AfD manifestou entusiasmo após eleição do novo presidente dos EUA, de quem se vê como aliada natural. Mas especialistas avaliam que magnata poderá fomentar a divisão interna do heterogêneo partido.
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O partido populista Alternativa para a Alemanha (AfD) foi um dos primeiros a cumprimentar o republicano Donald Trump pela vitória na eleição presidencial dos Estados Unidos. Num telegrama de felicitações enviado no dia da eleição, os presidentes do partido, Frauke Petry e Jörg Meuthen, disseram que a AfD é uma aliada natural de Trump. O gesto foi seguido por declarações semelhantes de outros membros da agremiação.
Não existem pesquisas sobre o tema, mas é presumível que boa parte da base do partido também esteja entusiasmada com a eleição de Trump. Quem circula por eventos da AfD ouve com frequência o conceito "Populista Internacional". O principal objetivo desse movimento seria derrubar as elites políticas, e a eleição de Trump é vista como um importante passo nesse sentido.
Populistas europeus enaltecem vitória de Trump
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Para o cientista político Hendrik Träger, AfD e Trump se vangloriam de "ouvir a voz do povo". Além disso, ambos defendem posições nacionalistas. Já o cientista político Werner J. Patzelt afirma que tanto Trump como os populistas alemães preenchem uma lacuna de representatividade. "Uma parte significativa da população não se sente representada pela classe político-midiática e agora encontrou uma válvula de escape."
Segundo Patzelt, Trump cria na AfD a expectativa de, finalmente, a Casa Branca ser ocupada por um político "como ele deveria ser", por alguém que "não só fala, mas também faz". Afinal, quem precisa de negociações modorrentas se basta assinar um decreto presidencial?
Trump é bem diferente da AfD
As similaridades, porém, acabam por aí, garantem os dois especialistas. Um fenômeno como Trump dificilmente aconteceria na Alemanha, onde há partidos políticos com uma forte hierarquia interna e um sistema de governo parlamentarista. Além disso, não há um multimilionário na cúpula da AfD, alguém capaz de tomar o partido de assalto.
Träger chama a atenção para mais uma diferença. "Trump é um one man show, já a AfD é um partido heterogêneo." Segundo ele, trata-se de "uma salada de frutas sem um denominador comum e que, até agora, conseguiu empurrar as divergências para debaixo do tapete". Um dos efeitos do fenômeno Trump pode justamente ser fomentar o potencial de divisão interna do partido. Para Träger, as aventuras de Trump podem ter um efeito inibidor. Em consequência, as alas internas podem se afastar ainda mais.
Patzelt também considera possível um efeito inibidor. Para ele, os ventos favoráveis só vão soprar até ficar claro que "esse homem vai conduzir seu país para o buraco". Aí também a AfD vai dizer: "Salve-se quem puder, e por favor não nos associem a Trump".
Patzelt avalia que Trump pode ensinar mais uma coisa aos simpatizantes da AfD. "Uma política nacionalista inconsequente gera mais prejuízos do que ganhos", e isso pode elevar a percepção de que "uma potência como a Alemanha, com sua posição central complexa, está mais bem servida com um multilateralismo cauteloso", afirma.
Trump: populista, milionário, presidente
Donald Trump é empreendedor imobiliário, autor de best-seller, estrela de televisão e muitos não o levavam a sério. Mas ele foi eleito o 45º presidente dos Estados Unidos. Conheça sua trajetória.
Foto: picture-alliance/dpa
A família, seu império
Trump com a família: a esposa, Melania (de branco), as filhas Ivanka e Tiffany, os filhos Eric e Donald Junior, e os netos Kai e Donald Junior 3º. Os filhos são "vice-presidentes seniores " do conglomerado Trump.
Foto: picture-alliance/dpa
1984
Esta foto, tirada em 1984, marca a abertura do Harrah's at Trump Plaza, um complexo envolvendo hotel, restaurante e cassino em Atlantic City. Este foi apenas um dos investimentos que tornou Trump bilionário.
Foto: picture-alliance/AP Images/M. Lederhandler
Frederick Junior, o pai
Donald Trump herdou o dinheiro para seus investimentos do pai, Frederick, que lhe deu um capital inicial de um milhão de dólares. Após sua morte, em 1999, Donald e seus três irmãos herdaram uma fortuna de 400 milhões de dólares.
Foto: imago/ZUMA Press
O nome é a marca
Trump investe de forma agressiva, mas também sofre fracassos. Numa perspectiva de longo prazo, no entanto, obtém sucesso, como por exemplo com a Trump Tower em Nova York. Ele calcula sua fortuna hoje em 10 bilhões de dólares. Especialistas, entretanto, consideram um terço desse valor mais realista.
Foto: Getty Images/D. Angerer
"Very good, very smart" (Muito bom, muito inteligente)
É o que Trump diz de si mesmo. E acrescenta que cursou a universidade de elite Wharton (foto), na Filadélfia, onde se formou em 1968.
Foto: picture-alliance/AP Photo/B.J. Harpaz
Capitão Trump
Antes disso, quando tinha 13 anos, seu pai o havia enviado para um internato militar em Cornwall-on-Hudson, onde deveria aprender a ser disciplinado. No último ano, ele obteve inclusive uma patente militar. Ele diz que, ali, recebeu mais treinamento militar do que nas Forças Armadas americanas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/
Dispensado da Guerra do Vietnã
Devido a um problema no calcanhar, Trump foi dispensado e não lutou na Guerra do Vietnã.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Ivana, primeira esposa
Em 1977, Trump se casou com a modelo tcheca Ivana Zelníčková, com quem teve três filhos. O relacionamento foi acompanhado de rumores sobre relacionamentos extraconjugais. Foi Ivana quem apelidou Trump de "The Donald".
Foto: Getty Images/AFP/Swerzey
Família número 2
Em 1990, Trump se divorciou de Ivana e se casou com Marla, 17 anos mais jovem que ele. A filha do casal se chama Tiffany.
Foto: picture alliance/AP Photo/J. Minchillo
As meninas de Trump
Em público, Trump não aparece só ao lado de sua esposa. Ele costuma acompanhar concursos de beleza ao lado de jovens modelos. De 1996 a 2015, ele foi o responsável pelo concurso de Miss Universo nos EUA.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Lemm
A arte de negociar
Como fazer milhões de forma rápida? O best-seller de Trump "A arte da negociação" é um exemplo. O livro é em parte autobiográfico, em parte um livro de dicas para empresários ambiciosos. A publicação não foi somente uma das mais vendidas nos EUA, como também colocou Trump no centro das atenções no país.
Foto: Getty Images/AFP/M. Schwalm
"The Donald" no ringue
Como poucos, Trump consegue chamar a atenção da mídia. Seu campo de ação inclui até um ringue de luta livre. Em seu programa "O Aprendiz", os candidatos eram contratados ou demitidos. Sua frase favorita no programa era "Você está demitido!"
Foto: Getty Images/B. Pugliano
Trump na política
Na verdade, ele quase não teve uma carreira política. Em 16 de junho de 2015, Trump anunciou sua candidatura para a corrida presidencial pelo Partido Republicano. Seu slogan: "Faça a América grande outra vez". A campanha foi feita ao lado da família e com slogans contra imigrantes, muçulmanos, mulheres e sadversários políticos.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Lane
45º presidente dos Estados Unidos
O populista e showman é agora o novo presidente dos Estados Unidos, o que muitos não poderiam sequer imaginar. Mas a história de Donald J. Trump também mostra que este homem tem a capacidade de se transformar como um camaleão.