisa os possíveis métodos de resistência contra regimes totalitários. Ele próprio passou diversos anos na prisão como crítico do governo comunista. Seu ensaio se tornou um manifesto para muitos opositores no bloco soviético.
Foto: DW/M. Pedziwol
"Mente cativa"
Em 1970, o autor polonês e posterior Nobel de Literatura Czeslaw Milosz se tornou cidadão americano. Sua não ficção "Mente cativa" (1953) fala sobre suas vivências como escritor crítico do governo no bloco soviético. Trata-se de um ajuste de contas intelectual com o stalinismo, mas também com a – em sua opinião – enfraquecida sociedade de consumo ocidental.