Após reunião bilateral com premiê israelense em Davos, presidente dos EUA diz que, para terem ajuda financeira, palestinos devem voltar a negociar a paz com Israel e mostrar respeito.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira (25/01) suspender a ajuda aos palestinos caso estes continuem a recusar negociações de paz com Israel. A ameaça foi feita após um encontro entre o republicano e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial.
"O dinheiro está sobre a mesa e não irá para eles até se sentarem e negociarem a paz", advertiu Trump. O presidente criticou ainda a recusa do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, em receber o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, na semana passada, durante viagem do americano à região. Na ocasião, Pence anunciou a transferência da embaixada americana para Jerusalém até o fim de 2019.
"Os palestinos faltaram com o respeito ao nosso grande vice-presidente", disse Trump, que ameaçou reter mais fundos para os palestinos se os dirigentes não mostrarem respeito, além de voltar para a mesa de negociações.
O presidente americano não foi claro em relação à quantia que ameaçou reter. Desde meados dos anos 1990, Washington já contribuiu com mais de 5 bilhões de dólares em ajuda econômica e para segurança dos palestinos. Desde 2008, os repasses anuais dos EUA ao povo palestino são, em média, de 400 milhões de dólares, grande parte destinada a projetos de desenvolvimento.
Na semana passada, o governo Trump já congelou 65 milhões dos 125 milhões de dólares que deveria repassar à Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) em janeiro, alegando a necessidade de reformas, mas sem especificá-las.
Em Davos, Trump reiterou ainda seu desejo de paz e argumentou que, com a eliminação da questão de Jerusalém – em referência ao anúncio pelos Estados Unidos que reconhecerá a cidade como capital de Israel –, foi eliminado um obstáculo para o sucesso das negociações.
Impasse nas negociações
Os palestinos se retiraram das negociações após a decisão dos EUA, no final do ano passado, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. A ANP, bem como algumas nações árabes, decidiram que os Estados Unidos já não podem ser considerados um interlocutor imparcial no processo de paz.
Em resposta às declarações de Trump nesta quinta-feira, o porta-voz de Abbas, Nabil Abu Rdainah, afirmou que os próprios EUA se retiraram da mesa de negociações ao reconhecerem Jerusalém como capital de Israel.
"Os direitos palestinos não estão à altura de qualquer barganha, e Jerusalém não está à venda. Os Estados Unidos não podem ter papel algum a não ser que voltem atrás na decisão", ressaltou.
Em Davos, Netanyahu afirmou que somente os EUA podem negociar um acordo de paz. "Não há substituto para os Estados Unidos, como negociador honesto e facilitador. Nenhum outro corpo internacional faria isso", acrescentou.
A reunião bilateral entre Trump e Netanyahu ocorreu logo após a chegada do presidente americano a Davos, onde ele discursará sobre sua agenda econômica protecionista na sexta-feira.
CN/efe/lusa/rtr
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Jerusalém, a história de um pomo da discórdia
Jerusalém é uma das cidades mais antigas do mundo, e ao mesmo tempo um dos maiores focos de conflitos. Judeus, muçulmanos e cristãos veem Jerusalém como cidade sagrada.
Foto: picture-alliance/Zumapress/S. Qaq
Cidade de Davi
Segundo o Velho Testamento, no ano 1000 a.C., Davi, rei de Judá e Israel, conquistou Jerusalém dos jebuseus, uma tribo cananeia. Ele mudou a sede de seu governo para Jerusalém, que se tornou capital e centro religioso do reino. De acordo com a Bíblia, Salomão, o filho de Davi, construiu o primeiro templo para Yaweh, o deus de Israel. Jerusalém tornou-se assim o centro do Judaísmo.
Foto: Imago/Leemage
Reino dos persas
O rei Nabucodonosor 2º, da Babilônia, conquistou Jerusalém em 597 e novamente em 586 a.C., segundo a Bíblia. Ele destruiu o templo e aprisionou o rei Joaquim de Judá e a elite judaica, levando-os para a Babilônia. Quando o rei persa Ciro, o Grande, conquistou a Babilônia, permitiu que os judeus voltassem do exílio para Jerusalém e reconstruíssem o templo.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
Sob o poder de Roma e Bizâncio
A partir de 63 d.C., Jerusalém passou ao domínio de Roma. A resistência se formou rapidamente entre a população, eclodindo uma guerra no ano 66. O conflito terminou quatro anos depois, com a vitória dos romanos e uma nova destruição do templo em Jerusalém. Os romanos e os bizantinos dominaram a Palestina por 600 anos.
Foto: Historical Picture Archive/COR
Conquista pelo árabes
Durante a conquista da Grande Síria, as tropas islâmicas chegaram até a Palestina. Por ordem do califa Umar, em 637, Jerusalém foi sitiada e conquistada. Durante a época da supremacia muçulmana, vários rivais se revezaram no domínio da região. Jerusalém foi ocupada várias vezes e trocou diversas vezes de soberano.
Foto: Selva/Leemage
No tempo das Cruzadas
O mundo cristão passou a se sentir cada vez mais ameaçado pelos muçulmanos seljúcidas, que governavam Jerusalém desde 1070. Em consequência, o papa Urbano 2º convocou as Cruzadas. Ao longo de 200 anos, os europeus conduziram cinco Cruzadas para conquistar Jerusalém, algumas vezes com êxito. Por fim, em 1244, os cristãos perderam de vez a cidade, que caiu novamente sob domínio muçulmano.
Foto: picture-alliance/akg-images
Os otomanos e os britânicos
Após a conquista do Egito e da Arábia pelos otomanos, em 1535, Jerusalém se tornou sede de um distrito governamental otomano. As primeiras décadas de domínio turco representaram impulsos significativos para a cidade. Com a vitória dos britânicos sobre as tropas turcas em 1917, a região – e também Jerusalém – passou ao domínio britânico.
Foto: Gemeinfrei
Cidade dividida
Após a Segunda Guerra Mundial, os britânicos renunciaram ao mandato sobre a região. A ONU aprovou a divisão da área, a fim de abrigar os sobreviventes do Holocausto. Isso levou alguns países árabes a iniciarem uma guerra contra Israel, em que conquistaram parte de Jerusalém. Até 1967, a cidade esteve dividida em lado israelense e lado jordaniano.
Foto: Gemeinfrei
Israel reconquista o lado oriental
Em 1967, na Guerra dos Seis Dias contra Egito, Jordânia e Síria, Israel conquistou o Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, as Colinas de Golã e Jerusalém Oriental. Paraquedistas israelenses chegaram ao centro histórico e, pela primeira vez desde 1949, ao Muro das Lamentações, local sagrado para os judeus. Jerusalém Oriental não foi anexada a Israel, apenas integrada de forma administrativa.
Desde esta época, Israel não impede os peregrinos muçulmanos de entrarem no terceiro principal santuário islâmico do mundo. O Monte do Templo está subordinado a uma administração muçulmana autônoma. Muçulmanos podem tanto visitar como também rezar no Domo da Rocha e na mesquita de Al-Aqsa, que fica ao lado.
Foto: Getty Images/AFP/A. Gharabli
Status não definido
Até hoje, Jerusalém continua sendo um obstáculo no processo de paz entre Israel e os palestinos. Em 1980, Israel declarou a cidade inteira como "capital eterna e indivisível". Depois que a Jordânia desistiu de reivindicar para si a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, em 1988, foi conclamado um Estado palestino, com o leste de Jerusalém como sua capital.