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Trump ameaça acionar Forças Armadas para conter protestos

2 de junho de 2020

No 7º dia de manifestações antirracismo, presidente critica inação de governadores e promete enviar milhares de soldados para pôr fim a distúrbios. Visita de Trump a igreja é criticada como tentativa de autopromoção.

Trump caminha entre policiais nas imediações da Casa Branca
Trump caminha entre policiais nas imediações da Casa BrancaFoto: Reuters/T. Brenner

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou enviar as Forças Armadas para conter protestos antirracismo no país, que continuaram pela sétima noite seguida nesta segunda-feira (01/06). O líder da Casa Branca disse que irá destacar milhares de soldados para as ruas de Washington, além de enviar tropas para os estados onde a situação estaria fora de controle.

As manifestações em várias cidades do país tiveram início após a morte de George Floyd, um homem negro desarmado que morreu após ser asfixiado por um policial na cidade de Minneapolis. Uma autópsia independente realizada na Universidade do Michigan confirmou a morte por asfixia.

Os protestos mais intensos das últimas décadas nos EUA se espalharam por dezenas de cidades, incluindo Los Angeles e Nova York.

Após ser criticado por silenciar sobre a crise que eclodiu após a morte de Floyd, Trump fez um pronunciamento à nação nesta segunda-feira, no jardim da Casa Branca, enquanto policiais dispersavam com bombas de gás lacrimogêneo manifestantes que protestavam pacificamente do lado de fora.

"Estou enviando milhares e milhares de soldados fortemente armados, equipes militares e oficiais da lei para pôr fim aos protestos, saques, vandalismos, agressões e destruições arbitrárias de propriedades", disse o presidente.

Ele considerou os distúrbios ocorridos na capital na noite anterior como uma "desgraça total" e pediu que governadores "tomem o controle das ruas". "Se uma cidade ou estado se recusar a tomar as ações necessárias para defender a vida e a propriedade de seus moradores, enviarei as Forças Armadas dos EUA e resolverei rapidamente o problema para eles."

Durante o pronunciamento, a polícia dispersava uma multidão nas proximidades da Casa Branca para que Trump pudesse caminhar pela rua até a igreja de St. John, que foi parcialmente atingida por um incêndio e pichada na noite anterior.

Trump posa para fotógrafos com uma Bíblia em frente à igreja de St. John, em WashingtonFoto: Reuters/T. Brenner

No local, Trump posou para fotógrafos com uma Bíblia na mão, em frente às janelas da igreja cobertas por tapumes. A atitude foi severamente criticada por adversários políticos e autoridades eclesiásticas.

"Ele está usando as Forças Armadas americanas contra o povo americano", afirmou o candidato democrata à presidência, Joe Biden. "Ele atacou manifestantes pacíficos com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Para uma foto. Pelas nossas crianças, pela alma de nosso país, devemos derrotá-lo."

O bispo da diocese local em Washington, Michael Curry, acusou Trump de usar a visita à igreja para se autopromover. "Ao fazê-lo, ele usou o edifício da igreja e a Bíblia Sagrada para propósitos político-partidários" declarou, através do Twitter.

A bispa episcopal de Washington, Mariann Budde, afirmou estar "indignada" com a visita de Trump, afirmando que ele não tinha permissão para fazê-lo.

Sobre a ação policial contra os manifestantes, a Casa Branca informou que a polícia agiu para liberar a área antes do toque de recolher na capital.

RC/afp/rtr

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