Trump confirma cúpula com Kim Jong-un em 12 de junho
1 de junho de 2018
Encontro é confirmado após presidente americano se reunir na Casa Branca com braço-direito de ditador norte-coreano. Pela primeira vez em 18 anos, um alto representante da Coreia do Norte é recebido em Washington.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta sexta-feira (01/06) a realização da cúpula com o ditador norte-coreano, Kim Jong-um, no dia 12 de junho em Cingapura. A confirmação veio após a reunião do líder americano com o "segundo no comando" da Coreia do Norte, Kim Yong-chol, na Casa Branca.
Trump se reuniu no Salão Oval da Casa Branca com o braço-direito de Kim, que viajou para Washington depois de dois dias de reuniões em Nova York com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo. Essa é a primeira vez que um alto representante da Coreia do Norte visita a Casa Branca desde 2000, quando o militar Jo Myong-rok teve um encontro com o então presidente Bill Clinton.
O braço-direito do líder norte-coreano conversou com Trump por mais de uma hora e entregou ao presidente uma carta de Kim. Após o encontro, o republicano confirmou a realização da cúpula como o originalmente marcado e destacou que essa reunião será um "começo".
"Acho que provavelmente será um processo bem-sucedido", afirmou o presidente a jornalistas, ao falar sobre suas expectativas em relação a uma solução diplomática para o impasse com Pyongyang. Sobre a carta que recebeu de Kim, Trump afirmou que ainda não a leu.
Kim Yong-chol foi recebido por John Kelly, chefe de gabinete da Casa Branca, antes de entrar na residência presidencial americana.
O enviado da Coreia do Norte é uma das figuras atingidas pelas sanções impostas pelos EUA e pela ONU. Ele foi acusado pela Coreia do Sul de ser o mentor de ataques a um navio da marinha sul-coreana que matou 46 marinheiros e a uma ilha em 2010. Ele também estaria envolvido na invasão cibernética da Sony Pictures em 2014. A Coreia do Norte nega qualquer envolvimento nestes incidentes.
Durante quase 30 anos, Kim Yong-chol trabalhou para serviço de inteligência da Coreia do Norte. O atual braço-direito do líder norte-coreano foi ainda guarda-costas de seu pai, Kim Jong-il.
Ele entrou para a lista negra americana por apoiar os programas nucleares e de mísseis em 2010 e 2016, sendo proibido de visitar os Estados Unidos. Segundo o Departamento de Estado dos EUA, ele recebeu uma permissão para viajar ao país para as reuniões desta semana.
Vaivém
Depois de troca de ameaças e insultos, que elevaram a tensão entre Pyongyang e Washington a níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950 a 1953), Trump e Kim começaram a buscar neste ano uma solução diplomática e anunciaram uma cúpula em Cingapura, marcada originalmente para o dia 12 de junho.
O presidente americano, no entanto, cancelou no fim do mês passado a reunião, alegando hostilidade de Pyongyang, após o governo do país asiático responder a comentários de membros do governo americano, segundo os quais o processo de desnuclearização da Coreia do Norte poderia seguir o modelo da Líbia. Logo após ao cancelamento, porém, Trump deu sinais de que estaria disposto a voltar atrás na decisão.
CN/efe/rtr/afp
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Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.