O presidente americano, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (05/04) durante uma visita à fronteira com o México que o país está "lotado" e não pode mais aceitar requerentes de refúgio.
"O sistema [migratório] está lotado, não podemos aceitá-los, seja por refúgio, seja por que querem. Não podemos aceitá-los, peço desculpas, mas deem meia-volta", afirmou o presidente em Calexico, na Califórnia.
Trump parecia fazer referência a um programa que o governo americano começou a implementar neste ano, batizado como "Protocolo de Proteção de Migrantes". O projeto prevê que os agentes que atuam na fronteira exijam que os imigrantes centro-americanos e que tentam entrar nos EUA esperem no México a análise do pedido de refúgio.
No entanto, Trump deu a entender que quer que o México deporte os imigrantes que esperam no território do país a conclusão do procedimento de pedido de refúgio nos EUA.
"Quando está lotado, está lotado. Não podemos aceitá-los. Que voltem para o México, e o México os devolverá a seus países", completou o presidente americano, se referindo aos imigrantes.
A ideia contradiz as leis internacionais sobre asilo, que impedem devolver o migrante ao país do qual ele fugiu.
No lado mexicano da fronteira, cerca de 200 pessoas protestaram contra o presidente. Elas balançaram bandeiras dos EUA e do México e carregaram cartazes com inscrições como "Pare a separação das famílias" e "Se você construir o muro, minha geração vai derrubá-lo".
Na cidade fronteiriça, Trump se encontrou com funcionários da polícia de fronteira americana, que afirmaram que o fluxo de migrantes seria incontrolável e que a capacidade estaria esgotada.
Trump anunciou que muitas novas barreiras de fronteira serão construídas nos próximos meses. Ele falou novamente de uma emergência e lamentou as graves deficiências no sistema migratório dos Estados Unidos.
As declarações do presidente foram feitas poucas horas depois de ele ter pedido ao Congresso para eliminar totalmente o sistema de asilo nos EUA.
"O Congresso tem que atuar [...] É preciso se desfazer de todo o sistema de asilo porque ele não funciona. E francamente, também deveríamos nos desfazer dos juízes. Não podemos ter um caso judicial cada vez que alguém põe os pés em nosso território", disse o presidente a jornalistas na Casa Branca.
Segundo a atual legislação americana, os imigrantes ilegais que entram no país e reivindicam refúgio têm direito a uma audiência num tribunal de imigração, desde que sejam aprovados numa primeira entrevista. Na ocasião, um funcionário americano avalia se o candidato tem um "medo crível" de perseguição em seu país de origem.
Antes de deixar Washington, o republicano havia se distanciado de suas ameaças anteriores de fechar a fronteira com o México. Segundo Trump, desde que havia falado sobre essa opção, as autoridades mexicanas passaram a agir com mais veemência contra imigrantes ilegais e impedir que continuassem sua viagem para os Estados Unidos.
Em vez de fechar a fronteira, Trump afirmou que agora pretende tributar as importações de automóveis do México com taxas de importação de 25%, caso o país não aja contra a migração ilegal e o contrabando de drogas.
CA/efe/dpa/afp/rtr
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Donald Trump quer um "grande e belo muro" entre os EUA e o México para frear a migração e o narcotráfico. Em outros lugares, barreiras de concreto e metal feitas para resolver problemas tiveram variados graus de êxito.
Foto: Getty Images/J. MooreAntes de Donald Trump, Bill Clinton já mandou construir cercas na fronteira. Após os atentados de setembro de 2001, George Bush acelerou a construção. Desde então, quase 1.100 quilômetros de fronteira receberam paredes de concreto, vigas de aço e outros tipos de obstruções.
Foto: Getty Images/D. McNewDesde 2002, Israel está construindo uma barreira ao longo da Cisjordânia. O projeto, oficialmente justificado como proteção contra o terrorismo, é altamente controverso e muitas vezes chamado "muro da separação". Há mais de dez anos, a Corte Internacional de Justiça declarou que ele viola o direito internacional. Israel, no entanto, continua construindo o muro, que deverá ter 759 km de extensão.
Foto: A. Al-BazzUm muro de controle militar de mais de 700 km na região da Caxemira divide a Índia e o Paquistão desde 1971. Em muitos lugares, esta "linha de controle" é reforçada por minas e arame farpado. A barreira de arame, que em alguns locais tem 3 metros de altura, também pode ser eletrificada.
Foto: Getty Images/AFPParedes divisórias também separam classes econômicas. Como em Lima, onde uma parede de concreto de 3 m de altura separa os moradores pobres de um bairro de ricos. Aliás, "condomínios fechados" são frequentes na América Latina. Os moradores da capital do Peru chamam a parede de "muro da vergonha".
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/S. CastanedaNa capital do Iraque, um muro de 4 metros de altura e 5 km de extensão corta a cidade. Ele foi construído pelos militares dos EUA na região dominada pelos xiitas em 2007. Hoje, o muro separa quase 2 milhões de pessoas. Também em outros bairros de Bagdá, paredes de concreto separam enclaves sunitas de bairros xiitas.
Foto: Getty Images/W. KuzaieO governo britânico construiu os chamados "muros da paz" na Irlanda do Norte em 1969 para separar católicos e protestantes. Portões permitiam a passagem para o outro lado. Em caso de conflitos, eles eram fechados. Alguns moradores dizem, no entanto, que as paredes acentuaram ainda mais a divisão na mente das pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. SmiejekDesde o final da Guerra da Coreia, nos anos 1950, uma zona desmilitarizada separa a Coreia do Norte, comunista, e a Coreia do Sul, capitalista. A faixa de cerca de 4 km de largura e 250 km de comprimento é uma das áreas restritas mais vigiadas do mundo. Em alguns pontos, muros marcam a fronteira entre as duas Coreias.
Foto: Getty Images/AFP/E. JonesTambém a Europa está se isolando. Desde outubro de 2015, a Hungria está fechando sistematicamente sua fronteira para evitar refugiados. No início, a cerca ainda não era hermética. Hoje, no entanto, quase ninguém consegue mais passar para o outro lado. A Hungria também quer construir uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/S. UjvariNos enclaves espanhóis de Ceuta e Mellila, no Marrocos, há fortificações especialmente altas. Para superá-las, é preciso passar por até três cercas. Para complicar, há detectores de movimento, câmeras infravermelhas e um arame farpado que penetra fundo na pele. Mesmo assim, muitos se arriscam e acabam se ferindo.
Foto: picture-alliance/dpa/A. SempereNa fronteira com a Síria, de onde muitos estão fugindo da guerra civil, a Turquia está construído um muro de 511 km de extensão. No final de fevereiro, o governo de Ancara anunciou que metade já está pronta. O muro de 3 metros de altura tem arame farpado e torres de vigilância. Várias vezes, a União Europeia criticou a Turquia por fazer controles muito brandos em suas fronteiras.
Foto: picture alliance/AA/R. Maltas