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Trump chama senadora de Pocahontas em cerimônia para nativos

28 de novembro de 2017

Presidente dos EUA aproveita tributo a veteranos indígenas da Segunda Guerra para voltar a alfinetar opositora democrata. Senadora Elizabeth Warren afirma ter ascendência nativa americana.

Nativos americanos desenvolveram um código baseado no seu idioma para enviar mensagens cifradas na Segunda Guerra
Nativos americanos desenvolveram um código baseado no seu idioma para enviar mensagens cifradas na Segunda GuerraFoto: Reuters/K. Lamarque

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aproveitou uma homenagem a veteranos combatentes indígenas para voltar a criticar a senadora democrata Elizabeth Warren, afirmando que o Congresso americano tem uma representante apelidada de "Pocahontas".

Trump recebeu na segunda-feira (27/11) três membros da tribo navajo, que combateram na Segunda Guerra ao lado das Forças Armadas dos EUA. Os veteranos desenvolveram um código baseado em seu idioma para enviar mensagens cifradas e impedir que os nazistas as entendessem em caso de interceptação.

Senadora democrata de Massachusetts Elizabeth Warren afirma ter ascendência nativa americanaFoto: Reuters

Depois de elogiar os nativos, classificando-os como "incríveis" e "muito especiais", Trump aproveitou para cutucar a senadora democrata. "Vocês já estavam aqui muito antes que qualquer um de nós. No entanto, temos uma representante no Congresso que, dizem, estava aqui há muito tempo. Eles a chamam de 'Pocahontas'. Mas, eu gosto de vocês", disse, forçando vários membros de sua equipe de segurar o riso.

Trump tem usado repetidamente o nome da famosa nativa americana do século 17 para zombar da senadora do estado de Massachusetts e suas reivindicações de ter ascendência nativa americana. Segundo ele, Warren visaria, assim, promover a própria carreira acadêmica.

A destacada democrata liberal e estudiosa da área jurídica, que lecionou na Faculdade de Direito de Harvard, revelou em 2012, numa entrevista à agência Associated Press, que seus pais lhe haviam contado sobre sua herança indígena. Warren é feroz opositora de Trump e foi conselheira do ex-presidente Barack Obama, antes de ser eleita para o Senado americano em 2012.

Logo após a cerimônia desta segunda-feira, Warren reagiu à provocação de Trump numa entrevista à emissora MSNBC. "Isso deveria ser um evento para honrar heróis, gente que apostou tudo pelo nosso país, que, com seu incrível trabalho, salvou a vida de inúmeros americanos e nossos aliados", disse Warren. "É profundamente lamentável que o presidente dos EUA não consiga passar uma cerimônia que honre esses heróis sem ter que lançar uma injúria racial."

Homenagem foi realizada diante do retrato do ex-presidente Andrew Jackson, que ordenou a expulsão de indígenas em 1830Foto: picture-alliance/CNP/O. Contreras

Casa Branca só piora a gafe

A Casa Branca assegurou que Trump não fez qualquer ofensa ao se referir a Pocahontas. No entanto a assessora de imprensa, Sarah Huckabee Sanders, não deixou de declarar à imprensa:  "Acho que o que a maioria das pessoas acha ofensivo é a senadora Warren mentir sobre sua herança para promover a carreira."

Pocahontas é o nome de uma princesa ameríndia do século 17, filha predileta do chefe indígena Powhatan, da tribo Pamunkey, do estado de Virgínia. Segundo a lenda, Pocahontas se apaixonou por um colono inglês, John Smith. Sua história tem sido material para filmes, livros e histórias em quadrinhos.

Os comentários de Trump foram feitos com os três ex-combatentes navajo em frente à imagem do questionável ex-presidente americano Andrew Jackson, que assinou em 1830 uma ordem de expulsão de nativos de suas terras ancestrais, resultando na morte de milhares.

Líderes nativos americanos tacham os ataques de Trump a Warren de ofensivos e desagradáveis. Na segunda-feira, a Aliança das Tribos da Era Colonial, que representa as tribos nativas americanas que entraram em contato com colonos europeus, denunciou Trump por usar um nome nativo como um insulto.

"Os nomes indígenas americanos, sejam eles históricos ou contemporâneos, não devem ser utilizados como ofensa. Fazer isso é reduzi-los a insultos racistas", disse a organização.

PV/lusa/ap/rtr/afp/dpa

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