Trump aponta senador linha-dura como procurador-geral
18 de novembro de 2016
Presidente eleito entrega chefia do Departamento de Justiça a Jeff Sessions, jurista com histórico de racismo e discurso incendiário sobre imigração. Outros cargos-chave em segurança também vão para conservadores.
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O presidente eleito americano, Donald Trump, escolheu nesta sexta-feira (18/11) Jeff Sessions, senador conservador do estado do Alabama, para ser secretário de Justiça, cargo que inclui também a função de procurador-geral dos Estados Unidos.
Com a escolha, Trump põe mais uma vez sob críticas seu gabinete, que está sendo formado repleto de nomes conservadores. Ex-procurador-geral do Alabama e procurador dos EUA, Sessions, de 69 anos, tem discurso linha-dura e muitas vezes inflamatório sobre imigração, em tom similar ao do magnata.
Em 1986, Sessions foi indicado para juiz federal pelo então presidente Ronald Reagan, mas teve sua nomeação bloqueada por um comitê do Senado, sob acusação de racismo. Ele foi apenas o segundo jurista em cinco décadas a ter uma indicação do tipo rejeitada.
Na ocasião, ex-colegas testemunharam que Sessions se referia a grupos como a Associação Nacional para o Avanço de Pessoas de Cor e a União Americana de Liberdades Civis como "não americanos" e "de inspiração comunista".
Um procurador federal negro afirmou, por sua vez, que Sessions se referiu a ele como "garoto" durante um processo e considerava o Ku Klux Klan como algo ok, "até descobrir que eles fumavam erva". O senador nunca negou as declarações e justificou tudo como uma brincadeira.
Sessions foi também acusado de se referir de forma depreciativa às leis dos direitos ao voto de 1965, consideradas um marco na legislação americana por ter acabado com práticas eleitorais discriminatórias.
Entre outras coisas, o jurista se opõe a qualquer possibilidade de conceder cidadania para imigrantes ilegais e foi um dos principais apoiadores da promessa de Trump de construir um muro na fronteira com o México.
Eleito procurador-geral do Alabama em 1995, Sessions sempre tratou como um triunfo pessoal ter sido eleito para o Senado em 1997 e ter conseguido fazer parte do mesmo painel legislativo que o rejeitara, uma década antes, para ser juiz federal.
Nesta sexta-feira, Trump definiu três nomes de alto escalão de sua equipe de segurança: além de Sessions, o deputado Mike Pompeo foi nomeado diretor da CIA (a agência de inteligência americana) e o general reformado Mike Flynn foi apontado como assessor de segurança nacional.
Os três foram aliados leais de Trump durante a campanha. "Ele serviu nosso país com honra e passou uma vida lutando pela segurança de nossos cidadãos", disse o presidente eleito sobre Pompeo, congressista pelo Kansas e membro do movimento ultraconservador Tea Party.
Pompeo se disse "honrado com a oportunidade de servir e trabalhar junto a Trump para manter os EUA seguros". "Quero trabalhar com os guerreiros da inteligência dos EUA, que tanto fazem para proteger os americanos a cada dia", destacou.
General reformado e ex-oficial de Inteligência, Michael Flynn foi o principal assessor de segurança nacional de Trump durante a campanha e ocupará o mesmo cargo na Casa Branca.
Segundo o presidente eleito, Flynn é "um dos principais analistas do país em assuntos militares e de inteligência, sendo um ativo inestimável para o governo".
O gabinete de Trump segue em formação. Outra escolha polêmica foi a de Stephen Bannon, ex-chefe do site conservador Breitbart News e criticado por seus comentários racistas e misóginos, como estrategista-chefe da Casa Branca.
RPR/ots
As construções mais polêmicas de Donald Trump
As megapropriedades não só trouxeram riqueza para Donald Trump, mas também dores de cabeça. Veja alguns empreendimentos do multimilionário pelo mundo.
Foto: Getty Images/S. Olson
Hillary na sombra de Trump
O primeiro debate entre Hillary Clinton e Bernie Sanders, então ainda pré-candidatos do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, em outubro de 2015, aconteceu, literalmente, à sombra de Trump. Isso porque o Trump International Hotel and Tower em Las Vegas estende sua sombra sobre o Wynn Resort, onde estavam os democratas.
Foto: Getty Images/J.Raedle
Questão de gosto
A indignação em Chicago foi enorme quando se soube que Trump iria colocar seu nome em um novo prédio. O prefeito Rahm Emanuel chegou a chamar a construção de "brega e de mau gosto". Mas depois de cinco anos de processos judiciais, Trump conseguiu colocar seu nome no 16º andar em letras gigantescas.
Foto: Getty Images/S. Olson
Jogo de sorte ou de azar?
O Taj Mahal em Atlantic City, no estado de Nova Jersey, custou 1 bilhão de dólares. Só que, depois de 25 anos, em 2014 o complexo de hotel e cassino de Trump quase teve de declarar falência. Uma empresa de investimentos salvou o empreendimento, mas o nome Trump foi mantido. Já o hotel Trump Plaza em Atlantic City não teve a mesma sorte.
Foto: Getty Images/W.T.Cain
A sede em Nova York
Donald Trump se orgulha do seu centro de poder em Nova York. A Trump Tower, na Quinta Avenida, não é apenas a sede de sua campanha eleitoral: é onde o bilionário mora com a família. No prédio, também têm apartamentos o craque Cristiano Ronaldo, o ator Bruce Willis e o compositor Andrew Lloyd-Webber.
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Símbolo controverso
Só o átrio já ocupa quase seis andares e é decorado com mármore e ornamentos de ouro. Alguns consideram a Trump Tower, no número 725 da Quinta Avenida, de mau gosto. Para outros, o projeto dos arquitetos Edward Larrabee Barnes e Der Scutt é elegante e atemporal. A torre tornou-se um ímã para os aficionados de arquitetura contemporânea e apoiadores de Trump.
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Riqueza em bairro pobre
O Trump Ocean Club, na Cidade do Panamá, tem um hotel de 400 quartos e 700 apartamentos, em parte ainda vazios. O edifício mais alto da América Latina até 2012 é conhecido pela sua silhueta única. A torre fica perto de um bairro pobre, o que reduziu sua atratividade.
Foto: Getty Images/AFP/R. Arangua
Resistência escocesa
Trump pretende construir na Escócia o "melhor campo de golfe do mundo". Só que o empreendimento está ameaçado porque Michael Forbes, um simples dono de terras, se nega a vender sua propriedade, que faz fronteira com o complexo. Durante uma visita ao local em junho, Trump elogiou o resultado do Brexit, embora a Escócia queira ficar na União Europeia.
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Trump no Oriente europeu
As Trump Towers em Istambul ficam no bairro Sisli, a parte europeia da Turquia, por isso são consideradas os primeiros arranha-céus de Trump na Europa. Só que de Trump tem apenas o nome, já que o proprietário é o bilionário turco Aydin Dogan. As declarações de Trump sobre o islã geraram a rejeição de muitos muçulmanos na Turquia.
Foto: Getty Images/O.Kose
Projetos no Brasil
Além do hotel que foi aberto no Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos, Trump tem outro projeto ambicioso na Cidade Maravilhosa: cinco edifícios de 38 andares da Trump Towers Rio, na zona portuária. O que era para ser o maior complexo de escritórios em um país dos Brics, porém, ainda nem saiu do papel. As obras deveriam ter começado em 2015.