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Trump anuncia nova estratégia para o Afeganistão

22 de agosto de 2017

Presidente americano estabelece como principal objetivo combate ao terrorismo e diz que rápida retirada de soldados dos EUA deixaria vácuo político no país. Cabul saúda Washington, e Talibã promete intensificar jihad.

Donald Trump
Trump: "Não podemos repetir no Afeganistão os erros que nossos líderes cometeram no Iraque"Foto: Getty Images/M. Wilson

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (21/08) a nova estratégia americana para o Afeganistão e o Sul da Ásia, fazendo da caça a terroristas a principal prioridade.

Os objetivos incluem "obliterar" o "Estado Islâmico" (EI), "esmagar" a Al Qaeda e impedir o Talibã de dominar o Afeganistão, afirmou Trump em um discurso televisionado perante as tropas em Fort Meyer, em Arlington, no estado da Virgínia.

Era aguardado que Trump anunciasse um aumento de 4 mil soldados americanos no Afeganistão, de acordo com relatos da imprensa local citando funcionários não identificados do Congresso que tinham sido informados pela Casa Branca. Mas o presidente disse que "não ia falar sobre números de tropas ou nossos planos para futuras atividades militares".

Atualmente, os EUA mantêm cerca de 8.500 soldados no Afeganistão, lutando na guerra em que Washington entrou após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

Forças de segurança afegãs seguem dependentes de ajuda estrangeira para combater insurgentesFoto: Imago/Xinhua/R. Safi

Trump reconheceu que o povo americano está cansado da guerra sem vitória e disse que compartilha dessa frustração em relação a "uma política externa que gastou muito tempo, energia, dinheiro e, o mais importante, vidas – tentando reconstruir países em vez de perseguir nossos interesses de segurança acima de todas as outras considerações".

"Meu instinto original era de retirar [as tropas]. Mas as decisões são muito diferentes quando você se senta à mesa no Salão Oval", disse Trump. "Não podemos repetir no Afeganistão os erros que nossos líderes cometeram no Iraque."

Segundo o presidente, uma retirada precipitada seria uma repetição da saída militar americana do Iraque em 2011, que deixou um vácuo político preenchido por terroristas. Trump também afirmou que ampliará a autoridade das Forças Armadas dos EUA para atacar terroristas e redes criminosas.

"Esses assassinos precisam saber que não têm onde se esconder, que nenhum lugar está além do alcance do poder americano e das armas americanas", afirmou.

Um pilar central da nova estratégia é uma mudança na abordagem – as operações não serão mais baseadas num cronograma, mas nas condições que se apresentarem. "Eu disse muitas vezes o quão contraproducente é pra os EUA anunciar antecipadamente as datas nas quais pretendemos começar ou encerrar as opções militares", disse Trump.

A nova estratégia também inclui alterações na abordagem em relação ao Paquistão, que Trump disse estar providenciando refúgio para terroristas.

Desde 2014, combatentes talibãs têm conseguido ganhos territoriais constantes e controlam quase metade do paísFoto: Imago/Xinhua/Milad

Talibã promete seguir com a jihad

Num comunicado divulgado pouco depois do discurso de Trump, o Talibã prometeu continuar a luta "até o último suspiro" e afirmou que, caso os EUA não se retirem do Afeganistão, o país se transformará num cemitério para as tropas americanas.

A organização extremista também comunicou que seguirá adiante com a jihad (guerra santa) "com total determinação", até o último soldado americano estar fora do Afeganistão.

O governo de Cabul, por sua vez, saudou o discurso de Trump, afirmando estar ouvindo "exatamente o que precisávamos". Em comunicado, o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, afirmou que o anúncio de Washington mostrou o "compromisso duradouro do parceiro fundamental do Afeganistão neste conflito global".

O embaixador afegão nos Estados Unidos, Hamdullah Mohib, elogiou Trump por "romper o silêncio" sobre o Paquistão e disse que Cabul está empenhada em continuar as reformas que mostram que merece o apoio americano.

Trump apoiou Obama em retirada do Afeganistão

Até o momento, o conflito no Afeganistão custou aos EUA milhares de vidas e centenas de bilhões de dólares em ajuda militar e humanitária. Enquanto as tropas americanas derrubaram com sucesso o regime talibã em 2001, não conseguiram desmantelar o movimento jihadista nem romper a dependência das forças que combatem os insurgentes do apoio americano.

Em 2010, os EUA mantinham mais de 100 mil soldados nos Afeganistão. A maioria, porém, deixou o país até o final de 2014, com a Otan mantendo um contingente de cerca de 13 mil soldados atuando como consultores.

Desde a retirada dos EUA, o Talibã alcançou ganhos territoriais constantes. O governo de Cabul controla atualmente apenas pouco mais da metade do país. Os jihadistas têm lançado repetidos ataques no cerne da capital afegã.

Antes mesmo da campanha presidencial de 2016, Trump descreveu a guerra afegã como um "desperdício" de vidas e dinheiro e, posteriormente, como "um erro terrível".

Na época, Trump concordou com o antecessor, Barack Obama, que ordenou a retirada americana do Afeganistão. Mais tarde, Obama diminuiu o ritmo da retirada e, em julho do ano passado, anunciou que manteria 8.400 soldados no país, em vez dos 5.500 anteriormente previstos.

PV/dpa/rtr/afp/dw

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