Trump afirma que paralisação no governo pode durar anos
5 de janeiro de 2019
Presidente dos EUA diz que órgãos federais só serão reabertos quando democratas concordarem em liberar 5 bilhões de dólares para o muro na fronteira com o México. Negociação com líderes parlamentares não avança.
Anúncio
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (04/01) que a paralisação parcial do governo americano – que completa agora duas semanas – pode durar meses ou anos. A declaração foi feita a líderes do Congresso reunidos na Casa Branca.
Questionado por um jornalista, em coletiva de imprensa, sobre a real possibilidade de manter órgãos federais fechados por tempo indeterminado, o presidente respondeu: "Eu disse isso, absolutamente disse isso. Não acredito que vá acontecer, mas estou preparado".
Em 22 de dezembro, o governo americano deu início ao fechamento de cerca de um quarto de seus serviços por falta de fundos, depois de republicanos e democratas não terem chegado a um acordo orçamentário no Congresso sobre as exigências de Trump para o financiamento de um controverso muro na fronteira com o México.
Embora dias antes os parlamentares tivessem concordado com um orçamento, o presidente se negou a assiná-lo, uma vez que o documento não incluía os mais de 5 bilhões de dólares que ele havia exigido para a construção do muro, levando assim à atual paralisação.
Nesta sexta-feira, Trump disse estar "muito orgulhoso" de suas ações. "Eu não chamo de paralisação, chamo de fazer o que tiver que fazer para o benefício e a segurança do nosso país", declarou.
"Estamos falando de segurança nacional, não jogando jogos", acrescentou o republicano, ao confirmar que a paralisação vai durar o tempo que for necessário numa tentativa de forçar o Congresso a aprovar o orçamento bilionário para sua "poderosa barreira".
"A fronteira sul é um desastre perigoso e horrível", acrescentou Trump, denunciando ocorrer ali imigração ilegal e tráfico de drogas e de humanos. "Temos que ter essa estrutura erguida."
Ainda falando a repórteres, o presidente levantou a possibilidade de declarar emergência nacional a fim de ordenar a construção do muro sem a necessidade da aprovação dos democratas no Congresso. "Posso fazer isso se eu quiser. Essa é outra maneira de fazer isso", ameaçou.
O chefe de Estado também alegou que alguns ex-presidentes americanos chegaram a dizer a ele que erraram ao não terem construído um muro durante sua gestão. Nenhum antecessor de Trump jamais defendeu publicamente essa ideia.
As declarações de Trump à imprensa ocorreram após uma reunião com líderes parlamentares na Casa Branca para discutir a paralisação no governo. Embora o presidente tenha chamado a discussão de "muito produtiva", nenhum acordo com os opositores foi alcançado. Negociações entre democratas e republicanos devem continuar neste fim de semana.
Fontes afirmaram que, durante a reunião, Trump foi firme em sua decisão de manter parte do governo fechado até que os democratas concordem em liberar os 5 bilhões de dólares para o muro.
O Partido Democrata, por sua vez, urge ao presidente que suspenda a paralisação enquanto as negociações estão em curso. Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado, afirmou que será "difícil ver progressos sendo feitos até que o governo seja reaberto".
A paralisação parcial atinge agências de dez departamentos do governo federal, incluindo Transporte e Justiça, assim como dezenas de parques nacionais.
Além disso, afeta cerca de 800 mil dos 2,1 milhões de funcionários do governo, que pararam de receber seus salários. Deles, 420 mil têm que comparecer ao trabalho, em serviços considerados "essenciais", enquanto o restante permanece em casa.
Em seu mandato, o ex-presidente americano Donald Trump prometeu construir um muro entre EUA e México. Mas, muito antes disso, esta fronteira já havia sido foco de filmes espetaculares. Veja a lista.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
John Wayne em guerra
Em meados do século 19, EUA e México entraram em guerra sobre o estado do Texas, que pertencia aos mexicanos, mas foi anexado pelos americanos. A longa disputa foi muitas vezes retratada por Hollywood nos faroestes que detalhavam os violentos conflitos entre colonos americanos e o Exército mexicano. Entre os mais espetaculares está "Álamo" (1960), estrelado por John Wayne e Richard Widmark.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
Dietrich e a fronteira
Em 1958, Marlene Dietrich fez uma breve aparição no brilhante suspense "A marca da maldade". O diretor Orson Welles, que teve o papel principal no filme, fez da região fronteiriça entre México e EUA o cenário para falar sobre corrupção, tráfico de drogas e outros crimes.
Foto: picture-alliance/United Archives/IFTN
"Rio Bravo"
Quando John Wayne apareceu em "Álamo", a grande era do faroeste americano estava quase no fim. Mas, quando o gênero cresceu na década de 1950, muitos faroestes se passaram na fronteira entre Texas, Novo México e Arizona de um lado, e o México, do outro. Um marco simbólico era o rio Grande que, localizado nesta fronteira, rendeu o título do legendário filme do diretor John Ford, de 1950.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
A fronteira em faroestes posteriores
No entanto, a fronteira entre os dois países conseguiu manter sua importância em numerosos faroestes lançados posteriormente. A região desempenhou um papel de destaque em "Meu ódio será tua herança" (1969), do diretor Sam Peckinpah, um épico do faroeste selvagem com muito sangue e que enfoca a ilegalidade em uma terra esquecida.
Foto: Imago/Entertainment Pictures
Variações modernas
O diretor americano Robert Anthony Rodriguez tem uma paixão pela região de fronteira, o que talvez se deva às suas raízes mexicanas. Muitos de seus filmes reproduzem o choque de culturas nesta região fronteiriça. Seu filme "Um drink no inferno", de 1996, viu Quentin Tarantino e George Clooney encenando irmãos que roubam bancos e que tentam fugir para o México.
Foto: picture-alliance/United Archives
Não há lugar para envelhecer
Ganhador de vários Oscars em 2008, entre eles o de melhor filme e direção, "Onde os fracos não têm vez" foi dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen. A produção aborda as drogas, máfia, assassinatos e fraudes. O filme se passa na fronteira entre EUA e México – um lugar perigoso, onde a morte é comum e poucos envelhecem.
Foto: picture-alliance/dpa/Paramount Pictures
Ao sul de Albuquerque
Albuquerque, no Novo México, é o cenário da extremamente popular série de televisão "Breaking Bad", que foi produzida entre 2008 e 2013. Ela enfoca histórias na região envolvendo drogas. Ao sul de Albuquerque, fica a lendária fronteira entre Estados Unidos e México.
Foto: Frank Ockenfels 3/Sony Pitures
O lado obscuro do comércio
No filme "Desaparecidos" (2007), o diretor alemão Marco Kreuzpaintner escolheu contar a história de crianças mexicanas que atravessam a fronteira para os Estados Unidos como parte do tráfico de escravos sexuais. A estrela de Hollywood Kevin Kline desempenhou o papel principal.
Foto: picture-alliance/kpa
Guerra de drogas na fronteira
"Sicario: terra de ninguém" examina o impacto das guerras do narcotráfico na área de fronteira entre Arizona e México. O cineasta canadense Denis Villeneuve fez o agitado suspense em 2015, tendo Benicio del Toro no papel principal. A obra foi filmada no sul do Arizona.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Lionsgate/Richard Foreman Jr.
Filmes sobre drogas
A questão do narcotráfico parece atrair diretores de forma mágica. Em 2013, o cineasta britânico Ridley Scott filmou um suspense também nesta região fronteiriça. "O conselheiro do crime", estrelado por Brad Pitt e Michael Fassbender, foi filmado em El Paso, no Texas, e na Espanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Crime e política
Há 17 anos, o diretor Steven Soderbergh lançou o renascimento dos filmes sobre a guerra das drogas. Em "Traffic", ele retrata a complexa relação entre polícia, traficantes e políticos – cujos laços uns com os outros estão indissociavelmente interligados para além das fronteiras geográficas.
Foto: picture-alliance/United Archives
Histórias de detetive
Além de faroestes e suspenses sobre drogas, inúmeras histórias de detetives e assassinatos misteriosos decorrem na fronteira entre EUA e México. Um clássico do gênero é o filme "O perigoso adeus" (1973), de Robert Altman, baseado em um romance de Raymond Chandler. O filme foi gravado na Califórnia, mas também em Tepoztlán, no México.
Foto: picture-alliance/United Archives/Impress
A fronteira em tempos de globalização
Em 2006, o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu filmou o drama narrativo múltiplo "Babel". A obra traça os destinos entrelaçados de várias pessoas de diferentes regiões do mundo, e é uma parábola cinematográfica sobre a questão do significado da fronteira para as pessoas em tempos de globalização.
Foto: picture alliance/kpa
Comédia de fronteira
Não há muito o que rir quando se trata de uma fronteira. A maior parte dos filmes que lida com os laços entre EUA e México tendem à seriedade. Mas, em 2004, James L. Brooks fez a comédia "Espanglês" sobre um encontro com muito clichê entre um americano rico (Adam Sandler) e uma faxineira mexicana (Paz Vega).
Foto: picture-alliance/United Archives
Drama sobre imigração
Nos últimos anos, mais e mais filmes foram produzidos sobre imigração e pobreza na região. No ano passado, a coprodução Alemanha-França-México "Soy Nero" estreou na Berlinale. O diretor Rafi Pitts, com raízes iranianas, conta a história de um jovem mexicano que atravessa a fronteira para os EUA em busca de uma vida melhor.
Foto: picture-alliance/dpa/Neue Visionen
Um clássico moderno
Talvez o filme mais impressionante sobre a imigração do Sul para o Norte tenha sido feito por Cary Fukunaga, em 2009. "Sem identidade" retrata o destino de vários jovens do México que estão tentando chegar aos EUA. Enquanto alguns estão tentando escapar de bandos criminosos de suas cidades, outros procuram o paraíso na Terra.