Trump assina ordem que impede a separação de famílias
20 de junho de 2018
Sob pressão, presidente diz que não gostou de ver milhares de crianças sendo separadas de seus pais na fronteira com o México, medida que gerou críticas em todo o mundo. Política de tolerância zero, porém, continuará.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (20/06) uma ordem executiva para impedir que crianças sejam separadas de seus familiares na fronteira com o México. A situação das crianças gerou críticas e indignação dentro e fora do país.
"Trata-se de manter as famílias juntas, ao mesmo tempo em que garantimos fronteiras muito fortes e poderosas", afirmou o presidente na cerimônia de assinatura do decreto. "Eu não gostei da ideia de ver famílias sendo separadas."
A ordem executiva impede a separação de pais e filhos ao permitir que eles sejam mantidos juntos em centros de detenção após terem tentado entrar ilegalmente no país. Não ficou claro, no entanto, por quanto tempo as crianças poderão ficar presas.
Ao antecipar sua decisão durante uma reunião com senadores na Casa Branca, Trump havia afirmado que a ordem será "algo preventivo até certo ponto", mas previu que o Congresso acabará aprovando uma legislação sobre o tema mais tarde.
"Queremos segurança para o nosso país", justificou o líder americano antes da assinatura. Com a nova medida, "teremos segurança e, ao mesmo tempo, teremos compaixão", acrescentou.
Ele enfatizou, no entanto, que Washington precisa seguir firme e que a política de "tolerância zero" continuará: "Caso contrário, nosso país será invadido por pessoas, pelo crime e por todas as coisas que não toleramos e não queremos".
Trump vem há semanas se negando a reverter a sua política migratória de tolerância zero, que já levou à separação de mais de 2 mil crianças de seus pais, argumentando que a alternativa a ela seria uma política de fronteiras abertas que permitiria aos migrantes entrarem livremente no país.
A nova ordem executiva ameaça transgredir um acordo do governo americano firmado em 1997 com duas organizações humanitárias, que estabelece que os menores de idade detidos nas fronteiras só podem ser privados de liberdade durante 20 dias.
Segundo antecipou o jornal New York Times, citando uma fonte próxima ao governo, o decreto de Trump permitirá que os filhos de migrantes sejam mantidos com seus pais em centros de detenção por tempo indeterminado, o que violaria o acordo.
O governo de Barack Obama já havia descumprido essa norma em 2014, quando houve nos Estados Unidos uma imigração em massa de menores de idade procedentes da América Central.
Na ocasião, um juiz federal rejeitou as políticas colocadas em prática pelo então presidente democrata e estabeleceu que o limite de 20 dias de detenção também deveria ser aplicado a crianças que viajam acompanhadas de seus pais, ou seja, famílias com menores de idade.
Política de tolerância zero
Segundo dados oficiais do governo Trump, ao menos 2.300 crianças foram separadas de seus familiares na fronteira do país com o México entre 5 de maio e 9 de junho.
As separações são consequência da política migratória de tolerância zero anunciada em abril pelo procurador-geral Jeff Sessions. A medida prevê que todos aqueles que tentarem cruzar ilegalmente a fronteira em direção aos EUA, inclusive requerentes de refúgio, sejam indiciados.
A política resulta na separação das crianças, que não são alvo de uma acusação criminal, dos adultos, sem que haja procedimentos claros para a reunificação entre os familiares. Os menores de idade são, em geral, mantidos em instalações do governo ou colocados sob adoção temporária.
Alvo de uma enxurrada de críticas, Trump vinha até então defendendo a medida, chegando a afirmar que não deixará seu país se tornar "um acampamento de migrantes ou uma instalação de abrigo de refugiados". "Se não houver fronteiras, não há um país. Devemos sempre prender as pessoas que tentam entrar ilegalmente", escreveu no Twitter na terça-feira.
Na mesma rede social, Trump também vem reiterando a necessidade de aprovar uma reforma migratória nos EUA, além de colocar a culpa do problema nos democratas, que, segundo ele, querem permitir a entrada de migrantes no país para ganhar votos.
EK/afp/ap/dpa/efe/rtr
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Filmes sobre a fronteira entre EUA e México
Em seu mandato, o ex-presidente americano Donald Trump prometeu construir um muro entre EUA e México. Mas, muito antes disso, esta fronteira já havia sido foco de filmes espetaculares. Veja a lista.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
John Wayne em guerra
Em meados do século 19, EUA e México entraram em guerra sobre o estado do Texas, que pertencia aos mexicanos, mas foi anexado pelos americanos. A longa disputa foi muitas vezes retratada por Hollywood nos faroestes que detalhavam os violentos conflitos entre colonos americanos e o Exército mexicano. Entre os mais espetaculares está "Álamo" (1960), estrelado por John Wayne e Richard Widmark.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
Dietrich e a fronteira
Em 1958, Marlene Dietrich fez uma breve aparição no brilhante suspense "A marca da maldade". O diretor Orson Welles, que teve o papel principal no filme, fez da região fronteiriça entre México e EUA o cenário para falar sobre corrupção, tráfico de drogas e outros crimes.
Foto: picture-alliance/United Archives/IFTN
"Rio Bravo"
Quando John Wayne apareceu em "Álamo", a grande era do faroeste americano estava quase no fim. Mas, quando o gênero cresceu na década de 1950, muitos faroestes se passaram na fronteira entre Texas, Novo México e Arizona de um lado, e o México, do outro. Um marco simbólico era o rio Grande que, localizado nesta fronteira, rendeu o título do legendário filme do diretor John Ford, de 1950.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
A fronteira em faroestes posteriores
No entanto, a fronteira entre os dois países conseguiu manter sua importância em numerosos faroestes lançados posteriormente. A região desempenhou um papel de destaque em "Meu ódio será tua herança" (1969), do diretor Sam Peckinpah, um épico do faroeste selvagem com muito sangue e que enfoca a ilegalidade em uma terra esquecida.
Foto: Imago/Entertainment Pictures
Variações modernas
O diretor americano Robert Anthony Rodriguez tem uma paixão pela região de fronteira, o que talvez se deva às suas raízes mexicanas. Muitos de seus filmes reproduzem o choque de culturas nesta região fronteiriça. Seu filme "Um drink no inferno", de 1996, viu Quentin Tarantino e George Clooney encenando irmãos que roubam bancos e que tentam fugir para o México.
Foto: picture-alliance/United Archives
Não há lugar para envelhecer
Ganhador de vários Oscars em 2008, entre eles o de melhor filme e direção, "Onde os fracos não têm vez" foi dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen. A produção aborda as drogas, máfia, assassinatos e fraudes. O filme se passa na fronteira entre EUA e México – um lugar perigoso, onde a morte é comum e poucos envelhecem.
Foto: picture-alliance/dpa/Paramount Pictures
Ao sul de Albuquerque
Albuquerque, no Novo México, é o cenário da extremamente popular série de televisão "Breaking Bad", que foi produzida entre 2008 e 2013. Ela enfoca histórias na região envolvendo drogas. Ao sul de Albuquerque, fica a lendária fronteira entre Estados Unidos e México.
Foto: Frank Ockenfels 3/Sony Pitures
O lado obscuro do comércio
No filme "Desaparecidos" (2007), o diretor alemão Marco Kreuzpaintner escolheu contar a história de crianças mexicanas que atravessam a fronteira para os Estados Unidos como parte do tráfico de escravos sexuais. A estrela de Hollywood Kevin Kline desempenhou o papel principal.
Foto: picture-alliance/kpa
Guerra de drogas na fronteira
"Sicario: terra de ninguém" examina o impacto das guerras do narcotráfico na área de fronteira entre Arizona e México. O cineasta canadense Denis Villeneuve fez o agitado suspense em 2015, tendo Benicio del Toro no papel principal. A obra foi filmada no sul do Arizona.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Lionsgate/Richard Foreman Jr.
Filmes sobre drogas
A questão do narcotráfico parece atrair diretores de forma mágica. Em 2013, o cineasta britânico Ridley Scott filmou um suspense também nesta região fronteiriça. "O conselheiro do crime", estrelado por Brad Pitt e Michael Fassbender, foi filmado em El Paso, no Texas, e na Espanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Crime e política
Há 17 anos, o diretor Steven Soderbergh lançou o renascimento dos filmes sobre a guerra das drogas. Em "Traffic", ele retrata a complexa relação entre polícia, traficantes e políticos – cujos laços uns com os outros estão indissociavelmente interligados para além das fronteiras geográficas.
Foto: picture-alliance/United Archives
Histórias de detetive
Além de faroestes e suspenses sobre drogas, inúmeras histórias de detetives e assassinatos misteriosos decorrem na fronteira entre EUA e México. Um clássico do gênero é o filme "O perigoso adeus" (1973), de Robert Altman, baseado em um romance de Raymond Chandler. O filme foi gravado na Califórnia, mas também em Tepoztlán, no México.
Foto: picture-alliance/United Archives/Impress
A fronteira em tempos de globalização
Em 2006, o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu filmou o drama narrativo múltiplo "Babel". A obra traça os destinos entrelaçados de várias pessoas de diferentes regiões do mundo, e é uma parábola cinematográfica sobre a questão do significado da fronteira para as pessoas em tempos de globalização.
Foto: picture alliance/kpa
Comédia de fronteira
Não há muito o que rir quando se trata de uma fronteira. A maior parte dos filmes que lida com os laços entre EUA e México tendem à seriedade. Mas, em 2004, James L. Brooks fez a comédia "Espanglês" sobre um encontro com muito clichê entre um americano rico (Adam Sandler) e uma faxineira mexicana (Paz Vega).
Foto: picture-alliance/United Archives
Drama sobre imigração
Nos últimos anos, mais e mais filmes foram produzidos sobre imigração e pobreza na região. No ano passado, a coprodução Alemanha-França-México "Soy Nero" estreou na Berlinale. O diretor Rafi Pitts, com raízes iranianas, conta a história de um jovem mexicano que atravessa a fronteira para os EUA em busca de uma vida melhor.
Foto: picture-alliance/dpa/Neue Visionen
Um clássico moderno
Talvez o filme mais impressionante sobre a imigração do Sul para o Norte tenha sido feito por Cary Fukunaga, em 2009. "Sem identidade" retrata o destino de vários jovens do México que estão tentando chegar aos EUA. Enquanto alguns estão tentando escapar de bandos criminosos de suas cidades, outros procuram o paraíso na Terra.