Foto de republicano com o punho em riste momentos depois do atentado está sendo compartilhada por apoiadores como sinal de força do candidato à Casa Branca. Imagem já entrou para a iconografia americana.
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Algumas imagens de eventos históricos ficam gravadas na nossa memória coletiva. Muitos que testemunharam a cobertura do 11 de Setembro de 2001 se lembram das pessoas, vestidas com roupas de escritório, caindo do World Trade Center pouco antes de as torres virem abaixo. Indo mais atrás na história dos Estados Unidos, outro registro icônico mostra soldados erguendo a bandeira nacional no campo de batalha na ilha japonesa de Iwo Jima, em 1945, durante as fases finais da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.
Parece que a historiografia americana acaba de ganhar outra imagem: O registro que Evan Vucci, um fotógrafo da agência de notícias Associated Press (AP), fez do candidato à Casa Branca Donald Trump segundos depois de ele escapar de uma tentativa de assassinato em um comício realizado no sábado (13/07) em Butler, na Pensilvânia. A imagem ilustra o topo deste artigo.
"Eu sabia que era um momento na história americana e que tinha que ser registrado", disse o próprio Vucci logo após o atentado.
O fotógrafo-chefe de notícias da AP em Washington estava fazendo o trabalho que ele já havia feito centenas de vezes antes em outros comícios – até que vieram os tiros.
"Olhei para o palco e vi os agentes do Serviço Secreto correndo em direção ao presidente Trump. A partir desse momento, corri para o palco e comecei a fotografar", disse Vucci. "Não tenho certeza de quanto tempo durou do início ao fim, mas na minha cabeça tudo aconteceu muito rápido."
Imagem transmite senso desafiador e patriótico ao mesmo tempo
Já há pessoas comparando a foto à icônica imagem dos soldados da Marinha americana hasteando a bandeira na ilha japonesa durante a Segunda Guerra Mundial. No X, um internauta chamou-a de "a foto de Iwo Jima desta geração". A renomada revista The New Yorker também apontou semelhanças.
É fácil ver de onde vem a comparação. O punho erguido de Trump e sua expressão facial, acentuada pelo sangue que corre pelo rosto, podem ser lidos como uma declaração de alguém que desafia a adversidade. E há também a própria bandeira americana, elemento central na foto de Iwo Jima e pano de fundo patriótico perfeito na imagem do republicano, que com seu punho cerrado e altivez parece sinalizar: "Ainda estou de pé".
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A bandeira é extremamente importante para os americanos
Com suas estrelas e listras nas cores azul, vermelho e branco, a bandeira americana tem imensa importância na cultura dos EUA. Especialmente para americanos conservadores – mas não só entre eles –, ela é o principal símbolo de orgulho nacional e amor pelo país, sendo ostentada nos jardins de muitas casas particulares.
O hino nacional dos EUA, "The Star-Spangled Banner" (O Estandarte Estrelado, em tradução livre), fala sobre americanos que "orgulhosamente [...] saudaram" a bandeira durante a Guerra de 1812 contra os britânicos. Cidadãos patriotas dos EUA chamam seu país de "a terra dos livres e o lar dos bravos", referindo-se às letras do hino nacional.
Para os apoiadores de Trump, ver a bandeira tremular acima de seu presidente, que acabou de sobreviver a uma tentativa de assassinato, é um forte símbolo de força e resiliência – tanto de seu país quanto de Trump.
"Os EUA estão orando pelo presidente Trump", escreveu o congressista republicano Matt Gaetz no X. "Nós vamos superar e DERROTAR O MAL [sic]!"
Autor de foto icônica de Trump já foi premiado no passado
Não é a primeira vez que o fotojornalista Evan Vucci trabalha sob fogo cruzado. Ele acompanhou um pelotão de soldados americanos e suas famílias durante uma turnê de 15 meses em Mosul, no Iraque. Em 2021, ele fez parte da equipe da AP que ganhou o Prêmio Pulitzer, um dos mais importantes reconhecimentos do jornalismo, na categoria "fotografia de notícias de última hora" por sua cobertura dos protestos antirracistas que varreram o país após a morte de George Floyd.
O caso de Floyd, um homem negro morto por policiais brancos em Minneapolis, repercutiu em todo o mundo. Resta saber quais consequências o atentado contra Trump terá para os EUA e para as eleições presidenciais em 5 de novembro.
O candidato republicano falará na Convenção Nacional do partido que começa nesta segunda-feira em Milwaukee, Wisconsin, onde será oficialmente ungido por aliados para disputar a Casa Branca.
"Eu realmente amo nosso país, e amo todos vocês, e estou ansioso para falar com nossa grande nação esta semana em Wisconsin", escreveu o ex-presidente em um post na rede social Truth Social.
Tiros contra Trump: imagens e reações
A tentativa de assassinato de Donald Trump em um comício na Pensilvânia chocou os EUA e o mundo. Veja como tudo aconteceu.
Foto: Brendan McDermid/REUTERS
Tiros
Uma série de tiros foi disparada durante o comício da campanha presidencial de Donald Trump em Butler, Pensilvânia. Os agentes do Serviço Secreto correram rapidamente para o palco e cercaram Trump.
Foto: Gene J. Puskar/AP Photos/picture alliance
Agentes correm para proteger Trump
No momento dos disparos, Trump pôde ser visto tocando sua orelha direita e se abaixando por detrás do púlpito onde discursava. Em seguida, agentes do Serviço Secreto correram para o palco e cobriram o ex-presidente com seus corpos. Eles se amontoaram sobre ele, enquanto outros agentes de segurança protegiam o local.
Foto: Evan Vucci/AP Photos/picture alliance
Rosto ensanguentado, punho em riste
Depois de cercar Trump, agentes do Serviço Secreto ajudaram o ex-presidente a se levantar. Manchas de sangue eram vistas em seu rosto. Trump ergueu o punho em direção à multidão, dizendo "fight, fight, fight" (luta, luta, luta). Muitos na multidão gritavam: "USA, USA" (EUA, EUA).
Foto: REUTERS
Trump em pode desafiadora
Após os agentes ajudarem Trump a se levantar, ele ergueu o punho em gesto de desafio. Com o rosto manchado de sangue, ele dizia à multidão para "lutar, lutar". As imagens do momento, capturadas aqui pelo fotógrafo da AP Evan Vucci, circularam rapidamente nas mídias sociais, já que muitos republicanos o viram como um momento decisivo da eleição de Trump.
Foto: Evan Vucci/AP Photo/picture alliance
A cena do crime: comício na Pensilvânia
Trump, tinha acabado de começar seu discurso quando os tiros foram disparados. Ele falava sobre migrantes. Uma testemunha disse à agência de notícias Reuters que, a princípio, pareciam fogos de artifício, mas depois as pessoas começaram a gritar. "Todo mundo começou a entrar em pânico. Foi um caos", afirmou.
Foto: Evan Vucci/AP Photo/picture alliance
Choque e medo entre participantes do comício
Uma pessoa da plateia foi morta e duas ficaram gravemente feridas, segundo autoridades de segurança. Um médico que estava no meio da multidão correu para ajudar um dos feridos. Depois de falar com os repórteres, o médico disse que a pessoa havia sido baleada na cabeça. A morte foi confirmada mais tarde.
Foto: Brendan McDermid/REUTERS
Choque nos EUA e no mundo
A notícia sobre o que o FBI está chamando de "tentativa de assassinato" ganhou as manchetes em todo o mundo. O presidente americano, Joe Biden, se disse aliviado por Trump "estar bem". Ele condenou o ataque, dizendo que "não há lugar nos Estados Unidos para esse tipo de violência". O vice-presidente Kamals Harris, que também estava fazendo campanha na Pensilvânia, condenou o "ato abominável".
Foto: Brian Snyder/REUTERS
Joe Biden: ataque "doentio"
O presidente dos EUA, Joe Biden, também falou com Donald Trump depois que ele recebeu alta do hospital. Biden disse estar grato ao Serviço Secreto por ter colocado Trump em segurança. Referindo-se ao ataque, ele afirmou: "É doentio. É doentio. É uma das razões pelas quais temos que unir este país".
Foto: Tom Brenner/REUTERS
Policiais fazem segurança de Biden
Policiais de Rehoboth Beach, em Delaware, vigiam o prédio onde o presidente dos EUA, Joe Biden, fez um discurso condenando o ataque contra seu provável rival nas próximas eleições presidenciais.
Foto: Tom Brenner/REUTERS
FBI: Não há outra "ameaça existente por aí"
Várias horas após o incidente, o FBI assumiu a liderança da investigação e afirmou ter ocorrido uma "tentativa de assassinato" de Trump, dizendo que havia identificado o atirador. O agente especial Kevin Rojek disse que as autoridades estavam "trabalhando febrilmente" no caso. O FBI informou que não ter "nenhuma razão" para acreditar que houvesse qualquer outra ameaça.
Foto: Brendan McDermid/REUTERS
Segurança reforçada
A polícia de Nova York montou guarda em frente à Trump Tower em Nova York. Depois de deixar o hospital, Donald Trump deveria passar a noite em sua residência em Nova York, segundo o jornal "The New York Times".
Foto: David Dee Delgado/REUTERS
A tentativa de assassinato mais grave desde 1981
Membros do Serviço Secreto patrulharam o local na Pensilvânia onde Donald Trump havia realizado um comício anteriormente. O ataque foi a tentativa mais séria de assassinar um presidente ou candidato à presidência desde 1981, quando Ronald Reagan foi baleado.