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Trump defende reconhecer soberania de Israel sobre Golã

22 de março de 2019

Presidente dos EUA recebe críticas do mundo árabe, do Irã, da Turquia, da China, da Rússia e da França após afirmar que chegou a hora de reconhecer a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, anexadas em 1981.

Israel conquistou as colinas de Golã da Síria em 1967, durante a guerra árabe-israelense
Israel conquistou as colinas de Golã da Síria em 1967, durante a guerra árabe-israelenseFoto: Getty Images/AFP/J. Marey

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou uma onda de críticas de vários países após acenar com a possibilidade de reconhecer a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, território disputado também pela Síria.

Numa postagem no Twitter nesta quinta-feira (21/03), Trump declarou que "depois de 52 anos, chegou a hora de os EUA reconhecerem por completo a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, que é de importância crítica estratégica e de segurança para o Estado de Israel e para a estabilidade regional".

A postagem do presidente ocorreu quando o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, se encontrava em Jerusalém. Ele se recusou a comentar a declaração de Trump, dizendo apenas que significa que os Estados Unidos permanecem ao lado de Israel.

Israel conquistou as Colinas de Golã, na Síria, em 1967, durante a guerra árabe-israelense. O primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, acusa o Irã de tentar estabelecer uma rede terrorista na região para lançar ataques contra seu país a partir de Golã e utiliza esse argumento para tentar obter reconhecimento internacional sobre o território.

Netanyahu elogiou a iniciativa de Trump em prol do reconhecimento do controle sobre o território disputado. Segundo o premiê, a declaração do americano é de igual importância ao reconhecimento de Jerusalém como a capital do Estado de Israel e a retirada dos EUA do acordo nuclear com o Irã. O premiê elogiou a "coragem" do americano e o agradeceu, também através do Twitter.

As Colinas de Golã foram anexadas por Israel em 1981. A comunidade internacional considera a região um território ocupado, e a Síria exige sua devolução como precondição para um futuro acordo de paz.

Mas, após oito anos de guerra civil na Síria, as conversações de paz com os israelenses estão longe de acontecer, mesmo porque Israel realizou ataques aéreos em solo sírio para tentar evitar que o Irã estabelecesse uma presença militar permanente no país árabe.

O governo sírio "condena nos termos mais fortes as declarações irresponsáveis de Trump sobre as Colinas de Golã ocupadas", afirmou o Ministério do Exterior da Síria. A postagem do presidente americano confirma a "tendenciosidade cega dos Estados Unidos para a entidade sionista", afirmou o órgão, em referência ao governo israelense.

O ministério sírio reiterou que "Golã sempre foi e permanecerá árabe e síria" e ressaltou que a declaração de Trump apenas reforçou as intenções de Damasco de liberar as colinas ocupadas utilizando todos meios possíveis.

O Irã também condenou a postagem do presidente americano. "A decisão pessoal e irrefletida é perigosa e apenas levará a novas crises no Oriente Médio", disse um porta-voz do Ministério iraniano do Exterior.

"Jamais permitiremos que a ocupação das Colinas de Golã seja legitimada", afirmou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, durante uma conferência de países muçulmanos em Istambul. A declaração de Trump "levou a região à beira de uma nova crise", acrescentou.

O Ministério do Exterior da Rússia, país que é um dos maiores aliados do governo sírio, qualificou a declaração de Trump de irresponsável. "Por hora, é apenas um chamado. Vamos esperar para que continue sendo somente isso", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

A França reiterou que não reconhece a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã e acrescentou que a anexação de 1981 é contrária ao direito internacional, mencionando resolução do Conselho de Segurança nesse sentido.

O governo da China pediu a "todas as partes envolvidas" que respeitem as resoluções da ONU sobre as Colinas de Golã, argumentando que "existem pontos muito claros traçados pela ONU nas resoluções 242 e 338".

O Conselho de Cooperação do Golfo, que reúne seis monarquias árabes, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, disse que destruição minas as chances de paz e "não vai mudar a realidade de que se trata de território sírio ocupado por Israel".

Na semana passada, os EUA já haviam dado sinais de que um provável reconhecimento da soberania israelense em Golã estaria a caminho. No relatório anual de direitos humanos do Departamento de Estado, o órgão se referiu ao território como "controlado por Israel" em vez de "ocupado por Israel", como era feito anteriormente.

Nas Colinas de Golã vivem cerca de 20 mil membros da etnia drusa, uma comunidade árabe que pratica uma versão da fé islâmica e se mantém fiel à Síria.

RC/ap/dpa/rtr

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