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Trump cobra aliados da Otan e ameaça reagir

3 de julho de 2018

"New York Times" revela cartas enviadas pelo presidente dos EUA a líderes da aliança se queixando da falta de comprometimento com gastos em defesa. Presidente sugere que pode rever presença militar americana mundo afora.

Donald Trump
Trump ressalta uma "crescente frustração dos Estados Unidos pelo fato de alguns aliados não agirem como o prometido"Foto: Reuters/L. Millis

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou cartas com críticas incisivas aos aliados da Otan, criticando países como Alemanha, Bélgica e Canadá por dedicarem muito pouco de seus orçamentos à defesa e alertando que os EUA estão perdendo a paciência com o que considera um fracasso no cumprimento das obrigações coletivas.

Segundo reportagem do jornal americano The New York Times publicada nesta segunda-feira (02/07), as cartas, que teriam sido enviadas em junho, evidenciam os desentendimentos entre os EUA e os demais Estados-membros da Otan, pouco antes de uma cúpula da aliança, a ser realizada na próxima semana em Bruxelas.

Desde que assumiu a presidência dos EUA, o americano vem reclamando com frequência que os aliados estariam tirando proveito de seu país, que contribui com uma fatia maior que os demais para os gastos com a defesa.

Nas cartas, Trump sugere que – após mais de um ano e meio de reclamações em público e em particular de que os líderes aliados pouco fizeram para compartilhar o fardo da defesa coletiva – Washington prepara uma resposta, que poderia incluir o reordenamento da presença militar americana no mundo.

O presidente não poupou críticas à Alemanha na carta enviada à chanceler federal Angela Merkel. "Como discutimos durante sua visita em abril, há uma crescente frustração dos Estados Unidos pelo fato de alguns aliados não agirem como o prometido", relatou ao New York Times uma fonte que teve acesso ao documento.

"Os Estados Unidos continuam a dedicar recursos para a defesa da Europa, enquanto a economia do continente, inclusive a da Alemanha, vai bem, e os desafios à segurança se acumulam", escreveu o presidente, segundo o jornal. Segundo Trump, tal frustração crescente não se limita ao Executivo, e o Congresso americano também está preocupado.

"Ficará cada vez mais difícil justificar aos cidadãos americanos por que alguns países não compartilham dos fardo coletivo da Otan para segurança  enquanto soldados americanos sacrificam suas vidas no exterior", afirmou Trump a Merkel.

"A contínua redução nos gastos com a defesa por parte da Alemanha mina a segurança da aliança e fornece uma validação para que os demais aliados também não planejem cumprir com seus compromissos [...] uma vez que eles têm vocês como modelo", ressaltou o americano.

Atritos podem beneficiar Moscou

As queixas de Trump se baseiam no argumento de que muitos países não aderiram ao compromisso assumido na cúpula da Otan de 2014 de dedicarem 2% de seus respectivos Produtos Internos Brutos (PIB) com a defesa nacional.

O New York Times afirma que a alegação de Trump, de que alguns dos aliados mais próximos dos EUA seriam "caloteiros" e falharam em contribuir com a Otan, seria fruto de uma má compreensão sobre o funcionamento da aliança.

O jornal americano aponta que atualmente apenas cinco dos 28 membros da Otan cumprem a meta dos 2%: EUA, Grécia, Reino Unido, Estônia e Polônia. Tal objetivo, no entanto, não é vinculativo, mas somente serve para guiar os gastos com defesa.

As críticas de Trump elevam as preocupações quanto a um agravamento das tensões entre Washington e seus aliados, após o notável distanciamento dos EUA dos demais países durante a cúpula do G7.

Alguns temem que os desentendimentos de Trump com os aliados da Otan, que permanecem em alerta frente a possíveis a ameaças da Rússia no Leste Europeu, possa beneficiar o presidente russo, Vladimir Putin, que se reunirá com o líder americano em Helsinki, na Finlândia, logo após a cúpula em Bruxelas.

Segundo o New York Times, além da Alemanha, Bélgica e Canadá, as cartas de Trump também teriam sido enviadas aos líderes de Espanha, Noruega, Itália, Luxemburgo, Holanda e Portugal, entre outros.

RC/efe/ots

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