O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resolveu ameaçar o Congresso nesta quinta-feira (20/12) e disse que não sancionará nenhuma lei até que os parlamentares incluam no projeto de orçamento do país os recursos necessários para a construção de um muro na fronteira com o México.
Ontem, o Senado aprovou um projeto de orçamento que busca evitar uma paralisação parcial do governo. No entanto, a proposta não incluía o dinheiro pedido por Trump para as obras na fronteira.
"Estão começando a se dar conta é que eu não assinarei nenhuma das leis deles, incluindo a de infraestrutura, a menos que eu tenha uma segurança fronteiriça perfeita. Os Estados Unidos vencem!", afirmou Trump em mensagem publicada no Twitter.
Além disso, o presidente republicano acusou os democratas de colocar a política acima dos interesses do país.
Na quarta, o Senado aprovou um projeto de orçamento elaborado pelos republicanos com o consenso dos democratas. A proposta garante o financiamento do governo por sete semanas, a partir desta sexta-feira, quando expira a atual previsão orçamentária do governo. Mas Trump já avisou que não vai assinar essa lei.
"O Presidente [Donald Trump] informou-nos de que não vai assinar a lei vinda do Senado ontem [quarta-feira] à noite, devido às suas preocupações legítimas com a segurança nas fronteiras", declarou o presidente da Câmara baixa do Congresso dos Estados Unidos, o republicano Paul Ryan, após uma reunião entre republicanos e o chefe de Estado.
Esta decisão de Trump aumenta os riscos de uma paralisação parcial ("shutdown") da administração federal antes do Natal.
Em reunião na semana passada com os líderes democratas do Congresso, Trump disse que ficaria "orgulhoso" de forçar uma paralisação do governo para garantir o financiamento para o muro.
Os democratas, contudo, se mantêm firmes e afirmaram que não vão apoiar um orçamento que financie o muro de Trump na fronteira com o México – com custo estimado de 5 bilhões de dólares.
"O financiamento do muro não é um ponto de partida", disse a democrata Nancy Pelosi, provável sucessora de Ryan, quando os democratas retomarem a maioria da Câmara em 3 de janeiro. "Acho que eles sabem disso".
JPS/efe/lusa
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Donald Trump quer um "grande e belo muro" entre os EUA e o México para frear a migração e o narcotráfico. Em outros lugares, barreiras de concreto e metal feitas para resolver problemas tiveram variados graus de êxito.
Foto: Getty Images/J. MooreAntes de Donald Trump, Bill Clinton já mandou construir cercas na fronteira. Após os atentados de setembro de 2001, George Bush acelerou a construção. Desde então, quase 1.100 quilômetros de fronteira receberam paredes de concreto, vigas de aço e outros tipos de obstruções.
Foto: Getty Images/D. McNewDesde 2002, Israel está construindo uma barreira ao longo da Cisjordânia. O projeto, oficialmente justificado como proteção contra o terrorismo, é altamente controverso e muitas vezes chamado "muro da separação". Há mais de dez anos, a Corte Internacional de Justiça declarou que ele viola o direito internacional. Israel, no entanto, continua construindo o muro, que deverá ter 759 km de extensão.
Foto: A. Al-BazzUm muro de controle militar de mais de 700 km na região da Caxemira divide a Índia e o Paquistão desde 1971. Em muitos lugares, esta "linha de controle" é reforçada por minas e arame farpado. A barreira de arame, que em alguns locais tem 3 metros de altura, também pode ser eletrificada.
Foto: Getty Images/AFPParedes divisórias também separam classes econômicas. Como em Lima, onde uma parede de concreto de 3 m de altura separa os moradores pobres de um bairro de ricos. Aliás, "condomínios fechados" são frequentes na América Latina. Os moradores da capital do Peru chamam a parede de "muro da vergonha".
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/S. CastanedaNa capital do Iraque, um muro de 4 metros de altura e 5 km de extensão corta a cidade. Ele foi construído pelos militares dos EUA na região dominada pelos xiitas em 2007. Hoje, o muro separa quase 2 milhões de pessoas. Também em outros bairros de Bagdá, paredes de concreto separam enclaves sunitas de bairros xiitas.
Foto: Getty Images/W. KuzaieO governo britânico construiu os chamados "muros da paz" na Irlanda do Norte em 1969 para separar católicos e protestantes. Portões permitiam a passagem para o outro lado. Em caso de conflitos, eles eram fechados. Alguns moradores dizem, no entanto, que as paredes acentuaram ainda mais a divisão na mente das pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. SmiejekDesde o final da Guerra da Coreia, nos anos 1950, uma zona desmilitarizada separa a Coreia do Norte, comunista, e a Coreia do Sul, capitalista. A faixa de cerca de 4 km de largura e 250 km de comprimento é uma das áreas restritas mais vigiadas do mundo. Em alguns pontos, muros marcam a fronteira entre as duas Coreias.
Foto: Getty Images/AFP/E. JonesTambém a Europa está se isolando. Desde outubro de 2015, a Hungria está fechando sistematicamente sua fronteira para evitar refugiados. No início, a cerca ainda não era hermética. Hoje, no entanto, quase ninguém consegue mais passar para o outro lado. A Hungria também quer construir uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/S. UjvariNos enclaves espanhóis de Ceuta e Mellila, no Marrocos, há fortificações especialmente altas. Para superá-las, é preciso passar por até três cercas. Para complicar, há detectores de movimento, câmeras infravermelhas e um arame farpado que penetra fundo na pele. Mesmo assim, muitos se arriscam e acabam se ferindo.
Foto: picture-alliance/dpa/A. SempereNa fronteira com a Síria, de onde muitos estão fugindo da guerra civil, a Turquia está construído um muro de 511 km de extensão. No final de fevereiro, o governo de Ancara anunciou que metade já está pronta. O muro de 3 metros de altura tem arame farpado e torres de vigilância. Várias vezes, a União Europeia criticou a Turquia por fazer controles muito brandos em suas fronteiras.
Foto: picture alliance/AA/R. Maltas