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Trump defende compartilhar informações com Moscou

16 de maio de 2017

Presidente americano admite ter repassado "fatos" aos russos, mas não esclarece se eram sigilosos. Ele foi acusado de compartilhar material de inteligência confidencial, que teria sido fornecido aos EUA por Israel.

USA Donald Trump beim National Peace Officers Memorial Service in Washington
Foto: Reuters/K. Lamarque

Acusado pelo jornal The Washington Post de ter passado segredos de Estado aos russos, o presidente americano, Donald Trump, defendeu nesta terça-feira (16/05) – sem negar a denúncia – o seu direito de compartilhar informações com Moscou.

"Como presidente, queria compartilhar com a Rússia, o que tenho o direito absoluto de fazer, fatos relacionados ao terrorismo e à segurança aeronáutica", escreveu no Twitter.

Ele disse que compartilhou a informação por razões humanitárias. "Além disso, quero que a Rússia eleve consideravelmente sua luta contra o Isis [a milícia 'Estado Islâmico'] e o terrorismo", acrescentou.

O Washington Post noticiou nesta segunda-feira, citando fontes anônimas do governo americano, que Trump havia revelado ao chanceler russo, Serguei Lavrov, e ao embaixador russo em Washington, Serguei Kislyak, informações altamente confidenciais sobre uma operação do "Estado Islâmico". A reunião aconteceu na semana passada.

A informação teria sido repassada aos americanos por um aliado que não dera permissão para que ela fosse compartilhada com outros países, nem mesmo aliados. Segundo o Washington Post, a informação era tão sensível que sua circulação era restrita mesmo dentro do governo americano.

A ação de Trump não é ilegal, pois o presidente tem o direito de tornar informações públicas, mas coloca em risco a relação de confiança com o parceiro. Além disso, segundo o Post e outros jornais, pode levar a Rússia a identificar a fonte da informação e o método usado para obtê-la.

A identidade do aliado responsável por ter fornecido o material de inteligência a Washington não foi confirmada pelas autoridades, mas o jornal The New York Times afirma se tratar de Israel, citando fontes familiarizadas com a forma com que o governo americano obteve tal informação.

A revelação adiciona uma possível tensão diplomática ao episódio, uma vez que o país é um dos aliados mais importantes dos EUA no Oriente Médio, e essa relação pode ser prejudicada caso se confirme o compartilhamento de informação sigilosa com Moscou. Levanta-se ainda o risco de o material ser repassado ao Irã, aliado da Rússia e principal ameaça de Israel no Oriente Médio.

Conselheiro nega conduta inapropriada

O conselheiro nacional de segurança, H.R. McMaster, afirmou que fontes, métodos e operações militares não foram debatidos no encontro com os russos, do qual ele participou. Ele reiterou que a história do Washington Post, "como ela foi escrita, é falsa", mas não contestou explicitamente que informações confidenciais tenham sido compartilhadas pelo presidente.

Nesta terça-feira, em coletiva de imprensa na Casa Branca, McMaster insistiu que as informações repassadas por Trump aos diplomatas russos eram "totalmente apropriadas" e "coerentes com o compartilhamento rotineiro de informações entre o presidente e outros líderes".

O conselheiro não deixou claro se se tratavam de segredos de Estado, mas enfatizou que o presidente "de forma alguma comprometeu qualquer fonte ou método no decorrer da conversa", acrescentando que Trump "nem sequer sabia de onde partiram tais informações".

Já o Ministério russo do Exterior negou que tenha havido revelação de informação secreta e afirmou que se trata de "outra notícia falsa" publicada pela imprensa dos Estados Unidos.

AS/dpa/ap/rtr/ots