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Trump diz que vai impor sanções contra Turquia

15 de outubro de 2019

Anúncio ocorre após o presidente ser alvo de críticas por abandonar seus aliados curdos no norte da Síria, que passaram a ser alvo de ofensiva turca. "Estou preparado para destruir a economia da Turquia", diz.

USA Trump kündigt Sanktionen gegen Türkei an
Trump disse considerar que a ofensiva militar da Turquia "põe em risco civis e ameaça a paz, a segurança e a estabilidade na região"Foto: picture-alliance/dpa/M. Balce Ceneta

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (14/10) que pretende impor "em breve" sanções contra a Turquia em reposta à ofensiva militar do país no norte da Síria.

O anúncio ocorre após Trump sofrer uma série de críticas por ter ordenado a saída de tropas americanas da região, uma medida que acabou abrindo espaço para que os turcos iniciassem uma ofensiva contra as forças curdas da Síria, que até então eram aliadas dos EUA. 

Segundo Trump, o pacote de sanções vai incluir medidas contra atuais e ex-autoridades turcas, que podem ter bens bloqueados no EUA e serem proibidos de entrar no país.

Além disso, Trump determinou a suspensão das negociações de um acordo comercial de 100 bilhões de dólares entre os EUA e a Turquia e reimposição de uma tarifa de 50% sobre as exportações de aço turco.

"Estou totalmente preparado para destruir prontamente a economia da Turquia se os líderes turcos continuarem a trilhar esse caminho perigoso e destrutivo", disse Trump, em um comunicado publicado no Twitter.

Trump disse ainda que os cerca de mil soldados dos EUA que estão deixando a Síria permanecerão no Oriente Médio, sem especificar em qual país, para impedir o ressurgimento Estado Islâmico (EI). Segundo o mandatário, a missão deles será de "monitorar a situação".

No mesmo documento, Trump defendeu as ações dos Estados Unidos na luta contra o Estado Islâmico (EI) e justificou novamente a decisão de retirar as tropas do país do norte da Síria, que agora é alvo de uma ofensiva turca.

Além disso, ele afirmou considerar que a ofensiva militar da Turquia "põe em risco civis e ameaça a paz, a segurança e a estabilidade na região".

"Fui perfeitamente claro com o presidente [Recep Tayyip] Erdogan: a ação da Turquia está precipitando uma crise humanitária e está estabelecendo condições para possíveis crimes de guerra. A Turquia deve garantir a segurança dos civis, incluindo as minorias religiosas e étnicas", declarou.

Além disso, o secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, anunciou que pretende pressionar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para tomar medidas "econômicas e diplomáticas" contra o governo turco.

Ainda nesta segunda-feira, o vice-presidente dos EUA, Mile Pence, disse que Trump conversou com Erdogan e exigiu que os turcos suspendessem a ofensiva na Turquia. "Os EUA não deram sinal verde para a Turquia invadir a Síria", disse Pence. "Estamos pedindo para que a Turquia recue, ponha fim à violência e venha para a mesa de negociação."

Embora tenha sinalizado que pretende endurecer com Erdogan, Trump também voltou a expressar desdém pelos seus ex-aliados curdos. Em uma mensagem no Twitter, ele sugeriu que os curdos procurem a ajuda do antigo imperador francês Napoleão Bonaparte, 

"Qualquer um que queira ajudar a Síria para proteger os curdos está bem para mim, seja a Rússia, China ou Napoleão Bonaparte. Espero que fiquem bem, estamos a 12 mil quilômetros de distância!", disse, no Twitter.

Na semana passada, Trump já havia minimizado a importância o impacto da retirada dos EUA da região afirmando que os curdos "não nos ajudaram na Segunda Guerra Mundial, não nos ajudaram com a Normandia". 

O exército turco começou a invasão ao norte da Síria na última quarta-feira, após os Estados Unidos, aliados dos curdos na guerra contra o Estado Islâmico, anunciarem a retirada de suas tropas da região devido à iminência dessa operação militar, o que foi considerado como uma "traição" pelas Forças Democráticas Sírias (FSD), uma aliança formada majoritariamente por milícias curdas. A decisão de Trump foi alvo de críticas até mesmo de membros do Partido Republicano.

A Turquia quer ocupar uma área de 480 quilômetros de extensão e 30 quilômetros de largura no norte da Síria para expulsar as FSD e membros das Unidades de Proteção do Povo (YPG), que Ancara considera uma organização terrorista ligada à guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). O objetivo também é levar ao local os 3,5 milhões de refugiados sírios que fugiram para o território turco devido ao conflito na região.

A ação dos turcos também acabou tendo o efeito de gerar uma aproximaçãoentre as milícias curdas e o governo do ditador sírio Bashar al-Assad. Nesta segunda-feira, as Forças Armadas da Síria foram deslocadas para a fronteira com a Turquia.

O movimento ocorre poucas horas depois de milícias curdas anunciarem um acordo com al-Assad, aliado da Rússia, para ajudá-los a conter a ofensiva turca no nordeste sírio.

O anúncio de um acordo entre curdos e o governo sírio é a principal mudança nas alianças que surgiram após Trump  ordenar a retirada das tropas americanas em meio ao caos que se alastra rapidamente na região.

A mudança cria um conflito potencial entre Turquia e Síria e pode fortalecer o ressurgente grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI). Ao renunciarem a qualquer influência no norte da Síria, os EUA acabaram abrindo espaço para Assad e seu principal aliado, a Rússia.

JPS/efe/lusa/afp/dpa

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