Presidente dos EUA defende procurador-geral, acusado de mentir sob juramento sobre contatos com russos durante a campanha eleitoral. "Ele é um homem honesto", diz Trump após democratas pedirem a renúncia do jurista.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saiu nesta quinta-feira (02/03) em defesa do procurador-geral Jeff Sessions, acusado de ter mentido sobre contatos com autoridades russas durante seu processo de confirmação no Senado e cuja renúncia foi pedida por democratas.
"Jeff Sessions é um homem honesto. Ele não disse nada de errado", afirmou Trump em mensagem publicada no Twitter. Embora tenha admitido que Sessions "poderia ter respondido de forma mais precisa" nas audiências, o republicano defendeu que qualquer falta de clareza "não foi intencional".
"Essa narrativa é uma forma de os democratas manterem as aparências após perderem uma eleição que todos pensavam que eles venceriam. Os democratas estão se excedendo. Perderam as eleições e agora perderam a noção da realidade", acusou o presidente. "É uma verdadeira caça às bruxas".
Nesta semana, o jornal The Washington Post revelou que Sessions realizou duas reuniões com o embaixador russo em Washington, Serguei Kislyak, durante a campanha presidencial no ano passado. Os encontros aconteceram em julho e setembro, em meio a uma tempestade política pela suposta ingerência do governo russo nas eleições americanas por meio de ataques cibernéticos.
Sessions, apoiador de Trump e assessor político do candidato republicano, não divulgou que manteve essas comunicações durante sua audiência de confirmação no Senado, em janeiro, quando foi questionado se alguém afiliado à campanha presidencial teria tido contato com os russos.
Após a revelação dos encontros, o Partido Democrata intensificou suas críticas contra Sessions, afirmando que a explicação dele sobre as comunicações com o embaixador russo em 2016 é "simplesmente inacreditável". A líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, acusou o procurador-geral de mentir sob juramento e exigiu que ele renuncie.
Nesta quinta-feira, Sessions afirmou, em pronunciamento à imprensa, que se afastará de qualquer investigação do Departamento de Justiça sobre a possível interferência do Kremlin no pleito presidencial. Ele ainda disse que nunca chegou a discutir sobre a eleição americana com qualquer funcionário ou intermediário russo e descartou uma possível renúncia ao cargo, como clamam os democratas.
O episódio ameaça criar uma nova crise no governo republicano, depois da renúncia, em fevereiro, do então assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, o general Michael Flynn, que também manteve contatos com o embaixador Kislyak antes da posse de Trump. Por sua parte, o presidente sempre negou qualquer tipo de conexão de sua campanha presidencial com o Kremlin.
EK/afp/dpa/ap/lusa/efe
Os decretos de Donald Trump
Donald Trump estremeceu o cenário político em seus primeiros dias como presidente dos EUA com uma série de decretos e memorandos impactantes. Entenda a diferença e o significado de cada um deles.
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Forma rápida de cumprir promessas eleitorais
Com menos de duas semanas na presidência, Donald Trump emitiu 17 medidas executivas. Embora este número em si não seja significativo – no mesmo período Barack Obama assinou praticamente o mesmo número de ordens – o conteúdo dos decretos de Trump é. Parece que o novo presidente dos EUA quer implementar muitas de suas promessas de campanha – incluindo as controversas - o mais rápido possível.
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O que são ordens executivas e memorandos?
As ações executivas (EA) permitem que o presidente dos EUA dê ordens que não precisam de aprovação do Congresso a agências governamentais, contornando o processo legislativo e acelerando sua implementação. Ordens executivas são uma forma mais abrangente de EA que muitas vezes lidam com diretrizes organizacionais maiores, enquanto memorandos presidenciais ordenam agências específicas a fazer algo.
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Enfraquecer Obamacare (ordem executiva)
A primeira ordem executiva assinada por Trump foi uma para retardar partes do Affordable Care Act (Obamacare) para "minimizar encargos regulatórios". Enquanto Trump sozinho não pode revogar a legislação instituída por Obama, ele pode minar a implementação do programa de saúde enquanto a maioria republicana no Congresso se prepara para revogá-lo.
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Retirar subsídio para aborto (memorando)
Trump reinstituiu uma política que impede o financiamento federal para ONGs que fornecem aconselhamento sobre aborto e defendem o direito ao aborto. Essa diretriz tem uma longa história: foi inicialmente instaurada pelo republicano Ronald Reagan, rescindida pelo democrata Bill Clinton, reinstituída pelo republicano George W. Bush, antes de ser reativada pelo democrata Barack Obama.
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Deportação de imigrantes (ordem executiva)
Trump ordenou que os agentes de imigração expandissem o escopo das deportações. Ele visa retirar concessões federais das chamadas cidades-santuário (onde imigrantes sem documentos não são processados) e que imigrantes suspeitos de um crime sejam detidos, mesmo sem acusação. Trump pretende contratar 10 mil novos agentes e publicar um relatório sobre crimes cometidos por imigrantes sem documentação.
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Construir o muro (ordem executiva)
Numa ordem executiva assinada em 25 de janeiro, Trump solicitou "a construção imediata de um muro físico", a fim de proteger a fronteira entre México e EUA. Ele também se referiu aos imigrantes sem documentos como "deportáveis", dizendo que o Poder Executivo deve "acabar com o abuso das disposições de liberdade condicional e refúgio usadas para impedir a remoção legal de estrangeiros deportáveis."
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Veto a muçulmanos (ordem executiva)
Trump assinou este controverso decreto em 27 de janeiro. Ele proibiu pessoas de sete países de maioria muçulmana de entrar nos EUA por três meses, suspendeu indefinidamente o programa de refugiados sírios e suspendeu a admissão de refugiados por 120 dias. Protestos contra a ordem estouraram em todo o país e até mesmo os senadores republicanos John McCain e Lindsey Graham criticaram a medida.
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EUA deixam TPP (memorando)
Não foi nenhuma surpresa Donald Trump ter abandonado a Parceria Transpacífico (TPP). Durante a campanha, ele criticou frequentemente o TPP e a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), afirmando que outros países se beneficiaram desses acordos comerciais, em detrimento dos EUA. O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que Trump prefere lidar individualmente com os países.
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Sinal verde para oleodutos (memorando)
Três memorandos diferentes – um sobre a construção do oleoduto Dakota Access, outro sobre a continuação da construção do oleoduto Keystone e uma terceira ordem sobre o uso de materiais americanos nas obras – foram emitidos no quarto dia de Trump no governo. Obama tinha negado licenças para ambos os oleodutos após protestos em massa de ambientalistas, que temem o impacto de eventuais vazamentos.
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Expandir as Forças Armadas (memorando)
Trump cumpriu sua promessa eleitoral de investir num Exército maior ao assinar na sua primeira semana no cargo um memorando que pede mais tropas, navios de guerra e um arsenal nuclear modernizado. Quatro dias antes ele ordenou congelar a contratação de civis em agências federais por até 90 dias, para que seu governo possa desenvolver um plano de longo prazo para encolher a força de trabalho.
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Steve Bannon no NSC (memorando)
Trump ordenou uma revisão do Conselho de Segurança Nacional (NSC) para elevar o papel de Stephen Bannon. Trump retirou vários membros do painel responsável por tomar decisões de política externa, enquanto seu estrategista-chefe – conhecido por opiniões de extrema direita – servirá no comitê geralmente preenchido por generais. Isso rompe com a norma de longa data de não nomear políticos para o NSC.
Foto: pciture-alliance/AP Photo/E. Vucci
Desregulamentações (executiva e memorando)
Trump quer que agências federais eliminem ao menos duas normas para cada nova regulamentação e ordenou o congelamento de regulamentações federais, até que um chefe de departamento designado por ele possa revisá-las. Ele também pediu pela rápida aprovação de "projetos de infraestrutura de alta prioridade". Na campanha, Trump disse que o "excesso de regulamentações" feriu o comércio americano.
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Precedente presidencial
Obama emitiu um total de 277 ordens executivas – uma média de quase três por mês e um pouco menos do que seu antecessor, George W. Bush (291). Obama assinou 644 memorando presidenciais para contornar imposições no Congresso – um precedente do qual Trump aparenta estar tirando proveito, embora a maioria em ambas as Casas do Congresso seja republicana.