Trump chama Senado inteiro à Casa Branca por Coreia do Norte
25 de abril de 2017
Em decisão atípica, presidente americano convoca todos os cem senadores para discutir tensão crescente na Península Coreana. Convite deixa alguns legisladores apreensivos.
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O governo Donald Trump chamou o Senado americano inteiro a comparecer à Casa Branca nesta quarta-feira (26/04), numa convocação atípica para discutir a crescente tensão com a Coreia do Norte.
Todos os 100 senadores foram convidados a participar da reunião com o secretário de Estado, Rex Tillerson, o secretário de Defesa, Jim Mattis, o diretor da inteligência nacional, Dan Coats, e o general Joseph Dunford, chefe do Estado-Maior Conjunto.
Normalmente, as autoridades do governo se dirigem ao Capitólio para informar os membros do Congresso sobre temas relacionados à política externa e sobre questões de segurança nacional. O caminho inverso, de todos os 100 membros do Senado se dirigirem até a Casa Branca, é incomum. Já houve no passado, mas para grupos menores de senadores.
David Popp, porta-voz do líder republicano no Senado Mitch McConnel, explicou que Trump "ofereceu sediar a reunião e que o líder do Senado concordou". Outras lideranças do Senado sinalizaram que a maioria, se não todos os senadores, deve comparecer à Casa Branca.
O convite incomum deixou alguns legisladores apreensivos, já que o Capitólio detém um local seguro e de tamanho apropriado para lidar com reuniões do tipo. Segundo o jornal americano Washington Post, alguns parlamentares americanos levantaram a questão sobre se o governo de Trump não estaria pretendo usar o evento como uma encenação fotográfica para marcar seus primeiros cem dias como presidente do país.
Membros do Congresso sugeriram que a apresentação na Casa Branca tornaria mais fácil para Trump "passar por lá" e talvez assumir o controle da reunião. "Ouvi que isso veio do próprio Trump, que do nada disse 'por que não os trazemos para cá em vez disso?'", afirmou um assessor ao Washington Post, sob condição de anonimato.
A apresentação, segundo fontes do governo, poderia ser feita no Eisenhower Executive Office Building, edifício ao lado da Casa Branca e que abriga boa parte do Conselho de Segurança Nacional. Mas ainda não há confirmação oficial.
O auditório seria temporariamente transformado numa "instalação de informação sensível compartimentada" (Scif, na sigla em inglês). Tais instalações são feitas para resistir a espionagem ou ciberataques. O Capitólio possui um Scif no subsolo.
"Essas apresentações sempre foram feitas no Scif daqui", disse um assessor do Senado ao Washington Post, também sob condição de anonimato. "Isso significa que as informações confidenciais serão compartilhadas numa localização não segura? Ou que não estaremos ouvindo nada sobre material confidencial?"
O governo Trump tem enrijecido sua retórica contra a Coreia do Norte e tem pressionado a China a exercer mais influência sobre Pyongyang para que o regime comunista pare de realizar seus testes nucleares e com mísseis. Na segunda-feira, a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, disse que Washington pode atacar a Coreia do Norte caso ela agrida uma base militar americana ou faça um teste de míssil balístico intercontinental.
PV/rtr/ap/ots
Qual o poder de fogo da Coreia do Norte?
Pyongyang prometeu responder a qualquer provocação militar após EUA sinalizarem disposição de agir contra o regime. Qual a real força desse Exército que desafia potências internacionais?
Foto: Reuters/S. Sagolj
Um dos maiores exércitos do mundo
Com 700 mil homens na ativa e outros 4,5 milhões na reserva, a Corea do Norte pode convocar a qualquer momento um quarto de sua população para a guerra. Todos os homens do país devem passar por algum tipo de treinamento militar e estar sempre disponíveis para pegar em armas. Estima-se que as tropas norte-coreanas tenham superioridade de 2 para 1 em relação à Coreia do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/E. Jones
Um arsenal de respeito
Segundo o índice Global Firepower de 2016, o país possui 70 submarinos, 4,2 mil tanques, 458 aviões de combate e 572 aeronaves de outros tipos. Um arsenal bastante considerável. Esta imagem de 2013 mostra o líder Kim Jong-un ordenando que os mísseis do país estivessem prontos para atacar os EUA e a Coreia do Sul a qualquer momento.
Foto: picture-alliance/dpa
Poder balístico
Os mísseis aqui mostrados foram exibidos no desfile do dia 15 de abril de 2017, juntamente a outros que passaram sob o olhar do líder Kim Jong-un. Existe, porém, a suspeita de que muitos eram apenas maquetes para impressionar o mundo. Mesmo assim, a capacidade balística do país asiático não deve ser menosprezada.
Foto: Gettty Images/AFP/E. Jones
Coloridas e maciças demonstrações de força
Todos os anos, milhares de soldados e civis desfilam pelas ruas de Pyongyang em paradas militares. A maior destas, no chamado Dia do Sol, honra a memória de Kim Il-sung, patriarca do clã que governa o país desde sua fundação e avô de Kim Jong-un. Os preparativos para os desfiles espetaculares podem levar vários meses.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Testes nucleares
Apesar da pressão internacional, a Coreia do Norte não esconde suas ambições nucleares. Além dos testes com mísseis balísticos, Pyongyang realizou em cinco ocasiões os chamados ensaios nucleares, duas vezes apenas em 2016. O país sustenta que a última ogiva a ser testada pode ser lançada de um foguete, algo que especialistas consideram pouco provável. Ao menos até o momento.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Unidades femininas
Do contingente militar norte-coreano, 10% é composto por mulheres. Elas servem em unidades especiais diferenciadas e devem prestar serviços ao exército por até sete anos, segundo uma lei aprovada em 2003. É possível ver algumas delas patrulhando as ruas com sapatos de salto alto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/W. Maye-E
Os inimigos de Pyongyang
Além dos EUA, a Coreia do Norte também considera como grandes inimigos a Coreia do Sul e o Japão. Pyongyang vê os exercícios militares americanos na Península da Coreia como uma ameaça à sua população, afirmando se tratar de uma preparação para uma iminente invasão de seu território.
Foto: Reuters/K. Hong-Ji
Preparação permanente
As Forças Armadas norte-coreanas treinam permanentemente em frentes distintas para estar prontas para o combate. O legado da Guerra da Coreia, que dividiu a península em dois países ainda unidos por um passado comum, é sentido até os dias de hoje. Na imagem, desembarque de embarcações anfíbias de unidades navais em local desconhecido na Coreia do Norte.
Foto: Reuters/KCNA
Fim da paciência americana?
Em abril de 2017, os Estados Unidos disseram ter enviado o porta-aviões Carl Vinson (foto) à Península da Coreia, sinalizando possíveis medidas contra Pyongyang. A Coreia do Norte afirmou estar pronta para qualquer tipo de guerra. Fontes de serviços de inteligência afirmam que os norte-coreanos estão a menos de dois anos de conseguir obter poder suficiente para lançar mísseis contra os EUA.