Diante do impasse que causou a paralisação parcial da máquina estatal americana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cancelou nesta quinta-feira (10/01) sua viagem a Davos, na Suíça, onde participaria do Fórum Econômico Mundial, que ocorre entre 22 e 25 de janeiro.
"Por causa da intransigência dos democratas sobre a segurança da fronteira e a grande importância da segurança para nossa nação, eu respeitosamente cancelo minha viagem muito importante a Davos", anunciou Trump em sua conta no Twitter.
A falta de acordo entre democratas e republicanos sobre o orçamento federal provocou a paralisação parcial do governo, que já dura 20 dias e é a segunda mais longa da história. Diferentes órgãos estão sem funcionar plenamente devido à falta de recursos. Centenas de milhares de funcionários do governo estão sem receber salários.
Para solucionar o impasse, o presidente exige que a aprovação de verbas para a construção de um muro na fronteira com o México. Os democratas concordaram em liberar 1,3 bilhão de dólares para segurança de fronteiras, mas a solução foi rejeitada por Trump porque não previa o financiamento do muro.
Pouco antes de cancelar a ida a Davos, Trump disse a jornalistas que sua viagem dependia da solução da crise política. "Foi muito bem-sucedido quando fui. Temos uma grande história a contar. Temos os melhores dados de emprego em muitos anos", acrescentou o presidente, que já participou do exclusivo fórum global no ano passado, quando defendeu seu lema "America first".
A Casa Branca tinha anunciado que uma grande delegação acompanharia Trump na viagem à Suíça. Estariam no grupo os secretários de Tesouro, Steven Mnuchin, e de Estado, Mike Pompeo. Além disso, a filha do presidente, Ivanka, e o marido dela, Jared Kushner, assessor do governo, faziam parte da comitiva.
O governo americano ainda não confirmou se a delegação irá a Davos após o cancelamento da viagem presidencial.
O presidente Jair Bolsonaro comparecerá ao evento, segundo anunciou o Palácio do Planalto nesta segunda-feira. Será sua primeira viagem internacional desde que tomou posse.
Esta edição do Fórum Econômico Mundial terá como tema principal a globalização na era da quarta revolução industrial, caracterizada por fenômenos como a inteligência artificial, a nanotecnologia e a aceleração da indústria robótica.
CN/ap/rtr/afp/efe
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Donald Trump quer um "grande e belo muro" entre os EUA e o México para frear a migração e o narcotráfico. Em outros lugares, barreiras de concreto e metal feitas para resolver problemas tiveram variados graus de êxito.
Foto: Getty Images/J. MooreAntes de Donald Trump, Bill Clinton já mandou construir cercas na fronteira. Após os atentados de setembro de 2001, George Bush acelerou a construção. Desde então, quase 1.100 quilômetros de fronteira receberam paredes de concreto, vigas de aço e outros tipos de obstruções.
Foto: Getty Images/D. McNewDesde 2002, Israel está construindo uma barreira ao longo da Cisjordânia. O projeto, oficialmente justificado como proteção contra o terrorismo, é altamente controverso e muitas vezes chamado "muro da separação". Há mais de dez anos, a Corte Internacional de Justiça declarou que ele viola o direito internacional. Israel, no entanto, continua construindo o muro, que deverá ter 759 km de extensão.
Foto: A. Al-BazzUm muro de controle militar de mais de 700 km na região da Caxemira divide a Índia e o Paquistão desde 1971. Em muitos lugares, esta "linha de controle" é reforçada por minas e arame farpado. A barreira de arame, que em alguns locais tem 3 metros de altura, também pode ser eletrificada.
Foto: Getty Images/AFPParedes divisórias também separam classes econômicas. Como em Lima, onde uma parede de concreto de 3 m de altura separa os moradores pobres de um bairro de ricos. Aliás, "condomínios fechados" são frequentes na América Latina. Os moradores da capital do Peru chamam a parede de "muro da vergonha".
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/S. CastanedaNa capital do Iraque, um muro de 4 metros de altura e 5 km de extensão corta a cidade. Ele foi construído pelos militares dos EUA na região dominada pelos xiitas em 2007. Hoje, o muro separa quase 2 milhões de pessoas. Também em outros bairros de Bagdá, paredes de concreto separam enclaves sunitas de bairros xiitas.
Foto: Getty Images/W. KuzaieO governo britânico construiu os chamados "muros da paz" na Irlanda do Norte em 1969 para separar católicos e protestantes. Portões permitiam a passagem para o outro lado. Em caso de conflitos, eles eram fechados. Alguns moradores dizem, no entanto, que as paredes acentuaram ainda mais a divisão na mente das pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. SmiejekDesde o final da Guerra da Coreia, nos anos 1950, uma zona desmilitarizada separa a Coreia do Norte, comunista, e a Coreia do Sul, capitalista. A faixa de cerca de 4 km de largura e 250 km de comprimento é uma das áreas restritas mais vigiadas do mundo. Em alguns pontos, muros marcam a fronteira entre as duas Coreias.
Foto: Getty Images/AFP/E. JonesTambém a Europa está se isolando. Desde outubro de 2015, a Hungria está fechando sistematicamente sua fronteira para evitar refugiados. No início, a cerca ainda não era hermética. Hoje, no entanto, quase ninguém consegue mais passar para o outro lado. A Hungria também quer construir uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/S. UjvariNos enclaves espanhóis de Ceuta e Mellila, no Marrocos, há fortificações especialmente altas. Para superá-las, é preciso passar por até três cercas. Para complicar, há detectores de movimento, câmeras infravermelhas e um arame farpado que penetra fundo na pele. Mesmo assim, muitos se arriscam e acabam se ferindo.
Foto: picture-alliance/dpa/A. SempereNa fronteira com a Síria, de onde muitos estão fugindo da guerra civil, a Turquia está construído um muro de 511 km de extensão. No final de fevereiro, o governo de Ancara anunciou que metade já está pronta. O muro de 3 metros de altura tem arame farpado e torres de vigilância. Várias vezes, a União Europeia criticou a Turquia por fazer controles muito brandos em suas fronteiras.
Foto: picture alliance/AA/R. Maltas