Trump indica crítico do Banco Mundial para chefiá-lo
7 de fevereiro de 2019
David Malpass defende reforma da entidade que inclua menos empréstimos para países como a China. Americanos tradicionalmente indicam presidente do órgão, enquanto chefia do FMI fica com os europeus.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou formalmente nesta quarta-feira (06/02) o subsecretário do Departamento do Tesouro, David Malpass, como candidato à presidência do Banco Mundial.
A escolha é polêmica devido às críticas feitas pelo indicado a instituições multilaterais, inclusive o próprio Banco Mundial. Malpass argumentou que o banco, uma instituição de crédito com foco no desenvolvimento de países pobres e emergentes, preocupou-se demais com a própria expansão e muito pouco com suas missões, como o combate à pobreza.
Em depoimento ao Congresso, em 2017, Malpass declarou que instituições como o Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI) gastam muito dinheiro, mas "não são muito eficientes". "Com frequência são corruptas em suas práticas creditícias e não chegam a beneficiar as pessoas reais nos países".
Críticos disseram que a intenção de Trump é enfraquecer a instituição e lembraram posições equivocadas do indicado no passado. Em 2007, pouco antes do início da crise financeira, Malpass escreveu no Wall Street Journal que não havia motivos para pânico porque o "mercado de empréstimos imobiliários não representava uma parcela tão grande da economia americana."
Em 2010, quando o Federal Reserve (o banco central dos EUA) estava injetando dinheiro nos mercados, Malpass assinou uma carta ao presidente da instituição, Ben Bernanke, na qual pedia o fim dessa política com o argumento de que ela geraria inflação, o que não se confirmou.
Durante o anúncio, na Casa Branca, Trump destacou que Malpass, de 62 anos, é uma pessoa "muito especial", com mais de 40 anos de experiência financeira, e afirmou que não há candidato melhor para o cargo.
Malpass deixou claro que seu foco no Banco Mundial será aprofundar a agenda do governo Trump para os países em desenvolvimento, incluindo mudanças para o Banco Mundial que ele e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, ajudaram a negociar.
Num aceno à filha e assessora do presidente, Ivanka Trump, Malpass disse que uma prioridade será elevar a participação das mulheres nas economias em desenvolvimento.
Malpass também tentou relativizar seu histórico de críticas ao Banco Mundial e ao FMI. Ele disse que, desde os tempos em que trabalhou para o governo do ex-presidente Ronald Reagan, seus esforços se voltaram para a reforma das duas instituições.
Ele destacou sua atuação no governo Trump para aprovar um incremento do capital do Banco Mundial em 13 bilhões de dólares. Esse aumento, o primeiro em oito anos, está ligado a uma série de reformas do Banco Mundial, as quais ele, na condição de presidente da instituição, quer agora levar adiante.
Elas incluem restringir os empréstimos à China a à Índia. Malpass afirmou que empréstimos a esses países tiram recursos que poderiam ir para nações mais pobres. Além disso, ele já disse em outras oportunidades que a China tem acesso suficiente aos mercados financeiros.
A escolha de Trump precisa ser aprovada pela direção executiva do Banco Mundial, que comunicou que receberá candidaturas até 14 de março. Segundo o órgão, o processo de seleção será transparente e baseado no mérito.
A presidência do Banco Mundial é ocupada interinamente pela búlgara Kristalina Georgieva, diretora-executiva da instituição, após a surpreendente renúncia do americano Jim Yong Kim em janeiro, três anos antes da conclusão de seu mandato.
Apesar de os EUA terem a maior cota de votação na instituição, a candidatura de Malpass pode ser bloqueada se os demais países se unirem, algo que é considerado improvável devido ao pacto entre americanos e europeus para dividir as chefias do Banco Mundial e do FMI.
Desde as discussões do acordo de Bretton Woods que determinaram a criação das duas organizações após o fim da Segunda Guerra Mundial, os EUA são quem indicam o presidente do Banco Mundial. Já o FMI é sempre dirigido por um nome indicado pelos países europeus.
Desde a fundação do Banco Mundial, em 1944, o presidente da instituição sempre foi um americano. Os Estados Unidos são o maior contribuinte do Banco Mundial e do FMI.
AS/efe/ap/epd/afp
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Foto: TV Bandeirantes
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Foto: DW/V. Cheretskiy
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Foto: Getty Images/AFP/S. Lima
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