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Trump diz ter "relação excelente" com Duterte

13 de novembro de 2017

Presidentes de EUA e Filipinas têm encontro amistoso em Manila. Guerra às drogas travada por Duterte não entra na pauta, e, segundo porta-voz de Trump, direitos humanos são mencionados apenas "brevemente".

Donald Trump e Rodrigo Duterte
Trump (esq.) reuniu-se com Duterte durante cúpula da Asean, em ManilaFoto: Reuters/J. Ernst

O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira (13/11) que tem uma "relação excelente" com o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, que vem travando uma polêmica guerra ao tráfico de drogas – a qual, segundo organizações de direitos humanos, envolve assassinatos em massa.

O presidente americano está nas Filipinas para participar de dois dias de reuniões com líderes de 18 países – a etapa final de uma turnê asiática pautada pela crise nuclear norte-coreana. As alegações de intervenção russa nas eleições presidenciais dos EUA em 2016 marcaram a segunda metade de sua viagem de 12 dias, com passagem por Japão, Coreia do Sul, China e Vietnã.

Organizações de direitos humanos apelaram a Trump para que ele terminasse sua jornada asiática com uma forte declaração contra a guerra às drogas travada por Duterte, em que policiais e supostos vigilantes teriam matado milhares de pessoas.

Numa série de encontros ao longo de domingo e desta segunda-feira, Trump e Duterte pareciam, no entanto, desfrutar da companhia um do outro.

"Temos tido uma relação excelente. Tem sido um sucesso", disse Trump a Duterte, em breves comentários de abertura de um encontro. o presidente americano elogiou o homólogo filipino pela organização das reuniões. "Realmente gostei de estar aqui."

Enquanto repórteres eram escoltados para fora da sala, alguém perguntou se Trump iria levantar a questão dos direitos humanos, e Duterte referiu-se jocosamente a mídia como "espiões". Ambos riram, mas não responderam.

Posteriormente, o porta-voz de Duterte disse que Trump não mencionou preocupações com os direitos humanos no encontro, que durou cerca de 40 minutos. Ele afirmou que o presidente americano assentiu com a cabeça enquanto ouvia Duterte falar sobre sua guerra ao narcotráfico. Já a porta-voz de Trump, Sarah Huckabee Sanders, disse que os direitos humanos foram mencionados, embora "brevemente". 

Duterte venceu as eleições presidenciais do ano passado com a promessa de erradicar as drogas ilegais com uma campanha sem precedentes, que resultaria em até 100 mil mortes. Desde que ele assumiu o cargo, a polícia comunicou ter matado 3.967 pessoas em operações de combate ao tráfico de drogas.

Outras 2.290 pessoas foram assassinadas em crimes relacionados às drogas, enquanto milhares de outras mortes ainda não foram oficialmente contabilizadas, de acordo com dados do próprio governo.

Apoio em casa

Muitos filipinos apoiam Duterte, pois acreditam que ele está tomando as medidas necessárias para combater o crime, mas organizações de direitos humanos têm advertido que ele pode estar orquestrando um crime contra a humanidade. A Anistia Internacional, por exemplo, acusou a polícia local de matar pessoas indefesas e de contratar assassinos de aluguel para matar dependentes de drogas.

Quando pressionado por alegações de homicídios extrajudiciais realizados pela polícia, Duterte insistiu que nunca pediu que a lei fosse violada. Mas as organizações de direitos humanos afirmaram que a polícia foi incitada pelo presidente a matar. No ano passado, ele disse que ficaria "feliz em abater" três milhões de dependentes químicos.

Além disso, Duterte também tem se vangloriado repetidamente de ter matado pessoas, mais recentemente na semana passada, enquanto estava no Vietnã para a cúpula econômica Ásia-Pacífico. "Aos 16 anos eu já tinha matado alguém. Uma pessoa real, um estrondo, uma facada. Tinha apenas 16 anos", disse.

Aliados de longa data

Os laços entre as Filipinas e os Estados Unidos, aliados de longa data vinculados por um tratado de defesa mútua, deterioram-se à medida que Duterte se voltou para China e Rússia. No ano passado, o presidente declarou a "separação" entre Filipinas e EUA.

Num telefonema posterior, em abril, Trump disse ao presidente filipino que estava fazendo um "excelente trabalho", o que ajudou a iniciar um descongelamento diplomático.

"Nós somos um aliado seu. Somos um aliado importante", disse Duterte nesta segunda-feira, aparentemente confirmando que as relações voltaram ao normal, embora continue cortejando Moscou e Pequim.

Duterte e Trump sentaram um ao lado do outro num banquete pré-cúpula no domingo, no qual sorriram, conversaram e brindaram com taças de champanhe. Duterte também cantou uma canção de amor filipina, alegando irreverentemente ter seguido ordens do presidente americano.

As Filipinas ocupam a presidência rotativa da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), formada por dez países. Os eventos de segunda e terça-feira em Manila são duas cúpulas distintas da Asean. As reuniões também incluem China, Japão, Rússia, Coreia do Sul, Índia, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

A ameaça crescente do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) em todo o Sudeste da Ásia e os esforços para pressionar o líder norte-coreano, Kim Jong-un, a abandonar suas ambições nucleares foram os principais itens da agenda em Manila.

PV/afp/ots

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