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Trump chama embaixador na Alemanha para coordenar espionagem

20 de fevereiro de 2020

Richard Grenell, um apoiador fiel do presidente, retorna a Washington para ser diretor da inteligência nacional. Em Berlim, ele causou polêmica por suas declarações críticas e até mesmo ameaças ao governo alemão.

Richard Allen Grenell
Nos EUA, indicação de Grenell é criticada pela pouca experiência do diplomata com espionagemFoto: Getty Images/AFP/O. Andersen

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (19/02) que o embaixador do país na Alemanha, Richard Grenell, será o novo coordenador dos serviços de inteligência.

Ele substituirá Joseph Maguire no comando das 17 agências de espionagem dos Estados Unidos. Maguire está no cargo desde agosto, e o destino dele ainda não está claro. Trump agradeceu Maguire pelo "trabalho maravilhoso" e disse que espera continuar contando com ele.

Grenell é um apoiador leal de Trump e está em Berlim desde maio de 2018. Na Alemanha, ele chamou a atenção por criticar publicamente políticas do governo da chanceler federal Angela Merkel, ecoando as posições de Trump.

Ele alertou empresas alemãs contra fazer negócios com o Irã depois de os EUA terem deixado o acordo nuclear com Teerã. Ele também disse que os gastos militares da Alemanha e de outros países da Otan são insuficientes e pressionou para que a Alemanha não inclua a empresa chinesa Huawei na construção da rede de telefonia 5G.

Num gesto pouco comum para um embaixador, ele também ameaçou com sanções diante da construção do gasoduto Nord Stream 2, um empreendimento conjunto da Alemanha e da Rússia.

Suas declarações o tornaram uma figura malquista nos meios políticos alemães, e um deputado liberal chegou a pedir sua expulsão da Alemanha.

Em Washington, a escolha de Grenell foi criticada por ele não ter experiência com os serviços de espionagem. Além disso, Trump o nomeou diretor em exercício, numa manobra para contornar a obrigatória aprovação pelo Senado.

O senador democrata Mark Warner, vice-presidente do Comitê de Inteligência do Senado, disse que Trump escolheu uma pessoa sem qualquer experiência no assunto para servir como o líder da comunidade nacional de inteligência e o nomeou de forma provisória para o cargo, numa tentativa de burlar a autoridade constitucional do Senado sobre cargos da segurança nacional.

É a segunda vez que Trump nomeia um diretor em exercício para a coordenação da segurança nacional. Maguire também foi nomeado diretor em exercício e, por isso, pode permanecer no cargo apenas até 12 de março.

Pela legislação atual, aprovada no governo do presidente George W. Bush depois do 11 de Setembro, o presidente deve indicar um diretor nacional de inteligência com a aprovação do Senado e este deve ter ampla experiência em segurança nacional.

AS/ap/dpa

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