Trump assina ordem para proteger EUA de "radicais islâmicos"
28 de janeiro de 2017
Presidente americano endurece medidas de verificação de migrantes para evitar entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos. "Queremos acolher apenas aqueles que vão apoiar o nosso país", afirma.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta sexta-feira (27/01) uma ordem executiva que endurece medidas de verificação de migrantes com o objetivo de evitar a entrada de terroristas islâmicos no país.
"Estou estabelecendo novas medidas de controle para manter terroristas radicais islâmicos fora dos Estados Unidos. Não os queremos aqui", declarou o presidente no Pentágono. "Queremos assegurar que não estamos acolhendo em nosso país as mesmas ameaças que nossos soldados combatem no exterior. Queremos admitir apenas aqueles que vão apoiar o nosso país e amar profundamente o nosso povo. Nunca vamos esquecer as lições do 11 de Setembro."
Durante a campanha eleitoral, Trump prometeu implantar procedimentos de controle "extremos" para pessoas provenientes de países ligados ao terrorismo. A ordem assinada nesta sexta-feira, intitulada "Proteção da nação da entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos", impõe a proibição da entrada nos EUA de pessoas provenientes desses países por 90 dias.
Não ficou claro que países serão afetados. Um rascunho do documento ao qual agências de notícias tiveram acesso previa a suspensão da emissão de vistos para cidadãos de sete países predominantemente muçulmanos: Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen.
Vistos e zonas de segurança
Além disso, a ordem determina que os EUA parem de emitir vistos para sírios e de processar pedidos de refúgio de cidadãos do país até que o presidente determine que foram feitas mudanças suficientes no programa de assistência a refugiados para assegurar a segurança nacional. O programa deve ficar suspenso por quatro meses.
O teto de refugiados que os EUA poderão acolher neste ano fiscal também foi cortado para 50 mil. O ex-presidente Barack Obama havia estabelecido um limite de 110 mil refugiados.
Trump também pediu o estabelecimento de "zonas de segurança" na Síria e em países vizinhos para garantir proteção a cidadãos que fogem da guerra civil. A ordem assinada pelo presidente não detalha as medidas de vigilância adicionais para migrantes a serem implementadas.
Grupos defensores das liberdades civis e especialistas em combate ao terrorismo condenaram as ações anunciadas, argumentando ser desumano manter as vítimas de conflitos junto aos extremistas que as ameaçam. Apoiadores de Trump, por sua vez, defendem as medidas como necessárias para evitar afiliados da Al Qaeda ou do "Estado Islâmico" (EI) de se infiltrarem nos EUA disfarçados de refugiados.
Trump assinou ainda um memorando que prevê uma reforma das Forças Armadas do país, com o "desenvolvimento de um plano para novos aviões, novos navios, novos recursos e novas ferramentas para nossos homens e mulheres de uniforme".
Nesta sexta-feira, Trump também se manteve firme em relação a outro tema controverso: a imigração ilegal de mexicanos para o país. Ele disse a repórteres que teve um "telefonema muito bom" com o presidente do México, Enrique Peña Nieto. O líder mexicano cancelou uma visita à Casa Branca agendada para a semana que vem em meio à insistência de Trump de que o país vizinho pagasse por um muro a ser construído na fronteira.
LPF/efe/ap/rtr/dpa/afp
Os escolhidos do governo Trump
Os nomes que o presidente eleito dos EUA já anunciou para compor a sua equipe. Uma lista cheia de nomes polêmicos.
Foto: Getty Images/C. Somodevilla
Chefe de gabinete
Reince Priebus, líder do Partido Republicano, vai chefiar o gabinete da Casa Branca. Ele, que atualmente preside o Comitê Nacional Republicano, foi o principal aliado de Trump durante a corrida presidencial. Ao nomear Priebus, o magnata volta-se para um veterano de Washington, muito próximo dos caciques republicanos.
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Estrategista
Stephen Bannon, ex-diretor do portal de notícias da extrema direita "Breitbart News", será o chefe estrategista do governo Trump. Ele também trabalhou na campanha presidencial. A nomeação de Bannon foi denunciada por grupos de defesa e democratas, que o acusam de opiniões racistas, antissemitas e misóginas.
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Segurança Nacional
O general reformado Mike Flynn foi apontado como assessor de segurança nacional da Casa Branca. Flynn tem em seu registro uma série de declarações polêmicas sobre muçulmanos. Segundo a imprensa americana, a escolha é uma mescla de experiência e controvérsia. Como vice, Trump nomeou Kathleen Troia McFarland, conhecida como K.T. McFarland, analista da Fox News sobre segurança nacional.
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Inteligência Nacional
Como novo diretor de Inteligência Nacional (DNI), o ex-senador Dan Coats será o principal assessor presidencial em temas de inteligência e vai supervisionar todos os serviços de informação e espionagem. Coats já trabalhou nos comitês de Inteligência e das Forças Armadas no Senado e também foi embaixador dos EUA na Alemanha.
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Secretário de Justiça
Jeff Sessions, senador conservador do estado do Alabama, será o secretário de Justiça e procurador-geral dos Estados Unidos. Sessions tem discurso linha-dura e muitas vezes inflamatório sobre imigração. Em 1986, ele foi indicado para juiz federal pelo então presidente Ronald Regan, mas teve nomeação suspensa por comitê do Senado, sob acusação de racismo.
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CIA
O deputado republicano Mike Pompeo foi apontado para dirigir a agência de inteligência dos Estados Unidos – a CIA. Pompeo, que é membro do Comitê de Inteligência da Câmara, ganhou destaque por seu papel na investigação do Congresso sobre o ataque de 2012 ao consulado americano em Benghazi, na Líbia. Durante a campanha presidencial, o republicano foi um crítico ferrenho de Hillary Clinton.
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Representante na ONU
Nikki Haley, governadora da Carolina do Sul, ocupará o cargo de embaixadora nas Nações Unidas. Primeira mulher a ser nomeada para um cargo importante do futuro governo Trump, ela teve sua indicação criticada pela falta de experiência anterior com política externa. Filha de imigrantes indianos, Haley chegou a trocar farpas com o magnata durante a campanha, dado o tom racista do colega de partido.
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Secretária de Educação
Betsy DeVos será secretária de Educação. A bilionária foi presidente do Partido Republicano no Michigan e preside a organização American Federation for Children, que propõe que os pais possam recorrer a fundos públicos para escolher a escola que seus filhos vão frequentar, seja particular ou religiosa. É também opositora declarada dos sindicatos de professores, chegando a chamá-los de "inimigos".
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Secretário do Tesouro
Steven Mnuchin foi indicado para ser secretário do Tesouro. Chefe financeiro da campanha do magnata, ele já trabalhou para o grupo bancário Goldman Sachs e foi presidente da empresa Dune Capital Managment, que financiou filmes como "Avatar". Em entrevista à imprensa americana, afirmou que sua prioridade será diminuir os impostos de empresas, como Trump havia prometido durante a campanha eleitoral.
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Secretária de Transportes
A americana de origem chinesa Elaine Chao deve comandar a Secretaria de Transportes do país. Ela terá um papel fundamental no cumprimento da promessa eleitoral de Trump de reformar a infraestrutura de transporte dos Estados Unidos. Chao foi vice-secretária da pasta durante o governo George Bush, de 1989 a 1991, e secretária de Trabalho de 2001 a 2009, com George W. Bush.
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Secretário de Comércio
O bilionário Wilbur Ross, conhecido por investir e retomar o lucro de empresas falidas, é a escolha de Donald Trump para chefiar o Departamento do Comércio no seu governo. O empresário ajudou a moldar as propostas econômicas da campanha do presidente eleito dos Estados Unidos.
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Secretário de Defesa
O general reformado da Marinha, James Mattis, deverá comandar o Departamento de Defesa americano. Considerado um militar "linha-dura", Mattis liderou operações em todo o Oriente Médio, como a que invadiu o Iraque em 2003. Ele é conhecido pelo apelido "Cachorro Louco" (Mad Dog).
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Secretário de Saúde e Serviços Humanos
O deputado republicano e cirurgião Tom Price foi escolhido por Trump para a pasta de Saúde e Serviços Humanos e para administrar os programas de seguro de saúde do governo, entre eles o Affordable Care Act, que ficou conhecido como ObamaCare. Nos planos do secretário está a redefinição desses programas.
Foto: Reuters/J. Roberts
Conselheiro da Casa Branca
Donald McGahn, conselheiro geral da equipe de transição de Donald Trump, foi escolhido para servir como advogado da Casa Branca. Segundo especialistas, a prevenção de escândalos está entre as tarefas principais deste cargo.
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Pequenas Empresas
A magnata Linda McMahon foi a escolha de Trump para o posto de secretária de Pequenas Empresas. McMahon entrou para o mundo da política ao se candidatar para o Senado pelo estado de Connecticut, sem sucesso, em 2010. Desde o início ela apoiou a campanha presidencial de Trump.
Foto: Getty Images/D. Angerer
Habitação
O neurocirurgião aposentado Ben Carson foi nomeado para o posto de secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano. Carson, que concorreu com Trump na lista de candidatos presidenciais republicanos, nunca ocupou um cargo público. Até agora, ele é o afro-americano mais bem posicionado no novo governo dos EUA.
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Segurança Interna
O general aposentado da Marinha John F. Kelly foi a escolha de Trump para chefiar o Departamento de Segurança Interna, o terceiro maior departamento do governo americano, com mais de 240 mil funcionários. Dentre as funções do novo secretário está o combate ao terrorismo e a proteção do presidente.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Balce Ceneta
Proteção Ambiental
O procurador-geral do estado de Oklahoma, Scott Pruitt, será o chefe da Agência de Proteção Ambiental (EPA). Pruitt é criticado por negar a mudança climática e por ser um defensor dos combustíveis fósseis. O procurador interpôs várias ações judiciais contra a regulamentação da administração Obama, implementada pela EPA, para reduzir as emissões pela indústria do carvão.
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Harnik
Ministério do Trabalho
Andrew Puzder, chefe da rede de fast foods CKE, foi apontado como o próximo ministro do Trabalho. Segundo Trump, o empresário de 66 anos é ideal para o cargo por ter criado milhares de postos de trabalho. Puzder, contudo, também ficou conhecido por ser contra a fixação de um salário mínimo de nove dólares a hora. Ele alega que isso prejudica os lucros.
Foto: picture alliance/dpa/S. Osman
Secretário de Estado
O CEO da multinacional de gás e petróleo ExxonMobil, Rex Tillerson, foi escolhido para o cargo de secretário de estado. Tillerson, de 64 anos, não tem experiência no setor público. Ele começou na ExxonMobil em 1975 e, em 2006, tornou-se o CEO da companhia. A relação estreita que o novo secretário de Estado mantém com o presidente russo, Vladimir Putin, foi apontada como motivo de preocupação.
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Energia
O ex-governador do Texas Rick Perry foi escolhido como secretário de Energia. Segundo analistas, é provável que ele adote uma política distante das energias renováveis e favorável aos combustíveis fósseis, cuja produção ele defendeu como governador por 14 anos. Nas duas últimas eleições presidenciais, Perry foi pré-candidato pelo Partido Republicano, sem sucesso.
Foto: Getty Images/AFP/K. Betancur
Exército
O bilionário Vincent Viola foi escolhido para o cargo de secretário do Exército. Aos 60 anos e filho de imigrantes italianos, ele é dono de um time de hóquei e da Virtu Financial. Seu único vínculo com a carreira militar vem de quando era jovem: Viola se graduou na prestigiada academia militar de West Point.
Foto: picture alliance/AP Photo/P. Carter
Conselho Nacional de Comércio
O economista linha-dura em relação à China, Peter Navarro chefiará o recém-formado Conselho Nacional de Comércio da Casa Branca. Navarro é autor de livros incluindo "Death by China: How America Lost its Manufacturing Base" (Morte pela China: como os EUA perderam a sua base industrial, em tradução livre). Professor da Universidade da Califórnia, ele tem sugerido intensificar as relações com Taiwan.
Foto: Imago/Zumapress
Interior
Ryan Zinke, 55, republicano de Montana e membro do subcomitê da Casa Branca para recursos naturais, votou a favor de leis que enfraqueceriam as salvaguardas ambientais em terras públicas. Ele tomou posições favoráveis à indústria do carvão, a qual foi prejudicada durante o governo Obama.
Robert Lighthizer, 69, serviu como vice-representante comercial dos EUA durante o governo Reagan nos anos 80 e, desde então, atuou por quase três décadas como advogado na defesa de empresas americanas em processos anti-dumping e anti-subvenções. Crítico ferrenho da política comercial chinesa, Lighthizer defende medidas mais agressivas ao lidar com o país asiático.
Foto: greatagain.gov - CC BY 4.0
Agricultura
O ex-governador da Geórgia Sonny Perdue, de 70 anos, serviu no comitê consultivo agrícola da campanha de Trump. Republicano, ele serviu no Senado estadual e cumpriu dois mandatos como governador, de 2003 a 2011. Posteriormente, fundou a Perdue Partners, uma empresa global de comércio que presta consultoria e serviços para empresas interessadas em exportar produtos.