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Trump tentou pressão ilegal para reverter derrota na Geórgia

4 de janeiro de 2021

Jornal "Washington Post" revela gravação de conversa entre presidente e autoridade eleitoral do estado, onde Trump teria pedido que sejam "encontrados" votos necessários para impedir vitória de Joe Biden.

"Tudo que eu quero é encontrar os 11.780 votos", teria dito o presidente dos EUA, Donald Trump, à autoridade na Georgia
"Tudo que eu quero é encontrar os 11.780 votos", teria dito o presidente dos EUA, Donald Trump, à autoridade na GeorgiaFoto: picture-alliance/AP/A. Brandon

A poucos dias de deixar a Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se tornou o centro de mais um escândalo. Dessa vez, ele teria sido gravado ao tentar coagir a principal autoridade eleitoral da Geórgia, Brad Raffensperger, a agir para mudar o resultado das eleições presidenciais no estado.

Uma reportagem publicada neste domingo (03/12) pelo jornal The Washington Post revelou mais de uma hora de gravações nas quais Trump pediu a Raffensperger que ele "encontrasse" os votos necessários para reverter a vitória do democrata Joe Biden  nas eleições presidenciais de novembro.

Recusa em aceitar a derrota

O telefonema seria o último episódio de dois meses de tentativas do presidente de mudar o resultado da votação, com inúmeras alegações de fraude que foram rejeitadas por juízes na Geórgia e em vários outros estados, além da Justiça federal.

Ao longo da conversa, Trump pediu que Raffensperger agisse, mas, diante da recusa, ameaçou leva-lo à Justiça e apresentar acusações criminais contra ele, e ainda o advertiu que ele estaria correndo um "grande risco" ao não aceitar o pedido. O secretário, assim como o presidente, é do Partido Republicano.

"O povo da Geórgia está irritado, o povo do país está irritado. E não há nada de errado em dizer, sabe, que você recalculou", diz Trump em uma das gravações. Ao responder, Raffensperger diz: "Senhor presidente, o desafio que o senhor tem é que os seus dados estão errados".

Em outro momento da conversa, Trump foi mais direto: "Olha, tudo que eu quero é isso, é somente encontrar os 11.780 votos, que é um a mais do que temos, porque nós vencemos neste estado".

Trump teria citado especificamente esse número porque, segundo a apuração oficial, Biden venceu com uma diferença de 11.779 votos na Geórgia, estado que detém 16 votos no Colégio Eleitoral.

Em dezembro, as autoridades da Geórgia certificaram a vitória de Biden, o primeiro democrata a ganhar no estado desde 1992, quando Bill Clinton saiu vencedor. Durante semanas, as mesmas autoridades vinham lidando com as pressões do presidente, que não reconhece sua derrota e insiste em denunciar fraude no processo eleitoral, sem apresentar provas.

A Casa Branca se recusou a comentar a reportagem. O escritório de Raffensperger também evitou falar com a imprensa.

Bob Bauer, um dos principais assessores do presidente eleito Joe Biden, disse que a gravação capturou "toda a história lamentável do atentado de Trump à democracia americana". "Temos agora provas irrefutáveis de um presidente pressionando e ameaçando uma autoridade de seu próprio partido para levá-lo a cancelar uma eleição legal e certificada e fabricar outra em seu lugar", afirmou.

A conversa de Trump com Raffensperger ficou pública enquanto alguns de seus mais ferrenhos aliados no Congresso americano anunciaram que pretendem se opor à certificação do resultado das eleições, marcada para a próxima quarta-feira.

Esforço inútil

Na prática, o movimento de oposição à certificação tem caráter simbólico, podendo atrasar a decisão da confirmação da vitória de Biden, mas sem força suficiente para impedir a certificação.

O ex-vice-presidente se elegeu por uma vantagem de 306 a 232 no Colégio Eleitoral, o que totalizou mais de sete milhões de votos. Isso significa que, mesmo que Trump tivesse ganho os votos da Geórgia, ele mesmo assim teria perdido as eleições em nível nacional.

RC/rtr/efe                               

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