Trump anuncia novas sobretaxas a importações da China
1 de agosto de 2019
Tarifa atinge US$ 300 bilhões em produtos do país asiático que ainda estavam isentos de pacote protecionista. Trump acusa China de não cumprir promessas para solucionar impasse comercial.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou (01/08) nesta quinta-feira a imposição, a partir de 1º de setembro, de novas sobretaxas de 10% sobre outros 300 bilhões de dólares em produtos importados da China, acirrando a guerra comercial entre os dois países.
As novas tarifas atingem as importações que haviam sido poupadas até agora pelos EUA e se unem as sobretaxas de 25% já impostas sobre 250 bilhões de dólares em produtos importados da China, país que exporta cerca de 500 bilhões de dólares em bens para os Estados Unidos anualmente.
"Acreditávamos que tínhamos um acordo com a China há três meses, mas, infelizmente, a China decidiu renegociar o acordo antes da assinatura", afirmou Trump no Twitter, ao anunciar as novas tarifas.
Trump justificou a decisão acusando os dirigentes de Pequim de não terem cumprido as promessas de aumentar significativamente o volume de compras de produtos agrícolas dos EUA e de interromper as vendas de fentanil, um potente opioide que causa muitos dependentes nos Estados Unidos.
Segundo Trump, "muitos americanos continuam morrendo" por causa desse perigoso opioide vendido clandestinamente em ampla escala por laboratórios do país asiático. A substância causou a morte do astro pop Prince e de cerca de 30 mil americanos em 2017.
"Esperamos continuar o nosso diálogo positivo com a China sobre um acordo comercial integral e sentimos que o futuro entre nossos países será muito brilhante", concluiu Trump.
Os dois países continuam negociando uma forma de resolver a guerra comercial aberta pelo presidente americano. Fases de progresso e desastre tem se alterado ao longo das negociações. Em maio, as conversas pareciam ter entrado em colapso, mas ganharam um impulso depois da reunião entre Trump e presidente da China, Xi Jinping, durante a cúpula do G20 no Japão.
Na quarta-feira, o governo americano disse que as negociações comerciais realizadas nos últimos dias em Pequim – a primeira de alto nível desde o G20 – foram suspensas e serão retomadas em Washington no início de setembro.
A Casa Branca havia informado ainda que os negociadores chineses tinham confirmado "o compromisso de aumentar as compras de produtos agrícolas dos EUA" e classificado os encontros como "construtivos".
Apesar do aparente sucesso, Trump decidiu impor uma nova sobretaxa aos 300 bilhões de dólares em produtos chineses que ainda estavam fora do pacote protecionista da Casa Branca.
As tensões entre EUA e China têm raízes no desequilíbrio da balança comercial a favor do país asiático, que exporta 419 bilhões de dólares a mais do que importa, o que segundo Trump acontece devido a injustas práticas comerciais do gigante asiático.
A economia global está à beira de um novo colapso? Não há como ignorar que crescem os indícios de uma nova crise em nível global, mas de onde partem os perigos maiores?
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Alto endividamento
Qualquer um sabe que, em tempos de vacas gordas, é aconselhável guardar para os tempos ruins. Desde 2008, contudo, o endividamento no mundo aumentou em 60%. Faltam aos cofres públicos e aos cidadãos privados cerca de 182 trilhões de dólares. De onde tirar dinheiro para aguentar o ciclo descendente?
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Países emergentes
Apesar de responderem por 40% da produção global, as economias emergentes são vulneráveis. Elas fomentam o consumo com moeda estrangeira, geralmente dólares. Mas esse sistema falha quando aumentam as taxas de juros americanas, pois aí os investidores preferem aplicar nos Estados Unidos lá. A Argentina foi a primeira vítima. A Turquia pode ser a próxima.
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Economia americana
Donald Trump ainda consegue manter a maior economia do mundo num curso de crescimento artificial através de benefícios fiscais e barreiras comerciais. Mas, na situação incerta do comércio mundial, muitas empresas preferem gastar o dinheiro em vez de fazer investimentos. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o pico de crescimento seja atingido em 2018. Depois, a tendência é decrescente.
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Conflito comercial
Carne e vegetais dos EUA; aço, têxteis e tecnologia da China. O conflito comercial entre os dois países atinge 360 bilhões de dólares em taxas alfandegárias. Segundo o FMI, já agora isso é ruim para os EUA, pois representa uma diminuição de sua produção econômica em 0,9%. Para a China, a perda é de 0,6%. Caso o conflito escale ainda mais, a OMC calcula que o comércio mundial se reduza em 17,5%.
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Bancos de risco
"Bancos fantasmas" agem em mercados paralelos ao setor bancário regulado. Segundo o presidente do BCE, Mario Draghi, eles representam 40% do sistema financeiro na UE. Mesmo muitos bancos regulares dispõem de poucas reservas para fazer frente a uma crise. Dez anos após a crise, o clima de festa voltou, com empréstimos de risco que levam empresas a caírem na armadilha do endividamento excessivo.
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Brexit duro
O tempo passa e ainda não há um plano consensual para a saída do Reino Unido da União Europeia, em 29 de março de 2019. Sem um acordo de livre comércio, só as empresas alemãs teriam que pagar mais de 3 bilhões de euros ao ano em tarifas alfandegárias. Os controles de fronteira ameaçam a produção "just in time". Montadoras como a Nissan, a Toyota e a BMW podem fechar suas unidades no Reino Unido.
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Itália
Aproxima-se uma nova crise do euro? Os populistas em Roma querem aposentar seus cidadãos mais cedo e pagar uma renda básica aos desempregados. Mas a Itália, com mais de 2,2 trilhões de euros em dívidas, é o segundo maior devedor da UE, depois da Grécia. Já Atenas acaba de deixar o plano de resgate financeiro da zona do euro e tenta preservar seus bancos dos créditos podres.