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Trump faz acusações pessoais a Hillary em segundo debate

10 de outubro de 2016

Depois da divulgação de vídeo de teor sexista, republicano parte para o ataque e acusa marido da candidata democrata de "ações bem piores" e diz que colocaria Hillary na cadeia por causa do escândalo de e-mails.

US TV Debatte Trump vs Clinton
Foto: picture alliance/AP Photo/J. Locher

Após vazamento, Trump lembra escândalo com Bill Clinton

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Os candidatos à Casa Branca Donald Trump e Hillary Clinton protagonizaram um duelo marcado por ofensas pessoais no segundo debate da atual campanha presidencial nos Estados Unidos, realizado neste domingo (09/10) na cidade de St. Louis.

Para especialistas consultados pela DW, não houve um vencedor claro, apesar de várias sondagens terem colocado a democrata à frente. Na pesquisa da emissora CNN, por exemplo, 57% dos entrevistados responderam que Clinton venceu o debate, enquanto 34% disseram ter sido Trump. No entanto, 63% consideraram que o magnata teve uma melhor apresentação do que no primeiro debate, há duas semanas.

Vídeo sexista 

Após dispensarem o aperto de mão logo no início, os candidatos não deram trégua um ao outro. Trump estava sob enorme pressão devido a um vídeo gravado em 2005 e recém-divulgado, no qual o republicano se manifesta de maneira sexista e depreciativa em relação a mulheres.

Em sua defesa, Trump disse que respeita as mulheres e minimizou o vídeo, chamando o de "conversa de bastidores". Ele acusou o marido da democrata, Bill Clinton, de cometer ações bem piores, tendo "abusado de mulheres". Seus próprios erros, disse o magnata, foram somente palavras, enquanto os do ex-presidente foram ações.

"Sim, este é Donald Trump", disse Hillary, referindo-se à gravação divulgada pelo jornal The Washington Post, em que o magnata se gaba, usando linguagem vulgar, de beijar, apalpar e tentar fazer sexo com mulheres, até mesmo casadas. Ela não rebateu as acusações contra o marido.

O republicano não se desculpou de maneira credível por seus comentários sexistas, considera Jack Janes, do think tank American Institute for Contemporary German Studies (AICGS), baseado em Washington. "Trump não demonstrou um verdadeiro arrependimento por sua má conduta." Assim, todos os que se distanciaram do magnata nas últimas 48 horas não devem ver razões para uma reaproximação, opina o especialista.

Apesar da discussão, o vídeo deve perder importância nas próximas semanas, estima Lars Hänsel, representante da Fundação Konrad Adenauer em Washington. Para ele, o republicano não conquistou novos eleitores nesse debate.

Aperto de mão aconteceu somente no final do debateFoto: Getty Images/C. Somodevilla

Trump reconhece não ter pagado impostos

Outro tema do debate foi a declaração de impostos do republicano. Trump reconheceu ter evitado pagar impostos federais após declarar perdas de 916 milhões de dólares em 1995. "Claro que o faço", respondeu Trump.

O magnata nova-iorquino disse que paga muitos impostos estaduais e que "certamente utilizou" benefícios fiscais para evitar algumas contribuições. Ele partiu para a ofensiva e acusou os doadores de Clinton, como os empresários Warren Buffett, George Soros e outros "que são ricos, mas não são famosos", de fazerem o mesmo que ele fez, aproveitando regras fiscais, especialmente vantajosas para contribuintes ricos.

O jornal The New York Times divulgou, após o primeiro debate entre os presidenciáveis, em 26 de setembro, parte de uma declaração de impostos do magnata de 1995, em que ele declara perdas com as quais pôde evitar o pagamento de impostos sobre os rendimentos durante 18 anos.

Outro momento polêmico foi o escândalo dos e-mails de Clinton, que teria usado um servidor privado para trocar mensagens oficiais. Trump disse que, se for eleito presidente, vai nomear um procurador especial para o caso e que, se ele fosse presidente, a rival estaria na prisão. Em resposta, Clinton voltou a admitir que cometeu um erro com os e-mails e garantiu estar comprometida em lidar de forma séria com informação classificada.

Política externa e contradições

No duelo de 90 minutos, Hillary evitou se arriscar e ficou esperando pelos erros de Trump. Esses, porém, não aconteceram, considera Janes. A democrata, no entanto, pareceu muito mais soberana. "Ele [Trump] ia de um lado para o outro como um urso sobre o palco", opina o analista, criticando as frequentes interrupções por parte do candidato republicano.

"Isso não será bem visto, sobretudo pelas eleitoras", afirma Stephen Szabo, da Academia Transatlântica, vinculada ao Fundo German Marshall, em Washington. Assim como no primeiro debate, Hillary dominou a noite, afirma.

Para Szabo, Trump entende muito pouco de política externa, desconhecendo detalhes e usando lugares-comuns, como os de que a guerra do Iraque foi um erro e de que Hillary foi a favor da invasão.

No entanto, também a democrata mergulhou em contradições, aponta o especialista, citando o tema Síria. Hillary afirmou querer criar zonas de exclusão aérea no país, mas disse que forças americanas não devem ser empregadas na execução de tal medida. "Não se pode ter um sem o outro", analisa Szabo.

Apesar de Hillary claramente entender mais de política, Trump se sai melhor na hora de formular mensagens, repetindo sempre os mesmos temas, considera Hänsel.

Szabo considera que Hillary teve melhor desempenho na hora de responder perguntas. Ela mostrou empatia e se dirigiu aos interlocutores pelo nome, o que pode ser visto como um ponto positivo para a candidata, diz o especialista. No entanto, em última análise, Hillary apenas repetiu seu discurso decorado, sem mostrar autenticidade, completa Hänsel.

Mais chances para Hillary

Se nesse debate alguém conseguiu angariar eleitores independentes, então Hillary, considera Janes. Isso deve mudar pouco a dinâmica da corrida eleitoral, mas, no final, a democrata deve conseguir se impor e chegar à Casa Branca, concordam Janes e Szabo.

Para Hänsel, Hillary lidera por pouco a corrida, mas ele destaca que o eleitorado de Trump permanece uma incógnita. Por isso, a atual disputa eleitoral difere da anterior, e surpresas ainda são possíveis. Mudanças podem ocorrer a qualquer momento e, portanto, o terceiro e último debate, no dia 19 de outubro, é de suma importância, destaca.

Para Szabo e Janes, a maioria dos eleitores já formou sua opinião, e, na dúvida, muito americanos optarão pela previsível Hillary.

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